«Um prazer desfrutar de um craque desta dimensão nos relvados portugueses». A frase faz parte da crónica que o Maisfutebol publicou, no rescaldo da vitória do Sporting sobre o Maribor. E é a frase perfeita, pois, para lá se constatar um facto, também permite colocar a nu a hipocrisia que grassa na nossa comunicação social.

Veja-se, por exemplo, o que pode ler-se nessa mesma crónica: «[…] Carlos Mané assistiu Nani, que sentou quatro ou cinco adversários antes de marcar: para desespero de Cedric que estava solto e não disfarçou a revolta...». Lá está, o raio do craque que é uma espécie de raio de luz no nosso futebol, também é um constante foco de problemas.

Acontece, que o maior problema de todos é o facto de Nani equipar de verde e branco. Mais, equipar de verde e branco e conferir à turma de Alvalade um indesejável boost de qualidade. Percebe-se, assim, o porquê das constantes tentativas de transformar Nani numa espécie de vilão: Nani é um craque que não tem rival ao nível da nossa Liga. Ponto. Metam os Gaitans e os Brahimins nos entrefolhos, porque Nani está num patamar superior. E isto não desce na garganta de muito boa gente. Gente que de cada vez que faz uma vénia à possibilidade de ter o 77 entre nós, magica dez capas com o intuito de não o deixar esquecer o lodaçal em que está metido.

Pensa esta gente que, com sorte, Nani regressa a Manchester no dealbar do novo ano. Como que não querendo acreditar que, dando continuidade a 2014, as suas constantes tentativas de envenenamento terão tanto sucesso como aquele desgraçado esloveno que se tentou levantar três ou quatro vezes, antes de ver a bola confirmar mais um golo do Sporting.