Todos nós, como adeptos de futebol, temos alguma dificuldade em manter a objectividade no que toca ao nosso clube. Seja no reconhecimento do mérito do adversário numa derrota, no avaliar de uma exibição mal conseguida ou no aceitar dos erros dos àrbitros, quando em prejuizo da nossa equipa, é sempre dificil, para o comum adepto, “engolir” qualquer um destes factores durante a semana que se segue ao jogo. Principalmente quando se tratam de erros de arbitragem. Pessoalmente, tenho, nos últimos anos, lutado para fugir ao esteriótipo. Tenho tentado gostar tanto de futebol como do Sporting (já que mais me é impossível) e guardar as análises ao jogo, tenha ele o resultado que tiver, para quando a “vermelhidão” (desculpem lá usar expressão tão feia) me tiver sumido da cara, escapando assim a formar a minha opinião a quente. Principalmente quando se tratam de erros de arbitragem.

Nunca quis entrar no discurso de alguns Sportinguistas, que tratam qualquer erro de arbitragem como uma afronta ao clube, esquecendo, em relação às épocas “pré-Bruno de Carvalho”, que pior afronta nos fazia quem comandava os nossos destinos. Percebi que, em certos casos, a emoção, euforia, injustiça ou revolta no final dos jogos, servia apenas para que o verdadeiro inimigo nos passasse ao lado. Tentei ter esta objectividade e, em alguns casos, compreensão para com os erros de arbitragem que nos foram prejudicando ao longo dos anos. Até que, no último Sábado, acabados os jogos da Taça da Liga e conhecidos todos os factos, percebi que andava enganado. Avaliei e recordei a presente época, a limpeza de casa feita pelo nosso presidente, a competência de quem, com menos que os outros, fez tanto ou mais, quer na área do dirigismo, do treino ou do futebol praticado em campo. Percebi então que, com os problemas internos bem encaminhados ou solucionados, o velho inimigo ainda vive para nos fazer a vida negra.

Na noite de 25 de Janeiro, findo o jogo no estádio 25 de Abril, a Taça da Liga voltou a dar-me volta ao estômago. A tal pseudo-tacinha, cuja história já tinha ficado manchada em 2009, no Algarve, quando o tal “ferrari de Setubal” viu no peito de Pedro Silva uma mão que nunca existiu. Desta vez, o local da vergonha passou de Sul para Norte e no lugar de um carro de alta cilindrada, a nossa sorte foi traçada por um talhante, que compactuou com o atraso no começo do jogo e ainda assinalou um “penalty” daqueles que SÓ nascem no estádio de um dos nosso rivais. Pelo meio, ainda houve um golo irregular contra o Penafiel, que estabeleceu a vantagem de golos para a última jornada. Assim se decidiu o grupo mais dificil da Taça da Liga. Com “uma vitória à porto” quer no jogo, quer no grupo. Assim fizeram efeito as mãos que extrairam as tais “bolinhas mágicas” que, com esta colocação estratégica no grupo em que estivemos, nos tentaram humilhar e relembrar a época miserável do ano passado. As mesmas “mãozinhas” e “bolinhas” que, na Taça de Portugal, nos colocaram a jogar na Luz logo na 4ª eliminatória (!), com um àrbitro assumidamente benfiquista e cujo historial com o Sporting só poderia ser pior se no passado tivesse tentado agredir um dos elementos da nossa equipa técnica. Ah, esperem !…Pois. O resultado foram dois “penaltys” não assinalados, dos tais que NUNCA nascem no estádio dos nossos rivais, principalmente em jogos desta importância. Assim se resume a participação do Sporting nas duas taças este ano. Duas arbitragens vergonhosas, duas eliminações. E até no campeonato, competição à qual não assumimos a candidatura à vitória final, poderiamos ser líderes, não fosse o tal homem do talho a anular um golo limpo ao Slimani, no jogo com o Nacional.

A justificação de que os árbitros erram tal como todos os intervenientes, tem tanto de verdadeira como de inútil para a discussão. Não está em causa o facto óbvio de todos estarmos sujeitos ao erro, mas sim a sucessão de erros sempre para o mesmo lado. Nesta época e noutras épocas. A falta do Luisão em 2005, a mão de Ronny em 2006\2007, a arbitragem de Bruno Paixão em 2008\2009 contra o porto para a Taça de Portugal, o ferrari e o Lucílio em 2009, o Capela na época passada, e por aí fora. Na última época completa de Paulo Bento, recordo-me de ver golos ridiculamente anulados ao Sporting numa sucessão nada pequena de jogos. A questão, voltando à presente época, não são os resultados negativos do Sporting, mas sim o facto de a maioria deles estar sempre envolto em polémica e num mau cheiro pior do que as imediações de uma E.T.A.R.

A minha preocupação é que os “meninos” que me enchem de alegria todos os fins-
de-semana, a quem faço questão de acompanhar ao vivo, na TV ou na rádio, e que dignificam a camisola do clube e dão espetáculo como há muito não se via, acordem e, como eu se deixem desmotivar para a mesma realidade. A podridão do sistema está, afinal, bem viva. O que me sossega, é ter à frente dos destinos do meu clube um treinador que, além de competente parece ter grande relação com os jogadores e um presidente que, ainda que com defeitos que só fazem dele humano, está no clube para o servir verdadeiramente. Valha-nos isso. Viva o Sporting !

 

Texto escrito por João Martinho

 

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]