rabi1Dois meses se passaram desde que se soube que o Sporting estaria interessado em Ramy Rabia, jovem egípcio de 21 anos. Entre esse momento e agora, muita tinta correu. Quase se criou uma novela em torno do jovem defesa, que estaria muito interessado em jogar no Sporting, mas que não era libertado pelo seu clube Al-Ahly. Entre ofertas, recusas e notícias que o davam certo, para depois serem negadas uns dias mais tarde, a verdade é que nada se concretizou.

O Sporting, estranhamente, não desistiu desta luta e tanta insistência deu-me alguma curiosidade. Primeiro, porque quando Inácio e Bruno querem tanto um jogador (que motivou inúmeras viagens ao Egipto) é porque ele é personificação do que o clube pretende. Este mercado tem sido aliás muito claro. Queremos apostar em jovens, nos seus vinte, com experiência de Primeira Liga e com muito potencial (até João Mário entra nesta política). Depois porque confesso que, apesar de não estar aos pulos por perder Rojo, não é algo que me tire o sono. Rojo tem um daqueles ordenados, fez apenas uma época muito boa, é patrão e tem qualidades muito raras num central, mas também é faltoso em excesso e por vezes tem daquelas paragens de cérebro sem sentido. Gosto de Rojo, atenção, mas gosto muito mais de Eric e se a saída do argentino por uns valentes milhões, implica a entrada no onze de um dos nossos, assino por baixo.

Foi assim que me informei de Ramy Rabia e o que ele poderia trazer ao Sporting. O que muitos desconhecem, e que os nossos jornais se esqueceram de referir, apenas na selecção nacional Rabia actua como defesa central. No seu clube, onde se formou, o jovem egípcio é um 6 como já não se fazem. Não sempre, mas quase. Rabia é algo parecido com um Líbero, daqueles à antiga. Recebe a bola atrás dos centrais, pauta o jogo defensivo e é o primeiro a pegar no jogo e a construir quase que a partir da grande área. Muitas vezes assume os pontapés longos do guarda-redes e quando a equipa defende já perto da área, transforma-se num terceiro central que ajuda a fechar o flanco, auxilia os laterais e impõe-se no jogo aéreo.

Vendo o que Marco Silva tem feito com Rossell, que joga entre os dois centrais quando temos a posse de bola, e vai equilibrando a defesa para subir um pouco mais no terreno (Jefferson e Cédric agradecem), Rabia pode muito bem ser um enorme trunfo no estilo de jogo do novo mister. Não acredito que não faça uns jogos pela equipa B, mesmo que a treinar com o plantel principal. A intensidade que tem, a capacidade de progressão com a bola e um sentido táctico de luxo, podem fazer dele estrela no Egipto mas em Portugal o caso muda de figura. Terá de se adaptar, afirmar-se e depois sim ser uma alternativa.

Alternativa a quem? Perguntamos nós. A mim parece-me que Rabia é um 2×1. É alternativa à saída de Rojo ou de William, ou às duas. A verdade é que actua regularmente nas duas posições, capitaneou os sub-20 do Egipto e é, no universo do pseudo – intelectual do futebol, há muito apontado como solução de baixo custo mas com qualidade.
Nesta equação, podemos esquecer-nos do nosso Tobias, que merece a oportunidade de integrar os trabalhos da equipa principal. Mas numa equipa onde Eric, Maurício e Paulo são os únicos certos, temos 4 competições e pretendemos lutar pelo campeonato, será que o espaço de Tobias estará fechado com esta contratação? Penso que não. Até porque, como já referi, Rabia vem ser um faz tudo, com tempo para se adaptar e muito trabalho pela frente.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa