Depois deste ciclo negro no campeonato, deu-me para pensar naquilo que o nosso futebol evoluiu desde o início da temporada. Não porque tenha um fascínio particular em detectar erros ou incongruências (já perceberam que a análise não vai ser positiva) mas sobretudo porque não conseguia compreender como é possível, nesta altura do campeonato, o nosso futebol estar a retroceder e o dos rivais a evoluir, seja nos resultados ou na qualidade de jogo. Aliás, se analisarmos bem, salvo algumas excepções como o Estoril ou Marítimo, praticamente todas as equipas do campeonato estão a evoluir. Até o Gil Vicente de José Mota. Pelo menos é para isso que todos os treinadores pedem “tempo” quando iniciam as épocas. Sendo assim, vou tentar abordar a evolução do nosso jogo nas duas vertentes que para mim são as mais importantes: O trabalho técnico e o planeamento da direcção. Porque uns arranjam os recursos e outros potenciam-nos. E só um trabalho de qualidade das duas partes é que permite uma evolução rápida e sustentada da equipa.

A) Planeamento da direcção
Na minha opinião,  existiram erros na contratações. O que é bem diferente de “termos contratado mal”. A grande falha está na incapacidade que estrutura teve de colmatar a saída do nosso melhor central, Marcos Rojo. A saída do Dier, não obstante da qualidade do jogador, não me parece relevante porque o jogador nunca foi um titular indiscutível no ano anterior e, como vemos agora em Tobias, parece-me pacífico que não ficámos a perder com a saída de um e a entrada do outro. Paulo Oliveira tem estado irrepreensível (melhor que na primeira época de Rojo) mas, em termos de experiência sobretudo internacional, Rojo ganha em relação ao português. Falhámos, igualmente, em encontrar alternativa ao Slimani que já sabiamos de antemão que ia estar no CAN. Em relação às contratações, vou ser algo polémico. Não sou capaz de as classificar de acordo com a velha máxima: “se o treinador não o mete a jogar, é porque não vale nada”. Quero acreditar que sou mais inteligente do que isso. Senão, vejamos: o único jogo oficial que vi, por exemplo, do Slavchev (Taça da Liga) deu-me excelentes indicações e nunca mais jogou. Gauld, Geraldes e Sacko também se podem juntar ao búlgaro por razões diferentes. O primeiro, porque esteve sempre bem nas poucas vezes que foi chamado e porque é quase sempre um dos melhores na B, o segundo porque desapareceu depois de entusiasmar na TL e o terceiro porque tem demonstrado na B (melhor marcador) que tem qualidades. Depois, há Sarr e Rabia, que até ao momento, podem ser considerados flops. O resto, está a jogar com maior ou menor regularidade (Paulo Oliveira, Jonathan, Nani, Tanaka). E há Rosell, que para mim, ainda é uma incógnita, não conseguindo ainda avaliar se será útil no futuro ou se não serve. E termino este ponto com uma ideia: as contratações, para evoluirem, dependem muito das oportunidades que o treinador lhes dá. Uns, porque serão craques, aproveitam logo (Gauld). Outros, porque são sérios, trabalhadores e competentes, também respondem bem (Tanaka, Geraldes, Paulo Oliveira) e depois há aqueles que não aproveitaram porque não têm qualidade ou ainda não chegaram lá (Rabia, Sarr). Portanto, em algumas das  falhas que identifiquei, algumas das responsabilidades que são atribuídas à direcção terão de ser partilhadas com o treinador (por não ter dado reais oportunidades a quem chegou.). Ainda assim, acho que algumas coisas têm de ser postas em perspectiva. Não temos um Jackson que marca 20/25 golos por época? Não, não temos. Mas não teremos 3 avançados que garantam, em conjunto, essa marca? Eu acredito que sim. Não temos um central patrão? Não, não temos. Mas Paulo Oliveira não está a desempenhar bem esse papel? Eu acredito que sim. Por isso, acho que os dois grandes erros na política de contratações acabaram por ser minimizados com soluções competentes e mais baratas. Mas, como é óbvio, “minimizar” não significa “colmatar”. Logo, os maus resultados que obtivemos (também) foram consequências dessas falhas.

B) Trabalho técnico
Dou muito mais ênfase a este trabalho. Não são raros os casos em que um treinador consegue transformar um jogador mediano num bom jogador, se for bom, claro. Também é igualmente frequente ver treinadores maus a desperdiçarem talento inegável com más opções tácticas ou de selecção de jogadores. Isto, falando de uma maneira geral. No caso do nosso treinador, acho que ele está a meio caminho. Já demonstrou competência e já demonstrou incompetência. Ou, sendo mais claro, já nos deu momentos de grande qualidade e já demonstrou mediocridade em algumas opções que tomou. Tentando aprofundar o seu trabalho, segue abaixo, as vertentes que são possíveis analisar:

1) Estratégia
No futebol, tudo está inventado e ninguém tem o Santo Graal para o sucesso. A informação está ao acesso de todos e todos somos capazes de avaliar com alguma propriedade aquilo que vemos. A meu ver, 50% do sucesso num jogo depende da estratégia. No fundo, trata-se de analisar a própria equipa, analisar o adversário e escolher a forma mais adequada para entrar em campo, explorando as fraquezas do adversário e minimizando as nossas. Então em Portugal, a coisa é bem mais fácil porque 90% dos jogos que o Sporting faz são contra equipas fechadas, com bloco baixo. E a estratégia nesses jogos passa sempre pela pressão alta, subida de linhas, recuperação de bola o mais adiantado possível e domínio do jogo no meio-campo adversário. É nos outros 10% dos jogos, contra os rivais, os Guimarães, Bragas e mais um ou outro outsider que a definição estratégica do plano de jogo tem uma importância maior no resultado. Ora, se a maioria dos pontos perdidos foram nos tais 90% dos jogos, com empates inesperados, também creio ser pacífico dizer que nos outros 10% também houve falhas, sobretudo a nível estratégico. Se considerarmos que fomos competentes na estratégia adoptada nos derbys (em casa e fora), no clássico da Taça de Portugal e da Liga em Alvalade e, também em Braga, também se torna evidente que falhámos na ida a Guimarães e Ladrão. Nos empates em casa que referi mais acima, cada jogo teve a sua história. Nalguns, sofremos primeiro e tivermos de correr atrás, noutros o “golo desbloqueador” não apareceu e ainda houve alguns em que estivemos a ganhar, acabando por sofrer o empate. Já em relação aos desaires em jogos de maior dificuldade, como disse, falhou a estratégia para o jogo. E aqui, há uma condicionante: quer em Guimarães, quer no Ladrão os desaires aconteceram depois de uma jornada europeia, com resultados negativos para o Sporting. Portanto, a juntar à deficiente estratégia, também havia um enorme desgaste físico mas, sobretudo, psicológico nos jogadores (que serà abordado mais à frente) E, a meu ver, só esse facto isolado deveria ter obrigado a uma mudança estratégica. Fechar espaços, equipa compacta, junta, solidária, linhas médias/baixas e saída rápida para o contra-ataque. Atenção, que esta não é a “minha” forma de jogar. Gosto das ideias do treinador e identifico-me com os princípios de jogo que tentou implementar mas também teria de haver a noção que não somos perfeitos no processo defensivo e que qualquer exposição da nossa equipa seria aproveitada pelos adversários, como aconteceu. Em Guimarães, menosprezou-se a boa época que o clube local estava a fazer naquela altura e no Ladrão confiou-se que o Puerto que iríamos encontrar seria igual àquele que encontrámos no jogo para a Taça. Rsultado? Fomos cilindrados nos dois jogos. Se a estratégia em Guimarães até se podia compreender (estávamos a jogar bem nos jogos anteriores, dentro da filosofia de jogo do treinador), no Ladrão foi de um amadorismo incrível. Só existiu uma equipa este ano que entrou no Ladrão a dominar o adversário e a ganhar com contundência e fomos precisamente nós.  Sem beliscar o enorme mérito que tivemos nesse jogo, convém recordar que nessa altura, o treinador do Puerto andava completamente às aranhas, rodando jogadores de forma lunática e ainda sem grande identificação com a estrutura e o clube que assinou. Passados alguns meses, teríamos de ter tido a inteligência para perceber que o Puerto de então não tinha absolutamente nada a ver com aquele que iniciou a época. E isso deveria ter obrigado a uma mudança de estratégia por parte do mister.

2) Forma de jogar
O Sporting desta temporada começou de forma titubeante no campeonato e, só depois de embalarmos na Champions é que a equipa estabeleceu a sua forma de jogar. E, mérito do treinador, essa ficou bem definida, quiçá, nessa altura o Sporting era mesmo a equipa que tinha as melhores ideias e que melhor as executava. Em suma, nessa altura éramos a equipa que melhor futebol praticava em Portugal, unanimente reconhecido por todos. E o que definia essa forma de jogar? A somar todas as ideias que referi no iníciodo texto (pressão alta, domínio, etc) o Sporting variava de forma quase perfeita o jogo exterior com o jogo interior. O golo contra o Schalke, um hino ao futebol colectivo, espelha bem essa ideia. Circulação paciente e objectiva, jogo interior, jogo exterior, Carrillo arranca com espaço e Nani encosta para o golo. A nossa definição das jogadas tanto acontecia nas linhas, com cruzamentos para Slimani como em tabelas no centro do terreno onde Nani e Carrillo vinham para dentro definir enquanto os laterais abriam como extremos. Lembro-me do golo de Jonathanem casa contra o Puerto, um bom exemplo do que referi, onde Nani está dentro, transporta a bola com a sua fenomenal técnica, abre para Carrillo que cruza para o golo do argentino. Ora, acontece que depois da ausência de Slimani, que é diferente de todos os outros avançados que temos, essa forma de jogar foi alterada. Não sei se foi por necessidade, segurança defensiva, conforto ou outra razão qualquer mas a verdade é que foi. E para pior. Em vez de insistirmos no jogo interior que só beneficia as movimentações de Montero, voltámos ao futebol da segunda volta de Leonardo Jardim onde a única definição das jogadas acontecia pelas alas, através de cruzamentos. E a grande consequência disso foi termos menos oportunidades, oportunidades menos claras e, obviamente, uma necessidade de ser eficaz para concretizar as poucas chances que tivemos. Curiosamente, até estivemos bem nesse periodo garantido uma boa série de vitórias mas que, na minha opinião, camuflaram a quebra na qualidade de jogo. Neste momento, é notório que estamos a tentar encontrar de novo a fórmula do jogo interior que nos notabilizou na primeira volta e isso viu-se contra o Wolfsburgo em Alvalade. Mas é muito mais complicado reimplementar conceitos num ambiente de maus resultados. A conclusão que eu tiro da nossa forma de jogar é que alguma coisa foi mal planeada. Nesta altura, como os rivais, deveríamos estar no “ponto de rebuçado” em termos de qualidade de jogo e o que aconteceu é que retrocedemos etapas. Na minha opiniào, hoje jogamos pior do que jogávamos à uns meses atrás. Claro que para isso contribuiu também o abaixamento de forma de peças nucleares, algumas lesões em jogadores importantes e o dsgaste físico entretanto acumulado.

3) Físico
Para mim, a questão física está dividida em duas vertentes: pré-época e rotatividade. Como o Inácio bem sabe, um bom trabalho de pré-época garante uma maior habituação às cargas mais à frente (Obrigado, Materazzi!). E a rotatividade, quando bem aplicada, garante frescura física dos membros nucleares nas alturas das decisões. O trabalho de pré-época, é impossível de analisar, porque não sabemos o que eles trabalharam nessa altura e os jogos que se fizeram poucas ou nenhumas conclusões deram para tirar. Na questão da rotatividade, falhámos redondamente. Só testámos diferentes soluções em caso estrito de necessidade e hoje temos, por um lado, uma equipa completamente rebentada em termos físicos e psicológicos, por outro, temos outra sem minutos de jogo e sem ritmo competitivo. Isto tudo, na pior altura em que tal devia acontecer, ou seja, no início da segunda volta e na altura das decisões.

