Ensinaram-me que, se possível, devo despachar primeiro as coisas que me desagradam por isso, se não se importarem, vou pegar no jogo pelo final. Ou melhor, pelo que se seguiu ao jogo e que me chegou aos ouvidos no caminho para casa. Pategui, és um imbecil. Um labrego com a mania que percebe muito de futebol e que anda há três jogos a choramingar erros de arbitragem, para justificar a incapacidade de varrer os adversários com um investimento de milhões na equipa. Afirmar que o lance do Maurício, claramente bola na mão (se é que toca na mão) é penalti, é estúpido, ponto. Mas mais estúpido, é vir lamentar erros de arbitragem num jogo onde o Benquerença teve uma gritante dualidade de critérios, onde deixou passar um penalti sobre o Slimani, lances de agressão, mãos na bola, um fora de jogo que ia acabando com o jogo e palhaçadas com o objectivo de perder tempo. Ah, quem meteu mão à bola foi o Danilo, no primeiro golo. Vai bardamerda mais os teus ridículos sapatinhos castanhos.

Também não gosto de ver o Sarr, novamente, a fazer de alvo para setas. Só quem não perceba a ponta de um corno de futebol (tipo aquele caga tacos anafado que nunca passou de um um jogador sofrível e que dá pelo nome de Diogo Matos) é que pode dizer que aquele autogolo é uma prova de falta de qualidade e de falta de escola. É um autogolo, coisa que acontece semanalmente um pouco por todo o mundo. Já agora, Sarr fez um jogo bastante competente. Diria, até, que depois desse momento de infelicidade (força, puto, ainda hás-de ser compensado por este crescimento à força e cheio de sobressaltos) o francês aprimorou a sua exibição e limpou o que havia para limpar. Já agora, Maurício também teve uma boa exibição, num jogo de índice de dificuldade bem elevado.

Por último, a questão das substituições. É verdade que não se percebeu muito bem o que Marco Silva queria, ao retirar Slimani quando tinha colocado Capel, mas o que poderá provocar mais discussão é o facto de ter deixado William e João Mário sem um terceiro elemento, numa altura em que as pernas já não obedeciam prontamente. É verdade que podia ter entrado André Martins, ou Rosell, para o lugar de Adrien, dando novas pilhas ao meio campo (eu fiquei a remoer isso algum tempo), mas não apontemos o dedo ao treinador do Sporting por mostrar ambição e querer ganhar o jogo. Aliás, foi isso que fizemos desde início, daí a factura que pagámos na segunda parte. Ah, vão igualmente bardamerda todos aqueles que quiserem passar a ideia de que o Sporting até pode acabar o jogo satisfeito por não ter sofrido um segundo golo. Já nem falando, muito, sobre a bomba do Capel (ao menos que tivesse acertado na tromba de um dos gajos e o tivesse mandado para o hospital), a esta gente digo, apenas, que o clube da fruta é que deve dar-se por feliz por não ter ido para o intervalo com três batatas na peida.

Chegamos assim, finalmente, à primeira parte. Que primeira parte, meus amigos! Que futebol do cacete, que consistência táctica, que pressão alta fantástica, que capacidade para variar as trocas de bola curtas com as bolas longas colocadas nas costas da defesa, que regalo ver quatro jogadores formados na Academia, bem acompanhados por um diamante peruano polido nessa mesma mina, partirem a louça toda! Os primeiros vinte minutos, então, foram de deixar um gajo sem fôlego. Notou-se que a equipa recuou um pouco, provavelmente para respirar, entre os 25 e os 35 minutos, voltando a fechar a primeira parte com uma superioridade gritante! E, aqui, tenho que tirar o meu chapéu ao Marco Silva. Não imaginas, Marco, o orgulho que foi ver os nossos jogadores a banalizarem o adversário (apenas o plantel mais caro e com mais soluções da primeira liga);  não imaginas o que eu sorri quando olhava para o relvado e via o Slimani, o João Mário, o Nani e o Carrillo fazerem pressão logo à saída da área adversária. Depois, o próprio Adrien subia a pessão, correndo o risco de deixar William com Herrera e o tal do Neves solto e, caso tivesse bola, com possibilidade de embalar para cima dos centrais.

Mas nem o Neves nem nenhum deles teve bola. Ela circulava, redondinha, nos pés dos nossos miúdos, ora à esquerda, ora à direita, ora pelo meio. Se ajudou entrar a ganhar? Pronto, lá vem outra teoria… Obviamente que aumentou os níveis de confiança, mas só entrámos a ganhar porque procurámos esse golo desde o apito inicial. Aliás, basta atentar no facto de Jonathan aparecer a facturar em plena grande área (que duro golpe para quem defende que contratámos muito e nenhum se aproveita), para se perceber a disposição da equipa. Nem faltaram momentos de magia oferecidos por Carrillo (se eu tivesse a bexiga fraca, tinha-me mijado todo naquela bola em que ferra três ou quatro gajos antes de oferecer o golo a Nani), que chegou a ser aplaudido por todo o estádio depois de fazer uma brutal recuperação de bola junto à nossa área (se eu fosse a Julia Roberts, tinha-me debulhado em lágrimas). Só faltou, mesmo, a pontaria estar mais afinada, nomeadamente na cabeçada de João Mário e na bola de Nani que sai à figura, lances que podiam (e deviam) sentenciar a partida ainda na primeira parte.

É essa primeira parte que não me sai da cabeça, com o extra de estar a ver uma equipa evoluir de semana para semana. Ainda há pormenores a melhorar? Obviamente que sim, vários. Estou satisfeito com o resultado? Não, obviamente que não estou satisfeito com o resultado. Mas esta noite, em Alvalade, senti-me recuar mais de duas mãos cheias de anos. Senti-me recuar a alturas em que o Sporting jogava à bola com prazer e nos dava o prazer de vê-lo jogar. A alturas em que o Sporting mostrava em campo o que é ser uma chamada “equipa grande”. E tantas, mas tantas saudades que eu tinha deste Sporting…