Em tempos (há 8 anos) Daniel Carriço era a maior certeza na Academia de Alcochete. Como jogador tinha sido Campeão Nacional de Iniciados, Juvenis e Juniores, e para além dos títulos, era um jogador claramente acima da média e o seu comportamento fora dos relvados era igualmente motivo de orgulho na Academia.
Eu sinceramente, nunca fui um grande adepto do Daniel Carriço enquanto jogador, enquanto pessoa nunca fomos muito chegados e eu respeito isso.
Eu penso que muitos adeptos hoje em dia olham para um Júnior ou até para um atleta Sub-17 e dizem que ele vai ser atleta para a equipa principal. Eu penso que se pode pensar muita coisa, pode-se desejar muita coisa, mas, saber no nosso íntimo que este ou aquele vai ser jogador de certeza, bom, isso na última década só o “senti” duas vezes, uma foi com o Eric Dier em idade Sub-13 e outra foi com o João Mário Eduardo em idade Sub-14. Aliás, disse-o nessa altura, que João Mário um dia iria ser Capitão da Selecção Nacional A, era completíssimo.
Quase todos os restantes jogadores, posso ver neles estas qualidades, estes “defeitos”, este talento, aquela mentalidade, e é possível tentar adivinhar, mas raramente com certezas.
A forma como os adeptos dizem que este ou aquele atleta Sub-17, Sub-18 ou Sub-19 vai ser craque, fazem-me lembrar a forma como alguns atletas no Futebol Americano a nível universitário fazem carreiras fabulosas, conquistam o troféu Heisman, mas depois, quando fazem a transição para a NFL, muitos apercebem-se que estão num mundo diferente, em termos de intensidade de jogo, em termos de cultura táctica, em termos de capacidade de leitura de jogo, e em termos de “skills” que nunca necessitaram a nível universitário, mas que subitamente são necessários para sobreviver na NFL. O que aconteceu a Tim Tebow, o que irá acontecer a Johnny Manziel, etc?
Quem fala da NFL, pode igualmente falar de Basquetebol a nível universitário onde um Michael Wiggins, um Jabari Parker, um Julius Randle, um Doug McDermott ou um Joel Embiid todos eles podem ter carreiras fulgurantes, mas ninguém sabe como o seu jogo se irá transferir para a NBA.
Irá a idade de McDermot colocar um limite na sua evolução? Será Wiggins apenas um bom atleta? Será Parker apenas um jogador fisicamente mais forte que os universitários mas que na NBA perderá essa vantagem? Há muitas variáveis e diferenças entre a Formação (ou Universidade) e os Profissionais.
É crucial criar plataformas que permitam uma adaptação entre as duas realidades competitivas. Em Portugal criaram-se as equipas B, enquanto na NBA, obrigam agora os atletas a cumprirem pelo menos um ano de basquetebol universitário antes de fazerem a transição para a NBA.
Relativamente a Carriço, recordo-me bem da sua última época na Formação em 2006/07. Era (e continua a ser) um grande Sportinguista, era um grande capitão (tal como o tinha sido nas Selecções Nacionais e Distritais), estava sempre em excelente forma física, dava sempre tudo o que tinha. Mas, confesso, sempre olhei para ele com grandes dúvidas em relação ao futebol profissional.
Nesse final de época, a defesa era constituída por João Gonçalves, Daniel Carriço, Marco Lança e Tiago Pinto, e dos 4, Carriço era o melhor na Formação e aquele que parecia reunir mais qualidades para singrar nos seniores. Mas… não era particularmente alto (estive várias vezes ao seu lado, e a minha estimativa é de que ele teria 1,81), era por vezes excessivamente impetuoso nas faltas e cortes que fazia, e por último, achava-o demasiado ansioso a jogar, ele dava tudo o que tinha, mas por vezes num misto de garra e de desespero. Um líder (seja ele o Capitão ou o Treinador ou o Presidente) nunca pode mostrar ansiedade perante os seus comandados. Muitas vezes me questionei como reagiria Carriço nos seniores onde indubitavelmente perderia mais jogos do que na Formação.
A adaptação de Carriço aos seniores foi razoável, primeiro foi emprestado (juntamente com João Martins) ao Olhanense, onde alegadamente, Álvaro Magalhães terá dito que Carriço nunca seria central na vida. A segunda metade de 2007/08 foi passada no AEL Limassol onde se afirmou e rapidamente se tornou um ídolo.
Em 2008/09 esteve no Sporting, onde debaixo da estabilidade emocional de Paulo Bento e a liderança forte de Filipe Soares Franco, Daniel Carriço finalmente num palco grande teve a oportunidade de mostrar o seu valor e diria que esteve bem, não foi fabuloso, mas com 20-21 anos de idade assinou uma bela época.
Entre 2009 e 2013 o Sporting mergulhou nas trevas sob a liderança fraca e instável de José Eduardo Bettencourt e de Luiz Godinho Lopes. Liderança fraca essa que permitiu a utilização de 11 (ONZE!!!) treinadores diferentes no espaço de 4 anos.
Depois de 2009 o Sporting perdeu muita da sua competitividade desportiva, e o ainda jovem Daniel Carriço sofreu com isso. A partir de 2011 começou a sofrer ainda mais com a chegada de novos jogadores. Até que em Janeiro de 2012, Carriço saiu por uma bagatela para o Reading, tinha batido no fundo (e o Sporting também).
Claramente, houve um Carriço em 2008/09, uma versão inferior em 2009-2011, e uma versão “triste” em 2011/12.
Muitas vezes me questiono se Bettencourt e Godinho Lopes terão arruinado Daniel Carriço ao destruírem a estabilidade em seu redor entre os 21 e 24 anos, ou se Carriço era um jogador limitado? A verdade deve estar algures no meio destas duas hipóteses.
Não tenho dúvidas de que Carriço foi muito prejudicado pela ante-penúltima e sobretudo pela penúltima administração do Sporting que durante 3 anos, não lhe proporcionaram um ambiente apropriado para a sua evolução. Mas, confesso que tenho algumas dúvidas de que Carriço atendendo às suas limitações (supramencionadas) se seria capaz de ser titular no Sporting desta última época.
Daniel Carriço foi adaptado a “trinco” e tem obtido algum sucesso ao serviço do Sevilha. É verdade que não se afirmou plenamente ao serviço do seu Clube do Coração, é verdade que teve azar com os dirigentes e estruturas que teve em seu redor, mas, suspeito que para Daniel Carriço… simplesmente não estava destinado a ter sucesso em Alvalade. Daniel Carriço não tinha (e não por culpa dele) qualidade suficiente para ser titular num Sporting que quer lutar para ser Campeão.
Quem sabe (eu não sei), se calhar daqui por dois ou três anos até perceberemos que foi curiosa a utilização dos nomes de Daniel Carriço e de Johnny Manziel neste texto, pois eles possuem algumas características em comum.
Melhor que Carriço é Eric Dier, e quando digo melhor, não estou a querer dizer que Dier seja melhor que Carriço em todos os aspectos, mas na globalidade, Eric é o melhor central formado no Sporting nesta última década.
Há 6 meses que pressinto que Dier está para o verão de 2014 como Tiago Ilori esteve para o verão de 2013, mas espero estar enganado. “Culpados” há muitos, há o jogador, há o seu pai, há a Sporting SAD, mas à margem de todos esses “pormenores” dos quais ninguém se lembrará no futuro, está um jogador de enorme qualidade, e que infelizmente estagnou durante os últimos 13 meses.
Eric Dier tem potencial para ser central de nível mundial, mas ele precisa do Sporting para lá chegar, da mesma forma, que e o Sporting precisa de o manter para o ajudar a chegar a esse nível. Se e quando Dier atingir um determinado patamar de excelência, o Sporting poderá tirar partido de todas as recompensas desportivas e económicas que estiverem ao seu alcance do atleta.
Há quem diga que a Sporting SAD não vende os jogadores que deseja manter, e essas mesmas pessoas dizem antes que o Sporting ou deixa os jogadores sair porque não os queria, ou então, que os vendeu (em vez de os perder).
É importante clarificar que há casos e casos, e muitas vezes, os adeptos agrupam tudo, confundido jogadores dispensados pelo Sporting com jogadores que se recusaram a ficar no Sporting.
Para quem diz que o Sporting não queria este, ou que não perdeu aquele, mas sim que o vendeu… nem sempre são esses os casos, pois houve situações em que o Sporting negociou durante 4-6 meses para manter os jogadores e os jogadores recusaram-se a ficar, enquanto noutros casos, o Sporting não vendeu os jogadores por vontade própria, vendeu-os porque não tinha outra escolha, ou os vendia, ou iria perder esses mesmos jogadores meses depois. Não negociou essas vendas a partir de uma “posição de força”.
Tanto no Futebol Profissional como na Formação, há vários jogadores descontentes nestes últimos 13 meses, e o dinheiro é uma das razões desse descontentamento, mas está longe de ser a única. O Sporting pode não ter mais dinheiro para dar aos seus atletas e funcionários, mas pode melhorar a relação que tem para com eles de outras formas. Profissionalmente, depois do dinheiro, não há nada mais importante do que o respeito, a confiança e a lealdade.
Texto escrito por André Carreira de Figueiredo (ACF)
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
25 Junho, 2014 at 16:23
Dando seguimento a um dos posts de que eles “andem aí….” parece que amanha vai ser capa de jornal a vinda do Sneijder….lol
25 Junho, 2014 at 17:07
Caro A.C.F.,
Obrigado pela resposta.
Quanto à questão (ou suposta questão) da não renovação do Dier, quero dizer que não tenho nada contra pressentimentos pessoais. Apenas espero, como disse mais acima, que esse seu pressentimento se revele tão certeiro como o que publicou há cerca de um ano a propósito do “caso Bruma”. No entanto, não deixa de me incomodar um pouco que um profissional da CS, mesmo que a título pessoal, venha fazer eco de mais uma tentativa de destabilização do Clube que até diz ser o seu; mais ainda depois do próprio jogador, por interposta pessoa, já ter vindo a público desmontar o arranjinho.
Quanto ao perigo de estagnação da carreira, importa talvez recordar um pouco o percurso do Dier: no final da época 12/13 foi “atirado” para a equipa que terminou num miserável 7º lugar, sem acesso à Europa; em 13/14 fez parte da equipa que recuperou o orgulho dos Sportinguistas, lutou quase até ao fim pelo título e atingiu um 2º lugar que muitos não previam; em 14/15 fará parte da equipa que vai novamente disputar a Champions de Leão ao peito e, novamente, bater-se pelo título de campeão. Como é que isto representa uma “estagnação” na carreira do Dier, não sei. A mim parece-me uma evolução, bem positiva por sinal.
Se podia ter jogado mais este ano que passou? Ele com certeza achará que sim. O treinador achou que não — e para isso terá também contribuído de alguma forma a prestação que o jogador teve durante os treinos, digo eu… Apesar disso, teve algumas oportunidades (que outros colegas, alguns com mais experiência, não chegaram a ter), jogou contra os lampiões, jogou (e bem!) contra os porcos. Portanto, para um recém chegado — não esquecer que esta foi a sua primeira época completa na equipa principal — parece-me que não há razão para ficarmos, nem nós adeptos nem o próprio Dier, demasiado ansiosos com o estagnar da sua carreira.
Quanto ao FSF, claro que ninguém é perfeito, e por consequência ninguém é totalmente imperfeito. Mas é o nome dele que está na alienação do património, é a sua cara sorridente que aparece nas fotos ao lado do bufas, talvez o maior flagelo do Sporting no contexto do futebol português; se perdemos a nossa capacidade de influência e “sanitização”, muito o devemos a FSF. Estas e outras situações fazem com que as imperfeições de FSF se sobreponham a quaisquer aspectos positivos (se bem que não consigo perceber o que é que o facto dos funcionários terem medo do presidente terá de positivo para o Sporting).