4) Táctico
Em termos tácticos, também demasiados equívocos, a começar pela colocação de jogadores em campo. Já o disse várias vezes, Montero é o nosso jogador mais forte no jogo interior, que é capaz de marcar e assistir jogando entre linhas. A jogar, teria de ser sempre a 10 ou num sistema com 2 avançados, nunca perdido entre os centrais e servido sempre através de cruzamentos pelo ar. João Mário, para mim, é um jogador de posse, de circulação e com capacidade de, vindo de trás, finalizar ou assistir. É o mesmo “tipo” de jogador do Adrien, apenas com características diferentes (mais inteligente e menos intenso). Por outro lado, ao contrário de Jardim, não existe um plano B perfeitamente trabalhado e assimilado e a única nuance táctica que o treinador introduziu mais recentemente foi a deslocação pontual de Nani para o meio para organizar jogo. Não ter Slimani, que foi para o CAN e que começou a época castigado, também contribuiu para que esse plano não tivesse sido trabalhado. Mas havia Tanaka que podia, por  diversas vezes, ter sido testado ao lado de Montero num ataque móvel e sem referências definidas. Preferiu-se esgotar por completo  um modelo de jogo que nesta altura jà dava sinais evidentes de exaustão e pouca imprevisibilidade. Também nãofomos capazes de introduzir factores novos, que poderiam ajudar a resolver alguns problemas, como por exmplo: Gauld, Wallyson ou Rubio que eståo em boa forma na equipa B.

5) Motivacional
Este, para mim, é um dos aspectos mais importantes. É aqui que um treinador faz toda a diferença. No “entrar na cabeça” dos jogadores e fazê-los acreditar que são melhores do que aquilo que realmente são. Mourinho é um mestre nisso, mas não é o único. E, a meu ver, um treinador competente nessa área tem de manter satisfeitos e focados todos os jogadores do plantel, sejam eles titulares, suplentes ou não-convocados. E isso só é possível fazer com conversas individuais e com tempo de jogo. Porque não serve de nada um treinador dizer constantemente a um suplente que confia nele sem depois demonstrar essa confiança com minutos em campo. E isso, parece-me a mim, que não acontece. Existem 12/13 jogadores, o resto praticamente não conta. Também a abordagem mental após um mau resultado é determinante para a resposta no jogo seguinte, algo que tambèm temos falhado. Porém, encontro coisas positivas e coisas negativas. Em termos positivos, é evidente que foi feito um bom trabalho de fundo com, por exemplo, Carrillo e Cédric que estão hoje melhores jogadores do que eram antes de Marco Silva chegar. Negativamente, não fomos capazes de recuperar mentalmente o Nani depois da lesão, tivemos William em baixo durante demasiado tempo, não fomos capazes de aproveitar para dar continuidade aos bons momentos de Tanaka, Mané, Gauld, Wallyson, Rubio e Andrè Geraldes, não confiámos em Rosell quando este estava bem (e William estava mal), Maurício e Sarr tiveram de falhar muitas vezes até se mudar a dupla com prejuízos claros para o clube e, parece-me a mim, que a única forma que o treinador conhece para motivar um titular que está mal (jogar sempre) chocou de frente com as oportunidades que outros jogadores, provavelmente, esperariam ter em face das variações de rendimento desses mesmos titulares. E depois, o mais grave: casos de indisciplina resultaram em titularidade dos prevaricadores no jogo seguinte ao pedido de desculpas (Slimani, Jefferson). Ou seja, apenas  para se motivar 2 titulares, passou-se a mensagem que o comportamento de um atleta no seio do grupo pode ser alterado consoante a sua importância na equipa. Não me parece ser a forma convencional e habitual para defender o grupo de trabalho. Para isso, basta olharmos para os grandes gurus do treino e verificamos que praticamente todos eles já tiveram conflitos com jogadores importantes e tomaram decisões diferentes daquela que o nosso treinador tomou. Porque para eles, tão ou mais importante que recuperar quem não está focado, é não perder quem está. Isto é dos livros.

Estes, para mim, são os principais factores para a nossa má época. Existirão outros, certamente. Como as arbitragens dos rivais, os conflitos internos e outras mais. Mas o trabalho diário (com reflexão nos jogos) é absolutamente  crítico porque é só isso que podemos “trabalhar”. O resto são factores imprevisíveis, não programados e que são mais difíceis de influenciar ou controlar, mesmo admitindo o seu impacto.

