A propósito do que Daniel Oliveira escreve, hoje, no Record.

O CONTRASTE, por Daniel Oliveira
No jornalismo e na política tive oportunidade de verificar como a imagem mediática das pessoas é tantas vezes o oposto da realidade. Muitas vezes os sensíveis são os mais frios dos estupores e os irados têm bons corações. Senadores respeitáveis são trastes e espalha-brasas são honestos. A imagem de Bruno de Carvalho não é a do gestor rigoroso e estável. As suas declarações são truculentas e gosta de se sentar no banco, como se fosse uma espécie de segundo treinador. Mas na sua gestão tem sido o contrário. Não faz compras ou promessas malucas, vende com rigor e, se é preciso, negoceia com discrição.

A imagem de instabilidade que alimentou contrasta com a estabilidade que tem dado ao clube, de que este início de época está a ser um bom exemplo. Leonardo Jardim , ele próprio, uma excelente escolha, foi bem substituído por Marco Silva, sem grandes novelas. E o esforço de manter as principais referências da equipa só não foi totalmente conseguido por causa de Marcos Rojo. O Sporting amealhou mais de 23 milhões de euros sem nenhuma alteração de monta na equipa e com a entrada de uma estrela muito desejada.

Curiosamente, aconteceu o oposto com grande parte dos presidentes da era Roquette. A imagem que passavam era a de gestores competentes. A gestão era improvisada ou pior do que isso, com uma instabilidade permanente. Em vez de uma imagem elitista conjugada com a gestão abrutalhada, Bruno de Carvalho aposta uma gestão cuidadosa associada a uma imagem abrutalhada. Como se nota na chegada de Nani, compreende a psicologia dos adeptos sem pôr em causa a viabilidade do clube. Esta capacidade política é fundamental para estabilizar qualquer estrutura dirigente. E isso é condição para resultados desportivos e financeiros.