Ver o vídeo em que Rúben Semedo pede desculpa por ter atirado a camisola ao chão, é um exercício confrangedor que me fez recuar ao tempo em que, na escola, tudo se resolvia à reguada. Não ponho em causa o arrependimento pelo gesto irreflectido, mas encostar o rapaz a uma parede e obrigá-lo a debitar um pedido de desculpas é meio caminho andado para soar a falso.

Mas este é o problema menor. Bem  mais grave, parece ser a pouca margem de tolerância que os adeptos vão tendo para o jovem central. Depois do triste episódio das redes sociais e do conduzir sem carta e fora de horas, o exprimir a frustração atirando a camisola ao chão (e pontapeando-a, segundo se conta) é mais uma “estória” que distancia o jogador dos adeptos. E que, já agora, levanta sérias dúvidas sobre se as capacidades futebolísticas são acompanhadas por uma mentalidade que, no fundo, acaba por ter um peso fundamental na carreira de um atleta.

Neste momento, Rúben Semedo, uma clara aposta do Sporting que até serviu para alimentar a novela Bruma, tem que decidir o que quer fazer da sua vida: se quer manter-se como uma promessa sem medo de fazer disparates, ou se quer dar tudo e mais um bocadinho para chegar à equipa principal do Sporting Clube de Portugal. E se optar pela segunda estrada, que saiba encontrar motivação no facto dos adeptos gostarem bem mais de desculpas pedidas em campo do que de pequenos vídeos com ar constrangido.

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