No fundo, o que eu esperava e tal como o título indica, era uma EVOLUÇÃO. Esperava, nesta altura, estar mais consistente ao nível dos processos de jogo. Admitiria, sem problemas nenhuns, começar mal e ir evoluindo paulatinamente até ao tal “ponto de rebuçado” que deveria estar a acontecer por esta altura. Mas o que vemos são oscilações muito grandes, onde fazemos grandes jogos, como contra o Wolfsburgo e depois fazemos jogos medíocres contra o Belém, com apenas poucas semanas de intervalo. Não ignoro o derby em casa, que foi um rude golpe nas nossas aspirações e que seria sempre de difícil recuperação. Se calhar, se tivessemos ganho o derby, teriamos ultrapassado os alemães e chegaríamos ao Ladrão em melhores condições para ganhar o jogo. Ou não. Nunca saberemos. Mas que claudicámos na altura das decisões, isso parece-me claro como a água. O que me chateia é que, com um bocadinho mais de estratégia e inteligência, poderíamos ter saído vivos deste período e abordar com optimismo uma segunda volta praticamente inteira sem derbys, sem clássicos e com os jogos mais difíceis a serem disputados em nossa casa. Se tivessemos conseguido manter uma distância de 6/7 para o primeiro e de 3/4 pontos para o segundo, estaríamos em condições, de não só de lutar pelo título como também de garantir o 2 lugar, em face dos jogos difíceis que os rivais ainda teriam até ao fim. Ou seja, mesmo empatando o derby, não era preciso cometer um hara-kiri táctico no Ladrão e bastaria tentar não perder, manter distâncias e esperar que mais à frente recuperássemos os pontos em atraso. A vitória em Belém, a jogar bem ou mal, também teria de ser garantida e não foi. Agora, a evolução fica mais difícil porque, como disse acima, trabalhar em cima de maus resultados é sempre mais complicado.

Honestamente, acho redutor e pouco rigoroso fazer análises do tipo: “este ano jogamos melhor” completamente isoladas do resto e apontando, como exemplo, as vitórias contra o Schalke e no Ladrãopara a Taça ignorando os restantes maus resultados. E é a diferença entre os bons e os maus resultados que, para mim, terão sempre de ser o barómetro do sucesso. Na minha opinião, para sermos rigorosos, temos de avaliar os diferentes ciclos competitivos. E, fazendo essa análise, para mim, não.  Não “jogamos melhor” ou “bem”. Já jogámos muito bem, mas num determinado período. O início foi titubeante, depois melhorámos ao ponto de praticarmos o melhor futebol em Portugal, acabámos a primeira volta já com indícios de quebra e caímos a pique nesta segunda volta. Em bom rigor, foi isto que aconteceu. Agora começa outro ciclo competitivo, com a viagem à Madeira. Um ciclo que se perspectiva mais tranquilo para o Sporting, porque já não temos Europa e porque no campeonato resta-nos manter/aumentar a distância para o Braga. Espero que essa tranquilidade volte a trazer bom futebol mas, acima de tudo, bons resultados. Resultados esses que passam por ganhar todos os jogos até ao fim, garantido a Taça de Portugal e o apuramento para o playoff da Champions.

Para terminar, convém relembrar aos mais distraídos que estamos no segundo ano do projecto. Se, por um lado, o caminho é longo, por outro convém não o tornarmos mais longo dando passos atrás. Na próxima época (a terceira iniciada por esta direcção), quero ser campeão. Reformulo: quero lutar pelo título. Mas lutar mesmo. Até ao fim. Não quero ficar eternamente condenado a “anos zero” ou “dores de crescimento” nem voltar a habituar-me a  fazer contas à vida em Fevereiro. Aceito, como já tinha aceitado em 2013, as contingências do percurso. Mas as palavras “percurso” e “caminho” só fazem sentido se a direcção for ascendente. E, no que respeita ao futebol, não me parece que isso esteja a acontecer este ano. Ganhar a Taça atenua esse retrocesso, mas não façamos confusões. Esta época está a ser negativa. Assumir isto é admitir que temos muita coisa a melhorar. Relativizar, é enfiar a cabeça na areia. Eu escolho a primeira. E vocês?

 

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!