Sporting training session«Era nossa obrigação estar na final do torneio. Errámos em diversas situações e este jogo serve para nos mostrar que temos de melhorar muito. Mas isso não significa que esteja tudo mal, como há quinze dias não estava tudo bem,»

As palavras de Marco Silva quase que serviam de post. Porque é mesmo isto.
Obviamente que tínhamos obrigação de ganhar e, parece-me, esse seria o resultado mais justo até por volta dos 70 minutos: É verdade que a primeira parte, pese o domínio do jogo, foi demasiado indolente, sem rasgo, tendo como momento alto uma cueca que o Montero pregou ao adversário. O arranque da segunda etapa foi bem mais vivo, com destaque para dois remates de Adrien que indiciavam que, com maior ou menor dificuldade, o Sporting justificaria o ascendente e chegaria à final do torneio. A verdade é que não chegou, perdeu com uma equipa de trauliteiros e lançou dúvidas na cabeça dos adeptos.

Mas eu quero acreditar, sinceramente, que enquanto as dúvidas espreitam na mente dos adeptos, desaparecem na mente de Marco Silva.
Por exemplo, parece-me claro que Esgaio é para ficar na equipa principal. Ponto. Não sei se a lutar com Cédric por um lugar ou se a jogar à frente dele, passando Carrillo para a direita (fodam-se todos os que continuam a criticar o Carrilo! De hoje a uma semana, em Coimbra, levam duas batatas made in Peru. Anotem!). Sei que Esgaio tem lugar neste plantel e que André Geraldes não tem (ainda por cima também já há alternativa para a esquerda da defesa). Desculpa lá, Geraldes, não é nada pessoal. Se quiseres evoluir, há uma equipa B à tua espera. Se não te agradar a ideia, por certo haverá um Belenenses a querer-te por empréstimo.
Também me parece claro que a defesa é uma coisa com Rojo e outra sem o argentino. E se o raio do mercado o levar, é imperioso contratar um central patrão (sim, continuo a defender que o patrão da defesa é Rojo e não o Maurício). Já agora, sofrer um golo de lançamento de linha lateral é… coisa que eu só sofri até ao meu primeiro ano de iniciado (é patético, portanto).
Slimani faz a diferença. E esta deve ser a grande dor de cabeça de Marco Silva, daí o novo ensaio em 4-4-2, que acabou por resultar numa valente cagada, pois foi a partir daí que a equipa entrou em queda livre. Sendo fã do futebol de Montero, acredito que a vontade do técnico seja recuá-lo, entregando o meio-campo a Adrien e William. Mas para Slim fazer a diferença, é necessário que lhe metam as bolas, redondinhas, lá onde apenas ele chega (lá vamos nós falar de extremos… fica para outro post).

Resumidamente, fiquei bem aziado com esta derrota, mas não posso terminar este post sem dizer-vos duas coisas:
– acho curioso algumas vozes que afirmam que, com o Jardim, a equipa parecia mais mecanizada e entrosada e que estamos a ir para pior. E acho curioso porque, no final da época, o que se dizia era que esse “estar mecanizado” tinha passado ao estado autómato, o que fazia de nós uma equipa cada vez mais previsível e fácil de anular. E dizia-se, também, que o futebol da equipa estava a ir para pior. A verdade, e creio que todos já deviam tê-lo percebido, Marco Silva não começou do zero, mas está a tentar juntar uma base ao seu conceito de futebol. E esse seu conceito de futebol é bem mais atractivo, bem mais de correr riscos, bem mais de agradar aos adeptos.
– se fiquei com a minha cabeça cheia de dúvidas depois deste jogo? Nem por sombras. Aliás, depois do jogo frente à Lazio e depois do desta tarde, tenho mesmo muito poucas dúvidas sobre o que valem os jogadores e sobre quem deve jogar. A maior dúvida, é como irá Marco encontrar o homem que torne o seu conceito de futebol possível. Com Ryan numa redoma (se o homem tivesse jogado hoje, cheira-me que já se dizia que era um flop), está aberto o lugar de “elo fantasista”. Confio plenamente no “Mister Silva” para desatar o nó que, por enquanto, faz com que só a espaço o nosso futebol atinja o patamar desejado.