É esquisito ter de falar num assunto que não seja cem por cento Sporting mas a realidade dos factos não nos pode diminuir o fator do “fazer” em relação ao do “sonhar”. Há sempre presente essa hipótese de que desejamos o topo da tabela enquanto a matemática existir no planeta mas ver o primeiro lugar, cada vez mais longe, não deixa qualquer um indiferente e aqui a meta, claro está, terá de ser ajustada.

A fase regular do campeonato já nos diz quem é o conjunto mais forte, tanto pela sua hegemonia de 13 jogos e 13 vitórias, como a de ser o actual campeão há vários anos. A equipa de andebol do Porto é dos adeptos de azul ao norte, a minha continua a ser o Sporting Clube de Portugal. O Porto está no topo assim como os leões estiveram na passada temporada e o facto de terem algum desgaste por se encontrarem na EHF pode ajudar à decisão final, posição que até trocaria de bom grado para ver o meu clube de coração mexer com a Europa elevando o nome a uma modalidade que evoluiu bastante nos últimos anos.

Ora se o Sporting esteve no alto na fase regular mas o campeonato não quis sorrir no final da época 2013/2014 o mesmo poderá acontecer a outros este ano. Não preciso de dizer que rezo pois anjos e santos não metem resina e também não fazem contra ataques mas acredito no potencial desta equipa e na sua vontade de vencer cada partida. Contra o Benfica a igualdade a 32 golos espelha mesmo o que foi o jogo. Equilíbrio do primeiro ao último minuto com os rapazes de Frederico Santos a assumirem a vantagem nos primeiros minutos da segunda parte. Na primeira metade houve ali uma casualidade de 3 golos para os anfitriões contudo, mesmo com inferioridade numérica, aguentámos para ir para o intervalo em desvantagem por apenas 1 golo. Após o descanso o jogo ganhou mais emoção com a troca dos guardiões (que pinta sempre um ponto de interrogação na cabeça de quem remata) e, com as defesas muito fechadas, o miolo do jogo fez-se mais pelas segundas linhas do que com remates de meia distância.

Temos agora uma luta a três pelo lugar de prata na classificação da fase regular. Sporting, Benfica e ABC não chegam a estar separados pela própria sombra e irão certamente ombrear entre si para a vice liderança e consequente aproximação aos azuis e brancos. Se por um lado os encarnados podem jogar com a pressão de terem um orçamento mais esfomeado, por outro o clube de Braga aposta na sua tradição em todos os escalões, todos os anos, e agora detêm um ataque de meter respeito no Campeontao Andebol Fidelidade 1.

Sendo isto, que armas nos sobram?! Somos melhor equipa que no ano passado, o que vem seguindo as linhas dos últimos anos. Esta fortificação auto-induzida nos nossos costumes deve-se ao trabalho feito ao nível de todas as modalidades. Cortar o orçamento não significa o mesmo de baixar fasquias, apostar no recheio da casa não significa deixar de lutar por troféus, perder ou empatar um jogo não significa mandar a toalha ao chão. Vamos jogar o próximo jogo contra o Passos Manuel e se apostarmos 10 euros no nosso grande amor provavelmente ganhamos uns trocos que mal dão para pagar um abatanado, tal como as odds nos galanteiam…

Não é por aí que deixamos de treinar ou de baixar a guarda quando o apito iniciar mais esta batalha. Se assim fosse, Esforço, Dedicação, Devoção e Glória seriam apenas palavras fúteis só para parecer um slogan bonito. É mais do que isso, um clube eclético como o Sporting não enche museus com certificados de participações de eventos. Enche-os com taças, suor, lágrimas e sangue.

Texto escrito por Verde, logo Existo! (As Redes do Damas)

*às sextas, a bola encolhe. E passa do pé para a mão e do relvado para o pavilhão, dando ao nosso Andebol o destaque que ele merece.