golo pauloNo passado jogo, frente ao Marítimo, tive a sorte de estar sentada no estádio perto da baliza que defendia Rui Patrício. A minha miopia não me permitiu ver os três primeiros golos com muita definição, mas deixou-me ver em câmara lenta a enorme obra de arte de Montero. Para além disso, tive a sorte de poder ver ao vivo (finalmente) aquele que é um dos mais promissores centrais portugueses e, neste momento, o melhor central do nosso plantel.

Paulo Oliveira não usa um penteado muito extravagante, nem tem uma crista, não exibe com orgulho as suas tatuagens, pouco se sabe sobre as suas botas e a cor que exibem naquele dia. Ele não é um guru nas redes sociais, não ostenta o que os seus patrocinadores lhe ofereceram (ainda) e em campo não é violento nem faltoso em demasia. Paulo Oliveira tem tudo contra si para não chamar a atenção, mas é exactamente por isso que se distingue em campo.
Um jovem, nada mais que um jovem, mas que mostra uma compreensão anormal do jogo e do que ele pede a um jogador na sua posição. Quando é para saltar, ele salta, quando é para recuar, ele recua, e a jogar em antecipação, o forte de Paulo, existem poucos centrais de 21 anos que consigam fazê-lo da forma que ele faz. Existe o problema do jogo aéreo e, por isso, precisava de um central batido, alto e mais lento ao seu lado, com quem aprendesse as manhas de jogar no ar.

É mais um que sofreu com a pré-época. Em apenas 3 jogos feitos já não servia, tinha sido erro de casting e o peso da camisola deveria levá-lo a ser emprestado. Pessoalmente, achei a contratação de Paulo Oliveira um dos melhores movimentos de mercado da dupla BdC e Inácio. Era desejo dos nossos rivais, é português, jovem, e uma mais valia que constitui o nosso presente e o nosso futuro. Um rapaz simples, que sempre conheceu apenas o seu Vitória, mas que rapidamente entrou no espírito do clube e do grupo, falando sempre com orgulho de representar as nossas cores. Um jovem, sim, mas um central com uma classe inegável, com rapidez e, agora, até com vontade de golos.

A cada ano que passar, Paulo Oliveira será melhor e melhor, até atingir o nível de um Ricardo Carvalho (as semelhanças durante o jogo são tantas que até faz impressão). A nós cabe-nos apreciar o seu jogo, agradecer ter acrescentado muita qualidade a esta equipa e dar-lhe espaço para o erro, tal qual demos a Ilori, Dier e daremos a Tobias. Incrível não é? Perdemos os dois dos centrais promissores da nossa formação, apenas para ganharmos um que, não tendo um passado ligado ao Sporting, compreende a importância histórica e desportiva do nosso clube. O Sonho? Vê-lo actuar ao pé de Tobias Figueiredo, com a listada verde e branca. Já estivemos mais longe.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa