Vai ser complicado dormires esta noite. Sentes-te traído, machucado, desrespeitado. Não queres, sequer, explicações. Aquilo que viste e que sentiste, bastou-te. A falta de entrega, a falta de atitude, a presença de um corpo sem alma que se deixou manipular sem um laivo de revolta. Não é essa a pessoa por quem te apaixonaste. Não é essa a pessoa que te deixa sem ar, quando a vês ao longe. Onde está a personalidade vincada, que te fascina? Onde está o carácter, que te contagia? Onde está aquele mover do corpo, que te enlouquece? Onde está aquele rosto, que te faz sentir capaz de passar o resto da vida a olhar para ele?
Andas em círculos, ou coisa parecida, desviando-te do que te aparece pelo caminho. Ponderas deitar-te no sofá, com medo que a angústia que sentes se amplie na proximidade de dois corpos e uma cama. Bebes água, gelada, e recuperas todo o filme, gravado na memória – tudo seria tão mais fácil se existisse um botão erase… Percebes que existiram factores externos a influenciar, de forma clara, uma noite de pesadelo, mas, ainda assim, não consegues acalmar a revolta. Não podia ser assim… Não sem lutar. Olhas para o cachecol que atiraste em desespero, assim que entraste em casa. Respiras fundo. E arriscas voltar ao quarto.
Fazes da ponta da cama o teu precepício. Afinal, é assim que sente quem se sente traído num sentimento puro. Num amor que vem desde os tempos de criança e que se tornou para sempre. Não se deixa maltratar um amor destes de forma complacente. Não podia… não pode… Imaginas as capas dos jornais do dia seguinte e cresce-te a raiva. Imaginas o que se vai escrever, o que se vai dizer e os rostos de quem vai enxovalhar o teu amor com todo o prazer. E enquanto se te forma um nó na garganta, deixas de ter posição. Procuras consolo em imagens felizes. Caramba, ainda há quinze dias aplaudias, orgulhoso, este teu amor. Estava lá tudo. A personalidade, o carácter, a paixão, o corpo a mover-se de forma única, o rosto a sorrir como mais nenhum outro sorri. Depois de anos em que sentiste lutar sozinho por uma relação, ela tinha-te reconquistado. Estava tão bela como nos momentos em que julgaste ter encontrado a definição da palavra “linda”. Sentiste estar a caminhar, semana após semana, para a perfeição. E, agora, este soco cruzado em cheio nas costelas?!?
Sentes que ela também não dorme, quando se agita na outra ponta, tão perto e tão longe. Procuras o som da sua respiração, quase diminuindo a tua ao ritmo de uma botija de oxigénio partilhada. Não faz parte de ti deixá-la no chão, principalmente depois de um golpe tão duro. Tem sido assim, a vossa história. E se guardas com detalhe todos os momentos de felicidade, tens perfeita noção que são as quedas, as enormes quedas, que vos têm feito crescer mental e emocionalmente. É nesses momentos, em que ambos esperam que o outro seja o motor da reacção, que têm aprendido a reerguerem-se juntos. Viras-te de barriga para cima. E procuras-lhe a mão. Basta um toque, ao de leve, para lhe dizeres que estás ali. Magoado como se ferida de morte se tratasse, mas ali. Para lhe dizeres que, mesmo mais silencioso ao pequeno-almoço, está pronto para sair à rua ao seu lado e de cabeça erguida. E para lhe garantires que, daqui por três dias, quando ela voltar a ter um teste importante, tu vais lá estar. Afinal, o amor que vos une é tudo menos fácil. Mas, raisparta o coração, é algo de que nunca vais desistir.
3 Novembro, 2014 at 1:58
Histerias….
O jogo correu mal, e perdemos bem. Perdemos bem, porque jogamos pior, e jogamos pior porque o jogo correu mal.
Parece redundante, mas é como disse e bem o Marco Silva: 2 golos de lances de bola parada resolveram metade do jogo. Algum azar (ou falta de sorte) impediu na 2ª parte o golo que daria o 2-1 e relançaria as coisas.
Por essa incompetência, merecemos perder. Noutra noite, poderíamos ter ganho.
A defesa é assunto desgastado, e não vou repetir tudo o que já estamos cansados de saber.
