No dia 6 de Agosto senti o meu amor ao Sporting de um modo particularmente estranho. Em jogo a contar para a Terceira Liga Alemã, fui ver o FC Energie Cottbus a Münster. Até aqui nada de estranho, isso virá mais à frente. Tenho de começar pelo princípio, com informações como estas: Cottbus é uma pequena cidade 100 km a Sul de Berlim, onde estou a estudar na universidade. O Energie é a principal equipa da cidade, equipando de camisola vermelha e calções brancos. O clube foi fundado em 1966 e não tem uma história digna de relevo, nem antes da queda do muro de Berlim, quando ainda jogava no campeonato da República Democrática Alemã, nem depois. Esteve há uns anos atrás na Bundesliga, conseguindo uma vitória contra o Bayern München. As pessoas da cidade são apaixonadas pelo clube e eu deixei-me influenciar. Foi esta influência que me levou a querer acompanhar a equipa a Münster, no outro lado da Alemanha, e ao tal sentimento estranho.

Já sabia que o nome da equipa de Münster é Sportclub Preußen, logo SCP. Antes do jogo, a caminho do estádio, notei que toda a gente ia de camisola totalmente verde, ou com listas horizontais pretas e verdes. Já dentro do estádio notei que à frente do SCP vinha um 06, o que significa que o Preußen Münster foi fundado na mesma altura que o nosso SCP. As únicas coisas que afastam o clube Alemão do nosso é a águia que enfeita o emblema e a ausência de grandes títulos. Apesar destes elementos diferenciadores, senti durante todo o jogo que estava no lado errado, com a minha camisola vermelha à Arsenal. Havia muito tempo que não via SCP escrito a verde nas paredes e só esse pequeno traço, me levou para um outro lugar. O lugar onde me sinto sempre em casa, não interessa quanto tempo passei fora. Continuei a torcer pelo Energie, mas nunca fui, nem sou ainda, capaz de estar totalmente contra o Preußen. Desejo que subam os dois clubes, mesmo que a fraca amostra que me foi apresentada, não me crie nenhumas expectativas (0-0 no final do jogo, com apenas duas reais oportunidades de golo, ambas para o Preußen). Acho que este ano só haverá um SCP a dar-me alegrias e, no fundo, é isso que importa. 

Texto escrito por Wilhelm Ruhig

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