Ultimamente temos estado em guerra aberta com a Doyen. E começo por aqui para dizer que o Sporting não está em guerra “com os fundos”. Está em guerra com UM fundo que utilizou o clube para fazer um dos contratos mais lesivos ao mesmo de que há memória. Acredito que estamos e estaremos sempre de portas abertas a fundos que queiram ser verdadeiros parceiros. E é essa a génese da questão. Não considero este mecanismo terrível, o que é preciso é saber negociar para que, pelo menos os nossos interesses saiam salvaguardados. Isto é o mínimo dos mínimos que, infelizmente, não foi cumprido pela direcção anterior.
Pessoalmente, preferia que não existissem. Pelo menos nos moldes actuais. Para mim, comprar um jogador avaliado em 10M por 3M é deturpar a verdade desportiva. Se eu não tenho capacidade finaceira para comprar um jogador, procuro outro mais barato, não compro um braço e uma perna e fico com o jogador inteiro. Nem sequer o compro para depois vender 2 braços, 1 perna e 2 orelhas a um fundo imediatamente no dia a seguir para ter liquidez. Isto é deturpar a verdade desportiva. Dei dois exemplos de duas aquisições recentes dos corruptos mas podia dizer o mesmo de alguns dos nossos jogadores, sobretudo os adquiridos pela direcção anterior.
Por mim, para correr bem para todos, a coisa funcionaria assim: um fundo só pode financiar até 49% do passe de um jogador (o clube tem de ter sempre a maioria), participa em igual percentagem no pagamento dos salários, fica definido um preço mínimo de venda e um prazo máximo para o vender. Os lucros são distribuídos de acordo com as percentagens.
O grande problema é que, quando as coisas correm bem, o fundo é o primeiro a querer que o jogador saia. Se correm mal, começam a pressionar o clube para o meter a jogar ou para o vender por um preço inferior ao acordado. E são este tipo de ingerências que acabam com a autonomia dos clubes em relação à gestão dos seus activos.
Cada um cuida da sua casa, mas, normalmente, e como disse acime, quando não há dinheiro para caviar, compra-se paté de atum. Não se paga 1/3 de caviar e leva o frasco inteiro. A Doyen, que está em guerra conosco, é um “parceiro estratégico” dos nossos rivais. Tirem as vossas conclusões. Da forma que isto está, um fundo pode vir a ter o poder de decidir um campeonato. E isto é pornográfico. A venda de Brahimi aos fruteiros por 6M depois de nos ter sido oferecido por 20M é um exemplo do poder que um fundo tem ou pode ter.
Acredito que acabando, pura e simplesmente, com eles vai originar um decréscimo de qualidade em vários campeonatos. Não é isto que eu quero. Para mim, o caminho terá sempre passar pela regulamentação e pela aplicação de fortes sanções a quem viola as regras.
Por último, tendo em conta o cenário actual, cada um fará, efectivamente, o que quiser. O Sporting escolheu o seu caminho. Um caminho que é mais longo, se calhar mais penoso mas é o único caminho que poderíamos seguir. Não podemos andar a fazer auditorias para apanhar falcatruas para depois entrarmos noutras, com outros actores. A denúncia, a luta pelos nossos interesses, a transparência e a determinação têm de ser as nossas armas. Armas essas que foram polidas, há muito tempo, pelos nossos fundadores.
* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!
29 Agosto, 2014 at 12:22
«…fica definido um preço mínimo de venda e um prazo máximo para o vender.»
Este é um dos problemas dos fundos. Perante estas cláusulas abusivas (uma vez que se sobrepõem ao contratado entre Clube e jogador) de preços mínimos e prazos para vender, o Clube perde toda a autonomia para fazer a sua gestão desportiva. O que valem as cláusulas de rescisão e a vontade do Clube perante estas cláusulas?
Outro grande problema (e aqui restrinjo-me ao que se sabe do contratado entre SCP-doyen-rojo) é que, ao contrário do que se disse acima, não existe partilha de risco entre os parceiros. O risco para o fundo neste negócio é ZERO!
Vejamos o que se sabe sobre o negócio Rojo:
-SCP compra Rojo ao Spartak por 5.425M€. Logo a seguir vende 75% do passe à Doyen por 3M€, desvalorizando logo o passe em mais de 1 M€ em prejuízo do Clube.
-Sporting assume todos os encargos contratuais com o jogador e o pagamento de mais valias (20%) ao Spartak.