Por isso deixo apenas uma nota: a nossa melhor equipa é com Slimani em campo. O Montero é o nº2 para o lugar, aquele que está quando Slimani não pode estar, ou quando Slimani não chega. Montero não substitui Slimani. Depois deste jogo, se tinha poucas dúvidas, com nenhuma fiquei.
Que este jogo sirva para crescer mais um pouco.
E lembrar: perder aqui e ali, em noites menos inspiradas ou felizes, é normal. O que não é normal é que os outros, nas mesmas noites menos inspiradas ou felizes, deixem de perder os pontos que deviam.
Em dois lances confusos, rápidos, com muitos jogadores à mistura, como foram os golos de canto do Guimarães, é normal não se ver o fora-do-jogo, mesmo quando ele existe. E por isso é normal ele não ser marcado. O que não é normal é marcarem-se foras-do-jogo em lances semlhantes quando são outras cores em jogo.
Ou seja, a merda de sempre. Depois diz-se, lá mais para a frente quando a memória selectivamente falha, que as coisas como ficam até estão bem. Não estarão.
Cabe-nos não o esquecer.
F&R
SL
3 Novembro, 2014 at 7:39
Mas mau, mau, foi o comunicado do presidente (mais um ????? Será que é preciso este exagero????). Sinceramente nao sei onde ele quer chegar com estas criticas publicas. Todos vimos o obvio. Agora, parece que o que aconteceu foi por falta de querer ganhar… Correu mal. Ponto final. Um dia isto ainda vai merda.
3 Novembro, 2014 at 7:41
* querer ganhar devia ter levado uns ????? Era uma interrogação. Desculpem.
3 Novembro, 2014 at 12:11
Cherba:
Grande posta. Ao ler o texto (só hoje, 2ª feira, vim à Tasca), revi-me nas tuas palavras.
Desde muito novo que me apaixonei pelo Sporting, por influência do meu saudoso avô (único sportinguista numa família de benfiquistas). Mas o amor é dar e receber e em mais de 30 anos poucas foram as vezes em que o meu amor foi verdadeiramente correspondido. Mas nunca desisti, nunca me resignei (nem quando era gozado na escola, nem quando oiço as piadas dos amigos de outras cores, nem quando hoje, no trabalho os benfiquistas e portistas vieram ter comigo de sorriso nos lábios, dar-me os sentimentos), continuo e continuarei sempre a ser Sporting. Curiosamente, Cherba, recebi hoje as t-shirts da Tasca e isso animou-me um pouco mais.
O meu sportinguismo convenceu a minha mãe a mudar de clube, convenceu a minha esposa (na altura ainda namorada) a mudar de clube e esse sportinguismo estou a transmiti-lo ao meu filho com todo o orgulho deste mundo.
Depois do jogo de Guimarães, cheguei a casa triste, mal humorado (a minha esposa que o diga), mas depois, mais a frio, pensei:
Esta equipa, que este ano já nos encheu de orgulho por diversas vezes, teve um dia mau. Todas as equipas do mundo têm dias maus, todos nós temos dias maus. Eu tenho dias maus, dias daqueles em que ficamos com a sensação de que era melhor não ter saído de casa.
Espero que deste dia mau sejam tiradas as devidas ilações, acredito que o Marco vai tirar conclusões desta exibição negativa e os pormenores ou pormaiores negativos do jogo de Guimarães vão ser corrigidos.
Não podemos pôr tudo em causa só porque fizemos um mau jogo. Os jogadores não desaprenderam, o treinador não passou a ser mau, não podemos considerar a equipa bestial numa semana e na outra classificá-la de besta.
Espero que a equipa dê uma resposta a altura na próxima 4ª feira e vingue o roubo de Gelsenkirchen.
Eu, como sempre, estarei incondicionalmente com o meu amor, mesmo nas derrotas e nas desilusões estarei incondicionalmente com os jogadores, com o treinador, com todos os que representam o Sporting.
Quando o meu filho se porta mal, posso dar-lhe um “puxão de orelhas”, posso castigá-lo, posso ficar triste e desiludido com ele, mas continuo a amá-lo incondicionalmente.
O povo diz, e com razão, o amor é cego.
Nas vitórias, nas derrotas: SPORTING SEMPRE!
SL