Primeiro que tudo, louvo quase todas as equipas que jogam de verde, mas não posso admirar uma equipa que joga com um verde florescente manhoso, com uma camisola que mais parece oferecida na meia-maratona de Lisboa. Partindo deste pressuposto é altura de perceber como joga o nosso adversário e quais as dificuldades que vamos encontrar na Alemanha.

O esquema táctico do Wolfsburgo é tudo menos simples, não encaixa nos mais clássicos desenhos. Equipa entra em campo com apenas três defesas de raiz. Geralmente são Rodriguez, um dos mais aclamados da Bundesliga e uma das maiores promessas do campeonato, Naldo, um serrafeiro da pior espécie que usa e abusa da força e Knoche, um talentoso jovem que promete vir a ser um caso sério. Depois, ainda inserido neste contexto defensivo, surge Vieirinha. Isso mesmo, o extremo amado por Paulo Bento. O rapaz funciona com um autêntico ala. Sobe e desce até lhe faltar a força. No momento de defender é um lateral puro, quando a equipa ataca sobre como se de um extremo se tratasse.

No meio-campo temos sorte. Luiz Gustavo (ainda estou a tentar perceber como é que já movimentou tanto dinheiro) e Guilavogui estão de fora. A equipa não tem nenhum médio defensivo depois da trágica morte de Malanda. Assim sendo devem alinhar sem nenhum médio de cariz mais defensivo e não abunda em médios centro puros. Deverão entrar Perisic, De Bruyne, Arnold e Caligiuri. Quase todos de vertente ofensiva, quase todos muito focados na baliza e pouco nos tempos de jogo.

Frente de ataque estão as duas armas do momento: Schurrle e Dost. Dois avançados completamente diferentes. O alemão é, em muitas fases do jogo, um extremo que imprime velocidade na frente. Dost é um goleador nato, apenas de encostar, que tem um posicionamento muito muito bom.
Quanto a Benaglio, é pressionar bem pressionadinho que treme que nem varas verdes (literalmente).

Onze provável: Benaglio, Knoche, Naldo, Ricardo Rodriguez, Perisic, De Bruyne, Arnold, Caligiuri, Vieirinha, Schurrle, Dost

O Wolfsburgo não se dá mal com equipas que assumem a posse de bola, antes pelo contrário. As constantes trocas de movimentações e a presença do grande talento e construtor, De Bruyne, fazem com que a equipa encontre o golo com imensa facilidade. Por isso mesmo, assumir a bolinha contra este meninos pode ser o primeiro erro. Teremos de apostar em velocidade e no espaço que o meio campo nos pode deixar, nesse contexto julgo que a titularidade de Mané é obrigatória. Um pouco de agressividade e cerrar de dentes será o suficiente para disputar o jogo e ganhar até alguma superioridade. Adrien e William vão ter de vestir o fato de mecânico e os extremos terão de fazer muitas piscinas para compensar a imensa superioridade de homens em quase todas as zonas do campo.

Não nos podemos enganar, são uma equipa com qualidade, que marca quase todos os jogos e com uma defesa bem trabalhada. Mas também é verdade que em qualidade individual não são superiores ao Sporting. Mostram imensa atitude em campo e estão a tentar assumir o papel de “underdogs” nesta eliminatória. Só lhes fica bem, historicamente o Sporting é muito superior. Vai ser um jogo equilibrado, que vai pedir a melhor versão do Sporting, mas temos mais que argumentos para passar a eliminatória. Nani, Carrillo e Montero, não se atrevam a falhar golos feitos por displicência, não há espaço para o erro aqui. Quanto à nossa defesa, vão ter uma noite de susto e com imenso trabalho, mas não vão desiludir!
Cerrar os dentes e despachar esses alemães, para seguir em frente numa competição onde podemos sonhar.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa