O técnico «verde e branco» acredita que as contas do Campeonato estão praticamente resolvidas, referindo que “o Benfica tem o caminho facilitado para conquistar o título nacional”. Ainda assim, Leonardo Jardim não altera a sua postura e volta a expor os objectivos dos «leões»: “A equipa do Sporting tem sempre procurado jogar o seu jogo dentro daquilo que são as suas virtudes e qualidades, não pensando muito nos nossos adversários. Essa será novamente a mensagem a passar. Temos de estar preocupados com o Gil Vicente, que é o nosso adversário, porque é aí que podemos interferir e dar uma resposta positiva em nossa casa. Por isso, neste momento, o nosso verdadeiro foco passa por consolidar o nosso lugar na tabela classificativa e resolver o mais rapidamente possível a qualificação directa para a Champions League.”

Acerca da sua renovação contratual e da de alguns jogadores, o treinador do Sporting não se quis alongar, referindo que o mais importante neste momento passa por vencer o Gil Vicente. “Faço minhas as palavras do Presidente. Acho que não há pressa nenhuma em relação à renovação. Em relação ao plantel, penso que é positivo que todos os jogadores continuem no Sporting na próxima época, mas isso, neste momento, é um pouco acessório. O mais importante são os jogos que faltam até ao final da época, para conseguirmos concluir o objectivo. Desde já faço um apelo a todos os sportinguistas para que, que nestes dois jogos, principalmente neste próximo jogo, aqui em Alvalade, encham o Estádio. Queremos um apoio forte para conseguirmos os três pontos e para estarmos mais perto dos nossos objectivos”, sublinhou.

Em relação ao estilo de jogo e ao processo ofensivo do conjunto «leonino», Leonardo Jardim explicou as diferenças verificadas desde o início da temporada até então: “50 golos para o Campeonato acho que é esclarecedor da nossa capacidade ofensiva. Com certeza que, no início da época, era mais fácil marcar, essencialmente pelo respeito que os adversários tinham em relação a nós – jogavam com o Sporting como jogavam com qualquer outra equipa de média dimensão, e isso favorecia-nos, porque, pelos espaços que nos davam, permitiam-nos praticar um futebol mais ofensivo e com maior número de golos. Hoje em dia, a equipa ganhou outro respeito por parte dos adversários e já não nos permitem certos espaços, baixam os blocos, encurtam as linhas defensivas e isso provoca-nos algumas dificuldades em procurar dinâmicas ofensivas, mas temos conseguido, ou pelos corredores laterais, ou pelo corredor central ou através de situações de bola parada ter capacidade de finalizar. E, por isso, somos uma das equipas com maior capacidade finalizadora da I Liga.”
[nota da Tasca: esta é uma das maiores conquistas, senão a maior, desta época! Isto, sim, é o Sporting estar de volta!]

Leonardo Jardim, continua: “O Sporting tem o plantel que tem. Em Julho/Agosto, este plantel estava extremamente desvalorizado e basta fazer uma análise dos últimos oito ou nove meses e verificamos que, muitos destes jogadores, tinham uma desvalorização grande. Hoje em dia, a valorização deles aumentou, porque a verdade é que eles tinham qualidade e só precisavam de algumas oportunidades e orientação, e foi isso que a equipa técnica fez em colaboração com toda a estrutura. Mas, os jogadores são os responsáveis por esta mudança de situação, que se iniciou em Julho.”

Numa análise mais individualizada, o técnico do Sporting, falou sobre os casos de Ricardo Esgaio, Fredy Montero e Shukabala:
“[Ricardo Esgaio] é um jogador que trabalha em duas posições, lateral e extremo direito, e acreditamos que o futuro vai passar por uma dessas posições. Pessoalmente, acho mais interessante vê-lo numa posição de lateral ofensivo, mas vamos verificar se, na próxima época, isso se consegue concretizar.
[Fredy Montero] preocupa-me quando um avançado está muito tempo sem fazer golos, mas preocupa-me mais quando um jogador, mais do que não fazer golos, não consegue concretizar as outras tarefas inerentes ao colectivo. Desde que o Montero consiga concretizar aquilo que é importante para mim, em termos de didinamia de grupo, em termos de organização ofensiva e defensiva, com certeza que, se ele não fizer golo, fará outro e tudo corre bem. Portanto, o importante é estar focado nas coisas importantes para mim e os golos virão com naturalidade, como apareceram na primeira fase. Para terminar a situação do Montero, é preciso perceber que está há quase 15 meses a competir e se fizerem uma análise dos registos dos últimos 5 anos, dos últimos sul-americanos que vieram par Portugal e estiveram 15 meses a competir, verifiquem a performance desses jogadores e comparem-nas com a do Montero. Acho que o Montero está a fazer uma época extremamente positiva, mas, neste momento, tem muito desgaste.
[Shikabala] vem de outra realidade completamente diferente, estava parado há muitos meses e ainda não atingiu o ritmo dos restantes, porque quando o comboio começa a andar, depois atinge uma determinada velocidade que é difícil de apanhar. Mas, é um jogador com muita qualidade técnica e que no futuro, poderá trazer-nos outras valias.”

Leonardo Jardim frisou, assim, a importância de todos os jogadores do plantel: “Se tivermos a cabeça formatada para pensar que quando um corredor de Formula 1 ganha é só ele quem ganha, não percebemos que ele tem apenas uma percentagem diminuta em relação àquilo que é a equipa. Mas, se acharmos que quando um corredor de Formula 1 ganha, ganha o homem que enche os pneus, ganha o controlador da firma, ganha o treinador…penso que dá para perceber que os nossos jogadores que jogam menos têm um papel extremamente importante. Os que jogam menos, jogam menos porque os outros jogam mais e eles é que fazem com que os outros não se deixem adormecer, porque são boas soluções para as vagas se existirem. A importância dos que não jogam, para mim é muito grande.”

Por fim, o treinador do Sporting felicitou Paulo Bento pela renovação do vínculo contratual do seleccionador nacional com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF): “Fico satisfeito, porque a (FPF) verifica que o Paulo [Bento] é o homem certo para o cargo de seleccionador. E, por que esperar, se pode resolver esta questão já antes do Mundial? Penso que todos o portugueses e a Federação acreditam que ele é a melhor solução para a nossa selecção, neste momento.”
[nota da Tasca: enorme respeito por um colega de profissão, mesmo tendo em conta a falta de respeito pela época que alguns jogadores do Sporting têm feito]