Acabou a primeira volta. É altura de balanço e de discutir aquilo que de melhor e pior aconteceu nestes seis meses de altos e baixos.
Do plano desportivo, temos a maior parte dos objectivos imaculados. Estamos na meia-final da Taça de Portugal, a um passo das meias da Taça da Liga, garantimos o terceiro lugar no grupo europeu e, consequentemente, a Liga Europa, mas estamos a uns agoniantes 10 pontos da primeira posição no campeonato.

Ainda que assumindo a mentira que representam estes 10 pontos, a verdade é que a juventude da equipa e corpo técnico veio ao de cima em bastantes situações. 6 empates, esse é o saldo mais negativo. 4 deles em casa e a maior parte das vezes com equipas de fundo da tabela. A equipa apresentava-se em grande nível quando os jogos exigiam concentração máxima. O jogo no Dragão, os dois contra o Shalke, os clássicos e, mais recentemente, em Braga, são exemplos no nível de compromisso assumido. Era na semana seguinte que os problemas começavam, com uma passividade enervante e quase sempre uma hora de jogo sem grandes oportunidades. Primeiras partes completamente desprovidas de raça e atitude, com o jogo frente ao Moreirense a ser o maior exemplo disso mesmo.

A “crise” estrutural vivida nos tempos de Natal acabou por resolver muitas das questões que nos assolavam de forma natural. Questionávamos qual o utilidade dos reforços apresentados no Verão. E, no final de contas, vimos um lateral muito competente em Geraldes (mais que Miguel Lopes), vimos uma alternativa em Rosell, desfrutámos do perfume do Gauld, percebemos a evolução de Slavchev e agradecemos a entrega de Sacko. A questão da aposta nos miúdos da formação também acabou por ser bem resolvida. Tobias foi subido à equipa principal, Esgaio merece agora lugar no banco, Wally continua a crescer e é com entusiasmo que vemos a aposta pessoal de Marco Silva em Podence. Para além disso, a equipa voltou a ganhar quando é necessário ganhar, voltou ao seu futebol ofensivo e vertiginoso e somou oito vitórias consecutivas, que esperamos que se transformem em muitas mais.

Custa perceber que existiram muitos pontos que não foram devidamente esclarecidos entre direcção e corpo técnico e que, afinal, era possível termos chegado a este estado mais cedo na época. Talvez, com uma melhor ligação entre elos do clube o fosso para o primeiro lugar não fosse tão alargado. Nunca saberemos, de facto. O discurso do “jogo a jogo” está de volta e, de momento, é o que podemos ter. Não vale a pena falar em luta pelo título se, por culpa própria e de outros, estamos tão longe de lá chegar. Ainda que, como sportinguista, continue a existir alguma esperança secreta.

A esperança de trazer a Taça para Alvalade é a mais viva e fundada esperança que temos. A equipa tem somado boas prestações, tem mostrado um nível de profissionalismo elevado e, estando já na meias, não podemos deixar de sonhar com o troféu, que tão bem nos assenta. Quanto à Liga Europa, não vou mentir. Se passarmos o Wolfsburgo somos uns dos favoritos à conquista do título europeu. Mas o pensamento tem de ser eliminatória a eliminatória, com qualidade e humildade, sem nos deslumbrarmos mas com vontade de deslumbrar. Quem sabe, podemos fazer “coisas bonitas” e conquistar o maldito que nos falta de 64. Taça da Liga tem sido uma competição útil, para dar a conhecer certas caras e fazer descansar o plantel. Para além de motivar os nossos meninos. Na minha opinião, mesmo sabendo que encontramos as lamparinas nas meias, a aposta deve ser para manter (o treinador é que não deve achar muita piada e já foge um pouco à questão). Até porque, se calha a vencermos com os putos, segurem-nos durante 10 anos, ninguém nos cala. Tenho muitas esperança e expectativa em ver como se apresentam os jovens nas próximas etapas e que tipo de equipa monta Marco.

Termino com o nosso onze da primeira volta: Rui Patrício, Cédric, Paulo Oliveira, Maurício (…), Jefferson, William, Adrien, João Mário, Nani, Slimani e Carrillo. Espero que Tobias agarre o lugar, que Gauld seja cada vez mais uma presença e que Esgaio fique com lugar no plantel de uma vez por todas. Quanto ao mercado, urgente resolver as questões Miguel Lopes, Capel e Heldon, bem como o excesso de jogadores que existem na equipa B.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa