“Há coisas na vida que nos tiram do sério. E depois existem outras que nos transcendem enquanto seres humanos racionais.

Vamos, primeiramente, àquelas que nos tiram do sério. O Sporting entrou a vencer na primeira mão dos playoffs, frente ao Sp. Horta por 23 – 31, demonstrando total supremacia perante a equipa açoriana. Um entrada muito positiva e que practicamente carimbou a passagem na eliminatória. Na segunda mão, disputada no passado sábado, o Sporting garantiu o bilhete de acesso às meias finas, com uma vitória arrancada a ferros. A turma do Andebol venceu mas esteve longe de convencer, aliás, muito longe de convencer… Este jogo da segunda mão fez-me lembrar o Sporting X ISMAI. Um jogo da oitava jornada em que perdemos em casa. E que perdemos por culpa própria, por falta de entrega, por falta de atitude. Algo que, na altura, frisei que se trataria apenas de um percalço, na tentativa de desvalorizar a derrota e, ao mesmo tempo, tentar colocar uns paninhos quentes na péssima exibição por parte dos atletas que vestem a verde e branca.

Pois bem, no sábado fiquei piurso com os rapazes. Nesta altura, deveríamos estar fortíssimos. Devíamos estar na plenitude das capacidades físicas e psicológicas para enfrentarmos esta competição, sem facilitismos ou vacilos, sem desculpas de cansaços os quebras físicas. Vencemos após duplo prolongamento, com um 39 -34 mentiroso, num jogo em que a atitude e o empenho ficaram muito aquém das expectativas.  Uma apatia e desconcentração geral, uma anormalidade de passes e remates falhados, uma alarvidade de faltas técnicas… enfim, foi mau demais.
“Então mas os putos ganharam e tu estás assim tão chateado?” – Perguntam vocês. Eu respondo: Estou. E estou porque, neste novo formato da competição, nestes jogos a eliminar, o Sporting pode estar mais perto, ou ter mais facilidade em encontrar a tal estrelinha da sorte. A equipa demonstra um potencial colectivo capaz de vencer num mata-mata, frente a qualquer adversário – Sim, mesmo sendo o Fc.Porto -, mas para isso é preciso querer, garra, ambição. É preciso acreditarmos que somos capazes, é fundamental aproveitarmos todos os minutos da competição para nos superarmos e evoluirmos constantemente, porque só assim, com este tipo de mentalidade, com esta sede de vencer e com vontade em triunfar é que se fazem Campeões.

Há dois troféus para ganhar e eu quero que vocês os ganhem. “Mas isso nem em sonhos!” Dizem vocês. Eu respondo: Nesta modalidade e num clube como o Sporting um título tem que ser uma obrigação. Tudo o que vier a mais será bem-vindo!  Por agora, descanso. Para a semana, meias-finais da Taça de Portugal, frente ao ABC/Minho. E é para ganhar! No fim de semana a seguir, meias-finais do playoffs do campeonato nacional frente ao vencedor do ABC X Madeira Sad. E é para ganhar! Num clube como o Sporting, que conta com 17 títulos de campeão nacional e 15 taças de Portugal, não será de esperar outra coisa.

Quero agora, e para terminar, contar-vos uma história triste e revoltante. Infelizmente há coisas que nos transcendem, a nós racionais, e uma delas é o racismo. A palavra Racismo que todos nós já todos ouvimos falar, correu por todos os balneários de todos os pavilhões nacionais, nestes últimos quinze dias. A internacional portuguesa, Mariama Sanó, foi vitima de insultos e agressões. Tudo aconteceu no pavilhão do Alpendorada, onde a 34 segundos do fim, se desencadeou um autentica batalha campal, e que levou a atleta do Colégio João de Barros a ter que ser assistida no hospital de Gaia. Este caso remonta a 31 de janeiro, mas tomou agora proporções mediáticas porque a federação portuguesa decidiu aplicar um castigo de 6 jogos à atleta que mais sofreu com esta situação. Um decisão altamente penalizadora, injusta e lamentável, por parte da entidade máxima do Andebol nacional.
Numa pequena homenagem, quero confessar que no meu mundo, no mundo dos seres humanos racionais, não há cor, não há raça, nem credo. Aqui, somos todos iguais. Somos todos Sanó!”

 

Texto escrito por Verde, logo Existo! (As Redes do Damas)
*às sextas, a bola encolhe. E passa do pé para a mão e do relvado para o pavilhão, dando ao nosso Andebol o destaque que ele merece.