E é verdade, FSF até conseguiu o feito notável de ficar em 2º lugar no campeonato… mas durante esta época que passou, que foi de recuperação e de “viveiro”, após a pior temporada de sempre, ficou provado que o 2º lugar é algo que o Sporting atinge — e tem que atingir — com naturalidade, como serviços mínimos. Os 2º’s lugares do FSF, com uma equipa relativamente estável desde os tempos do Peseiro, não têm que nos impressionar demasiado.
Mas enfim, não era a minha intenção empolar demasiado a referência que é feita a FSF, antes do mais porque não me apetece dar assim tanta importância à pessoa e depois porque dentro de algum tempo, e finalmente munidos de informação concreta, teremos todos oportunidade de discutir mais em pormenor a actuação deste e dos restantes presidentes da dita “continuidade”. E depois de tudo discutido e das conclusões encontradas, “enterramos” de vez o assunto, FSF incluído (salvo seja!…).
Abraço e SL,
–LdT
25 Junho, 2014 at 19:22
Caro Leão de Trafalgar,
Não tive nem tenho qualquer intenção de desestabilizar a Sporting SAD ou Clube, lamento, mas isso é um erro de interpretação da sua parte. Com o devido respeito, se eu, sócio do Sporting ao discutir a situação do Eric Dier estou a fazer eco de algo, então do mesmo poderiam ser acusados milhares de sócios do Sporting que discutem este mesmo assunto nos Blogues, Facebooks, Fóruns, Cafés de esquina, etc. Repito, interpretou mal as minhas intenções, e o meu desejo é que o Eric Dier permaneça no Sporting e realize o seu considerável potencial, da mesma forma que teria gostado que Carriço pudesse ter maximizado o seu potencial ao serviço do Sporting Clube de Portugal.
Estagnação porque o Sporting não quis utilizar um jogador que “herdou” com 3 anos de contrato, o jogador (e o pai) não queria renovar porque receava não ser utilizado. Agora, passado um ano, só tem 2 anos de contato e agora o “receio” de ambas as partes aumentou, agora menos ainda o Eric e o Pai querem renovar, e o Sporting menos ainda o quer utilizar.
Estagnou porque com Jesualdo foi utilizado (algumas vezes fora de posição) muitas vezes ao longo da 2ª metade da época, enquanto com Marco Silva em uma época inteira foi menos utilizado e que resultou em algum desânimo num jovem de 19 anos e afectou o seu rendimento, aliás, até na equipa B fez alguns jogos sofríveis. Tendo dito isto, a dupla titular (Maurício e Rojo) esteve bem, mas Dier tem potencial para ser muito melhor que do Maurício, mas só lá chegará se jogar regularmente, sobretudo durante os seus 3 primeiros anos de sénior, portanto entre 1 de Julho de 2013 e 30 de Junho de 2016.
As probabilidades de Eric ser vendido com 2 anos de contrato aumentam em relação a ser vendido em 2013 quando tinha 3 anos de contrato, que aliás era a mesma situação contratual de Ilori (que já só tinha 2 anos em 2013), daí as semelhanças, daí as expectativas negativas (pressentimento).
Parece-me lógico que ou o Eric renova esta verão ou o Sporting vai vender o jogador, pois a situação é quase idêntica à de Ilori em 2013, digo quase, porque a de Ilori era mais complexa porque tanto Ilori como Bruma eram ambos representados por Pini Zahavi e foi dito ao Sporting que primeiro tinham que resolver um assunto e só depois resolveriam o outro.
Os funcionários terem “medo” de um Presidente, ou um Presidente não dar confiança ou não ser amigo dos funcionários é positivo, prefiro esse tipo de ambientes nos locais de trabalho. O Sporting “relaxou” muito com a troca de FSF por JEB, porque FSF era frio, algo rude, distante, enquanto JEB era… “estranho”, oscilava entre festividades e comportamentos erráticos em público. Os funcionários foram-lhe perdendo respeito, a sua liderança não inspirava confiança internamente e o seu comportamento não indicava que fosse ter longevidade no cargo, ninguém está a 100% com um Presidente a prazo.
Não sou advogado de defesa de Filipe Soares Franco, apenas defendo que em termos de liderança, entre João Rocha e Bruno de Carvalho só houve um líder, e para melhor ou para pior, foi Soares Franco.
Saudações Leoninas
André Carreira de Figueiredo (ACF).
25 Junho, 2014 at 20:23
Eu percebi que não tem intenção, como não têm certamente intenção todos (enfim, praticamente todos) os Sportinguistas que têm discutido esse assunto nos vários foruns, cafés, etc. O que é facto é que as “notícias” são postas a circular, com o objectivo de destabilizar o Sporting, e os Sportinguistas nos cafés fazem eco dessas notícias. Inadvertidamente (ou, para alguns, “advertidamente” — não é o seu caso) estão a fazer eco dessa tentativa de destabilização. Na sua situação, terá que concordar, que a “carteira profissional” lhe dá um estatuto diferente do Sportinguista-no-café médio, e portanto o “eco” ressoará mais, porque haverá potencialmente mais Sportinguistas a parar para ouvi-lo. E isso quer queira quer não é uma grande responsabilidade. Daí o meu incómodo, que nada tem a ver com um juízo de más intenções; garantidamente, se o André fosse só mais um troll da letónia como alguns que passam por cá, eu não estaria aqui a gastar do meu latim.
Sobre FSF, já foi tudo dito, se calhar já foi dito demais para a atenção que a pessoa merece. Pegando só na questão do respeito que os funcionários lhe tinham vs. o que não tinham pelo JEB, eu só pergunto: que tipo de respeito é que incute nos funcionários um presidente que assume não saber (e não querer saber) nada de futebol e que declara publicamente apenas dedicar duas horas por dia ao Sporting?
Mas folgo em saber que não é advogado de defesa de FSF. É que se fosse, tenho cá o “pressentimento” que em breve não iria ter mãos a medir… 🙂
Mais uma vez, obrigado pela resposta. Parabéns pelo muito bom artigo, apesar de não concordar com tudo, da minha parte só tenho a reconhecer (e tenho a certeza que os restantes Tasqueiros também reconhecerão) o privilégio de poder contar com a sua contribuição, que espero que se possa repetir.
Abraço e SL,
–LdT
25 Junho, 2014 at 22:15
Caro Leão de Trafalgar,
“Na sua situação, terá que concordar, que a “carteira profissional” lhe dá um estatuto diferente do Sportinguista-no-café médio, e portanto o “eco” ressoará mais, porque haverá potencialmente mais Sportinguistas a parar para ouvi-lo. E isso quer queira quer não é uma grande responsabilidade.”
Aqui tenho que lhe dar de facto razão, o que eu escrevo, mesmo na qualidade de simples sócio tem outro peso e é uma responsabilidade da qual não consigo fugir, e da qual não me devo nunca esquecer.
Como deve compreender, todos nós temos as nossas profissões e horas de trabalho e há alturas em que estamos “fora de serviço”, mas o jornalista é indissociável do sócio e o sócio indissociável do jornalista. De qualquer forma, o que escrevo no meu Facebook Pessoal é unicamente na qualidade de Sportinguista, embora obviamente que tenho consciência que sou um Sportinguista que tem acesso a informações e fontes que outros Sportinguistas noutras profissões não têm.
Uma coisa é ser Sportinguista, outra coisa é ser Sportinguista que é jornalista desportivo há quase 16 anos, digo isso, porque com o passar dos anos e com a experiência a maioria dos jornalistas sportinguistas por uma série de razões (inclusive serem maltratados pelos Clubes) ganham algum distanciamento, podem ser Sportinguistas, mas não são como eram quando tinham 20-25 anos. Eu continuo a sentir amor pelo Sporting, mas sou um homem muito mais cínico e desconfiado do que era quando vibrei com aquele golo do Miguel Garcia em 2005.
Diria mesmo que no jornalismo como regra geral, ou se ganha algum cinismo ou não se sobrevive, isto pode parecer muito frio, mas é a realidade. Com o passar dos anos vamos vendo coisas nos bastidores do futebol que acabam por nos “anestesiar” e deixamos de ficar chocados ou indignados, como que soldados que estão há demasiado tempo na guerra e perdem alguma da sua inocência.
“um presidente que assume não saber (e não querer saber) nada de futebol e que declara publicamente apenas dedicar duas horas por dia ao Sporting?”
Por acaso não sabia que FSF tinha dito isso, que não sabia de futebol. Li a biografia dele e não me pareceu ingénuo nem sobre futebol nem sobre o negócio do futebol, ele inclusive reconheceu alguma falta de calo ao Sporting em termos de como se movimentavam no mercado, reconheceu que tinham que evoluir para chegar ao “patamar negocial” do FC Porto.
“Mais uma vez, obrigado pela resposta. Parabéns pelo muito bom artigo, apesar de não concordar com tudo, da minha parte só tenho a reconhecer (e tenho a certeza que os restantes Tasqueiros também reconhecerão) o privilégio de poder contar com a sua contribuição, que espero que se possa repetir.”
Obrigado pelas palavras simpáticas, mas eu já disse ao Cherba que esta seria a minha última intervenção neste blogue (o qual vou continuar a ler). Mas, confesso que o feedback foi bastante positivo, agradeço a vossa hospitalidade e tive muito gosto em interagir com os leitores, é sempre um prazer discutir futebol.
Se me perdoam a crítica, não querendo soar elitista, mas este blogue é muito popular e tem muitos comentários, mas poucos de qualidade, o que quero dizer é que são poucos os leitores inquisitivos, ou que esgrimem argumentos, etc. Perde-se muito tempo a escrever obscenidades, a dizer piadas, com off-topics, etc. É frustrante ler 200-300 comentários à procura de um debate estimulante.
De qualquer forma, as minhas opiniões poderão sempre ser consultadas no meu Facebook Pessoal: https://www.facebook.com/ACF75
Saudações Leoninas.
André Carreira de Figueiredo (ACF).
26 Junho, 2014 at 1:34
Se me permite, e se me permitem os Tasqueiros, um pequeno comentário quanto à qualidade e nível de “obscenidade” das intervenções aqui na Tasca: já desde os tempos do Cacifo que acho que uma das grandes virtudes deste espaço é precisamente a capacidade que as pessoas aqui demonstram de não se levarem a si mesmas demasiado a sério. O Sporting sim, aqui é levado muito a sério e é sacrossanto. Mas o ambiente é, geralmente, de grande descontracção e “genuinidade”, o que, acho eu, faz deste um espaço único. Talvez por isso seja também um espaço que não é para todos, isto apesar da esmagadora audiência que regista.
SL
26 Junho, 2014 at 7:56
Tasca é tasca, e vice-versa!
A Tasca não é uma biblioteca, um teatro ou um centro de convenções. Acredito que não tenha o objectivo de ser erudito nem refinado no trato… Aqui serve-se Sporting, acima de tudo, de forma genuína, sem corantes nem conservantes…
Obscenidades, falta de conteúdo estimulante? Parece-me que não somos um programa do Gabriel Alves… Somos Tasca por isto tudo.
Não confundir a tasca com um restaurante gourmet…
Tasca é simplicidade, genuinidade e honestidade no que se escreve… haja os Sneijders que houver!
Quando eu quero ópera vou ao teatro… quando eu quero galhofa não vou ao teatro… simples.
Aqui há muita galhofa… mas se há coisa com que não se brinca, é com o Sporting!
26 Junho, 2014 at 13:25
Caros Leões de Trafalgar e Ricardo Sampaio,
Quando falei em crítica, obviamente estava a referir-me ao meu gosto pessoal, da mesma forma que se estão recordados do Blogue “Centúria Leonina” esse blogue era o oposto da Tasca, eu também não apreciava esse blogue, são 8 e 80. Aprecio quando as pessoas esgrimem argumentos, bons debates, sem ofensas, sem acusações, sem obscenidades gratuitas, etc mas, também não tenho paciência para snobismos nem elitismos exacerbados.
Quanto à linguagem mais colorida que se usa na Tasca, meus caros, eu TAMBÉM falo assim na vida real desde que Senhoras não estejam presentes, mas seria incapaz de escrever essa linguagem na internet. Seja em Blogues, seja no Facebook seja em Fóruns, assino sempre com o meu nome, seria incapaz de usar o nome que os meus pais me deram e depois andar a ser ordinário. Sou um homem de família e talvez sejam já os anos a pesar. Espero que aceitem eu ser diferente, tal como eu disse que vou continuar a ler este blogue, e portanto, vos aceito a vocês tal como são, mas repito, muitos dos comentários aqui são “Spam”, quando única coisa que me interessa a mim pessoalmente é uma boa e educada discussão.
Confesso, que não me recordo da última vez que entrei numa Tasca, se é que alguma vez entrei numa, mas vou muitas vezes à secção Gourmet do El Corte Inglês. Consta que o Rui Santos também gosta de lá ir e é um apreciador de vinhos, eu pessoalmente sou abstémio.
Abraço Leonino.
André Carreira de Figueiredo (ACF)
25 Junho, 2014 at 18:36
Por causa do Snejder só sei que fui “comido” (salvo seja, t’arrenego…) pelo Ricardo, com o Tiago, o Mário e mais uns quantos a assistir.
Soube-me tão bem (a notícia, nada de confusões) que demorei uns minutos a perceber o que se passava.
Mas, pronto, o que lá vai, lá vai…e que venha o Snejder, assim não se fala mais nisso.
25 Junho, 2014 at 19:42
esse teu ceticismo entristece-me…
25 Junho, 2014 at 20:38
Acho que estão na pista errada… o empresário do Sneijder é o Soren Lerby e o empresário que tem estado reunido com o Presidente é tudo menos nórdico… mas mesmo assim vai ser surpreendente ai vai vai
26 Junho, 2014 at 1:12
Caro A.C.F,
Para “rematar”, e como disse desconhecer algumas declarações de FSF, aqui fica para os seus arquivos.
SL
http://visao.sapo.pt/sou-um-homem-de-rituais=f520255
16 de Outubro de 2007
[…]Quanto tempo do seu dia é que dedica ao Sporting? Ao contrário do que se pode pensar, o Sporting não me retira muito tempo. Hoje, tenho quatro grandes braços-direitos no Sporting: o dr. Miguel Ribeiro Telles no futebol, o eng. Nobre Guedes, na gestão, o Mário Patrício e o professor Moniz Pereira, nas modalidades. Está longe de ser um trabalho intenso. Gasto pouco mais de uma hora por dia com o clube. […]não me vejo no futebol a fazer amigos aos 54 anos. Os meus amigos são os que fiz ao longo da vida. É também por essa razão que mantém uma relação distante com os jogadores? É um facto que não tenho muita intimidade com os jogadores. Gosto deles, mas são pessoas de outra geração. Respeito-os, conheço-os e isso é o suficiente. […]Tem outras ambições no futebol, como presidir à Federação Portuguesa, por exemplo? Não. Quando deixar de ser presidente do Sporting, termina também o meu serviço ao futebol português. Tem algum prazo para sair do Sporting? Sim, e não é longo. Não tenciono ser presidente por muitos mais anos. Porquê? Acho importante dar o lugar a outros e também quero gozar a vida. Mas disse que o Sporting não lhe ocupava muito tempo… Profissionalmente, não, mas, a nível pessoal, sim. Desde que entrei para o clube que praticamente não tenho fins-de-semana, devido às deslocações da equipa. E não é só o tempo, é também o desgaste. Nunca se tem verdadeiramente férias, são as contratações no defeso, a época que começa. […]Não quero dizer que não goste de ser presidente, mas há um tempo para tudo e há muitas outras coisas que quero fazer na vida. Que mais lhe apetece fazer? Tenho algumas viagens por realizar. Este ano vou ao Peru, que é um sonho antigo[…]
26 Junho, 2014 at 7:58
“É também por essa razão que mantém uma relação distante com os jogadores? É um facto que não tenho muita intimidade com os jogadores. Gosto deles, mas são pessoas de outra geração. Respeito-os, conheço-os e isso é o suficiente. […]”
Os jogadores não são muito de dar no JB ou JD…
26 Junho, 2014 at 8:00
“Não quero dizer que não goste de ser presidente, mas há um tempo para tudo e há muitas outras coisas que quero fazer na vida.”
