Era uma vez uma loja. A loja do mestre André. Não aquela onde a meninice nos ensinou ser local perfeito para comprar um pifarinho, um tamborzinho ou um pianinho. Não. Esta é loja de disco riscado por gente zangada, tão zangada que dá ideia de estar incontornavelmente ressabiada.

Se quiseres entrar na loja do mestre André, tens que obedecer a um pré-requisito: estar pronto a bater, até te faltarem as forças, no presidente do Sporting Clube de Portugal. E, por arrasto, a criticar quase todas as medidas tomadas pela actual direcção. Tens vontade, mas és um tanto ou quanto preguiçoso? Não faz mal, basta um sorriso e uma palma ao dono da loja que, a um ritmo superior ao que o Green Goblin utiliza para atirar bombas, vai disparando em todas as direcções.

Nesta loja – lê-se em letras pequeninas, tão pequeninas que passam despercebidas – defende-se o Sporting. Nem que para isso se tenha que utilizar as redes sociais para tornar públicas conversas privadas. É o chamado vale tudo, até porque, ficamos a saber, é inconcebível do dono da loja ter sido afastado de um cargo de responsabilidade na esfera leonina. E é inconcebível porque o mestre tem a solução para os problemas do Sporting Clube de Portugal. Formação, comunicação, gestão. É na loja do mestre André que está a solução (a sorte que teve a Rhonda Byrne, em ter lançado o livro há sete anos…), havendo mesmo quem garanta que, se estivesse inserido na estrutura, o dono desta peculiar loja resolveria o maldito problema dos fungos no relvado de Alvalade.

Mas porque raio estás tu a falar dessa loja, ó Cherba?!? Não tens trabalho de sobra na Tasca? Tenho, oh se tenho, mas, sabes, irrita-me que falem da minha casa que é a tua e que lancem suspeições sobre a mesma. Sim, eu sei que se tornou recorrente essa teoria de que a Tasca está alinhada com a direcção. A verdade é que essa teoria tem tanta validade como querer ser metro num mundo cada vez mais dominado pelo estilo lumber: sais de casa e percebes que não fazes sentido. Poderia dar mil e um exemplos que contrariam essa teoria patética, mas o que é mais cómico, neste caso, é que quem nos rotula já teve um texto seu, escrito com total liberdade, publicado na Tasca. Mais, o dono dessa loja, até foi convidado para assinar, semanalmente, uma rubrica dedicada à formação do Sporting (não, não vou publicar no Face as conversas que tivemos, até porque dispenso o estilo).

Um destes dias, o mais certo é ainda vermos o dono da loja a afixar cartazes dizendo que o importante é unir os Sportinguistas. Um pouco ao jeito das bonitas mensagens onde recorda momentos passados com jovens craques e passa a ideia de serem amigos chegados. Se calhar, dava jeito perguntar a esses miúdos, agora homens, se também o guardam na caixinha de boas memórias… Hey, longe de mim estar a querer interferir na gestão da sua loja, caro mestre. Até porque sei que deve estar muito ocupado a recuperar alguma troca de e-mails para oferecer aos seus fãs, sedentos por ouvir a voz que os guia na casa. Perdão. Na loja. A propósito, e peço desculpa pela indelicadeza de saída tão apressada, também tenho que ir tratar da minha casa. Da Tasca, esse local onde só há pessoas alinhadas e sem ideias próprias, mas que, imagine, ainda vai conseguindo promover acções de solidariedade capazes de unir Sportinguistas dos mais variados tons de verde. A propósito, caro mestre, já fez o seu donativo?

p.s. – confesso que perdi mais tempo a pensar se escrevia este post, do que a escrevê-lo. É que, fazendo jus à imagem de gajo com o pano engordurado ao ombro, poderia resumir esta prosa em algo bem mais poético e que será a minha forma de encarar toda e qualquer farpa que possa vir a ser lançada