Existiu, em tempos, um rapazinho que começou a jogar andebol em Leiria com 8 anos de idade. O dito ser tinha ouvido que fazer desporto era saudável e atividades como futebol ou basquetebol praticavam-se já com alguma regularidade na escola, quer nos intervalos, quer nos tempos livres. Ele preferiu jogar algo menos conhecido no seio das conversas dos amigos e em poucos anos, ter fita adesiva no malote para pôr nos dedos ou até mesmo nas sapatilhas especiais para transportar a resina era já algo indispensável. Este jovem aspirante na modalidade tem ainda hoje várias histórias para contar: Conheceu dos melhores treinadores nacionais, reconhece várias amizades pelos jogos na TV e claro, agora respira verde e branco.

Esse jovem era eu. Lembro-me dos primeiros tempos, lembro-me do último golo que marquei frente a um gigante guarda redes encarnado que não me deixou ver a bola entrar na baliza a partir da ponta esquerda, mas lembro-me sobretudo da expressão de um Mister que me disse uma vez: “Embora estejas constipado e metade da equipa esteja confrontada com lesões, não podes vir treinar apenas com o pensamento de fazer número por não haver jogadores suficientes. Tens de vir treinar com o intuito de seres melhor, de seres o melhor!”
Foi aí que cresci. O que quer que façamos tem de ser por sermos os mais aptos. Uns dias ganhamos, outros aprendemos.

A derrota frente ao ABC nas meias finais da Taça de Portugal por 33-30 não desacredita o valor que nós temos pois a equipa do Minho acabou mesmo por levantar o troféu na final. Conseguir responder de forma positiva com as duas vitórias iniciais nas “meias” do campeonato Fidelidade 1, frente à mesma, equipa ergue-nos novamente aos patamares mínimos de satisfação leonina. A de ganhar jogos!

Não sendo a primeira vez que refiro o meu optimismo volto a escrever uma frase que me dá toques no ombro no meu dia a dia: “O optimista vê o donut, o pessimista vê o buraco”. Perdemos o 3.º jogo do playoff em casa do ABC após dois prolongamentos (37-36) mas se é à melhor de cinco, só nos falta mesmo mais um para chegar à final. É difícil? Muito! Mas para o ABC…

Há falhas! Há dribles! Há uma desatenção na defesa depois de um ataque falhado o que desnivela o marcador em mais dois golos. Há equipas que vão para o intervalo a ganhar e acabam por perder por 5 ou 6. Há as finais! Há os gritos! Há a lágrima da alegria! Há a lágrima da desilusão! Há de tudo dentro de um campo de 40x20m. Lá fora, há os que torcem e acreditam que o Carol marca mais 9 já esta quarta-feira, tal como no primeiro jogo. Que o Portela e o Solha vão ser mortíferos nos contra ataques, que o Candeias vai ter um dia inspirado e que o Rui e o resto da companhia vão fazer jus, mais uma vez, ao símbolo que transportam ao peito. O nosso rival que tenha o peso dos jogos da Taça Challenge, tal como em outras alturas nós mesmos o tivemos.

Sobretudo, até hoje, dia 15, o único pensamento que nos pode passar na cabeça é mesmo o da vitória e consequente passagem à final. O nosso rival portista já se encontra por lá e a última derrota numa competição nacional que tem, é mesmo contra quem estamos a disputar o acesso à segunda vaga. Por isso rapazes, só mais esta final antes da Final.
Aqui, este rapazinho acredita que sim!

Texto escrito por Verde, logo Existo! (As Redes do Damas)
*às sextas, a bola encolhe. E passa do pé para a mão e do relvado para o pavilhão, dando ao nosso Andebol o destaque que ele merece.