Pois, Filipe, pois… a gente sabe… Imagino que depois de ter saído do SCP tivesse muita coisa para fazer e para “tratar”…
26 Junho, 2014 at 13:42
Caro Leão de Trafalgar,
Acho que em retrospectiva, há várias frases nessa entrevista que são francamente infelizes, algumas eram infelizes quando as proferiu, outras são ainda mais felizes todos estes anos depois. Diga-se ele não era um grande comunicador e ele não necessitava do Sporting, portanto, também não se esforçava por dizer coisas agradáveis.
Quanto à relação distante dele com os jogadores, ele é assim com toda a gente, não é homem de sorrisos, não é caloroso, os funcionários não se sentiam próximos ou “amigos” dele e não havia “rebaldaria” porque não havia confiança para isso. É um estilo de liderança que tem as suas limitações, mas é eficaz.
Eu acho que Soares Franco como Presidente era feito para um Paulo Bento como Treinador, no sentido em que nenhum dos dois transmitem muita emoção e isso é positivo quando o “barco abana”, basta ver como JEB, Paulo Sérgio, Domingos Paciência, etc desabaram emocionalmente quando as marés não lhes foram favoráveis. E atenção, eu sou amigo do filho do Domingos há 10 anos e simpatizo com o Pai.
Nunca me ouvirá dizer que FSF e PB eram Presidentes ou Treinadores de sonho, mas eram o que o Sporting precisava para estabilizar, pelo menos na sua área do futebol profissional. E não quero que isto soe como uma crítica ao Dr. Paulo Andrade de quem sou amigo e por quem muita estima, aliás, para mim, ele é uma referência em termos de Sportinguismo e pessoa de bom trato.
Saudações Leoninas.
André Carreira de Figueiredo (ACF)
26 Junho, 2014 at 20:27
Pois, não. O Soares Franco não era pessoa de grandes sorrisos ou risos, a não ser com o seu “amigo” Pinto da Costa: http://i.snag.gy/sidNP.jpg
ACF, a tua conversa é bonita em relação ao Soares Franco. Mas olha que os restantes sócios do Sporting também têm memória, e muitos deles estiveram também presentes em Assembleias Gerais, e sabem bem das negociatas e ligações desse “senhor” ao BES, OPCA/OPWAY e companhia.
Diria, que foi o menos mau das últimas décadas da chamada “dinastia”. Mas apenas isso, nada mais.
26 Junho, 2014 at 20:30
E o “amigo” Pinto da Costa não se esqueceu dele.
E por isso é que “exigiu” ao Fernando Seara que o colocasse na sua lista para as eleições da Liga. O que depois deu a borrada que todos nós sabemos, com as confusões entre o Seara e o Rangel.
http://i.snag.gy/bAhah.jpg
26 Junho, 2014 at 14:51
“Eu acho que Soares Franco como Presidente era feito para um Paulo Bento como Treinador”
Agora é que ficou mesmo tudo dito! 🙂
SL