-Se tudo correr bem, o SCP vende o jogador por 20M€. depois dos 75% da doyen, as mais valias para os russos e os encargos ao longo do contrato o SCP perde dinheiro. A Doyen ganha muito dinheiro.
-Se tudo correr mal, não vendendo o jogador e perante as cláusulas que se conhecem, o Sporting é obrigado a recomprar os 75% do jogador nos prazos acordados garantindo uma alta rendibilidade para o fundo. SCP perde muito dinheiro, a Doyen ganha muito dinheiro.
Repito, investimento de risco ZERO para o fundo.
Então se entrarmos nas ligações dos fundos a empresários (alguns cadastrados e que encontraram nos fundos o meio de continuarem a chafurdar…), dirigentes de Clubes e apostas online, está criado o caldo perfeito para criminalidade vária sempre em prejuízo de clubes e adeptos.
Como é que se explica que nos últimos anos, com o advento dos fundos, dos Sheiks, das transferências milionárias, engenharias financeiras várias e injeções brutais de capital, o estado financeiro dos Clubes seja o de passivos recorde históricos. Isto ainda é mais evidente nos clubes que se envolveram com fundos. Não é estranho?
SL
29 Agosto, 2014 at 12:36
“SCP compra Rojo ao Spartak por 5.425M€. Logo a seguir vende 75% do passe à Doyen por 3M€, desvalorizando logo o passe em mais de 1 M€ em prejuízo do Clube.”
É impressão minha ou isto tem todo o aspecto de gestão danosa?
29 Agosto, 2014 at 12:37
OFF:
http://www.eveningtelegraph.co.uk/sport/other-sport/van-dijk-set-to-leave-celtic-for-newcastle-or-sporting-lisbon-while-griffiths-lined-up-with-hibs-loan-1.548369
Quem é que anda aí?
29 Agosto, 2014 at 12:53
LOL… um grande coxo!
29 Agosto, 2014 at 12:41
“está criado o caldo perfeito para criminalidade vária sempre em prejuízo de clubes e adeptos.”
Também é preciso que os clubes se deixem por numa posição em que são prejudicados. E foi isso que aconteceu com o Sporting no negocio do Rojo porque alguém e vá-se lá saber porque razão, permitiu que fosse assim. Agora tem é que haver a devida responsabilização.
29 Agosto, 2014 at 12:45
Evidente!
É difícil imaginar um acordo mais ruinoso para o Clube do que este SCP-Doyen-Rojo.
Sabendo isto e os rumores de ligações de dirigentes a fundos…
Venha a auditoria!
SL
29 Agosto, 2014 at 12:51
Lá que é um contrato extremamente lesivo para uma das partes que fica sempre a perder independentemente de uma venda futura ser boa ou má, não há duvida mas não é certo que dê fundamento para a rescisão do contrato.
29 Agosto, 2014 at 13:00
Sem prejuízo da nulidade, procedemos à resolução com justa causa.
A nulidade tem a ver com o que referes, a resolução não tem nada a ver com isso.
Ainda não percebeste isso ao fim deste tempo todo?
29 Agosto, 2014 at 13:05
Não, até porque desconheço a legislação e não é a minha área, dai ter escrito a frase em forma condicional.
29 Agosto, 2014 at 13:02
Esta conversa dos fundos deverem ser regulamentados e não banidos é daquelas conversas que deixa com os cabelos em pé. Como se fosse possível, através da regulamentação, eliminar as brechas que inevitavelmente se abririam para contornar a lei.
O argumento de que o fim dos fundos tornaria alguns campeonatos menos competitivos é das falácias que os “raiders” e os mafiosos (medi bem as palavras) ligados à lavagem de dinheiro, mais gostam de ouvir. Como se a híper-inflação do valor das transações dos passes dos jogadores, não estivesse ligada ao aparecimento destas aves-de-rapina, cujos proventos crescem na proporção directa ao empobrecimento dos clubes “agarrados”.
Há uma coisa chamada “SAD’s” para participar no negócio do futebol. Querem arriscar dinheiro no negócio? Participem no capital das ditas.
Tudo o resto é conversa.
29 Agosto, 2014 at 18:25
Excelente ‘bacalhauzada’ Sá!
No Domingo é para ‘esfrangalhar’ aquelas ‘galinholas de carnide’ todas… Vamos tirar as penas aquela bicharada…
Vamos Sporting Clube de Portugal!!!
SL