Os últimos dias ficaram marcados pelo debate à cerca de Danilo Pereira e por todas as dúvidas em torno do seu próximo destino.
Primeiro estava certíssimo no Sporting e esta era a sua escolha (até tinha falado com Jorge Jesus) dois dias depois não atendia as chamadas e tinha escolhido o rival do Norte.
Já não é novidade a forma suja como o porto faz os seus negócios, para além de ter grande parte dos agentes (quase todos da laia dos dirigentes portistas) a dançar como autênticas bailarinas. Desconhecemos completamente até que ponto não terá sido o clube do norte a primeira escolha do tão famoso Danilo. O que sabemos sim é que o jogador está perto de ser reforço depois do Sporting o ter dado como certo.

Para cúmulo, surgem notícias que garantem que existia contrato assinado entre o Marítimo e o Sporting, para além de um pré-acordo com o jogador, tendo o negocio sido travado pelo grupo de investidores que detém 30% do passe. Parece que as donzelas terão ficado ofendidas com a rebeldia do Sporting ao não negociar com pessoas da sua área de investimento.

A mais valia desportiva de Danilo é inegável. Tem um bom posicionamento, sentido táctico. Joga a médio defensivo, a box-to-box e até a central. Para quem pensa de quatro milhões é caro, é o valor dele, não há como negar, e os grandes não têm de levar os jogadores mais baratos apenas porque gozam desse estatuto. Para quem acha que ele será um Sami ou um Ghilas, provavelmente também está enganado. Vale muito mais que qualquer um deles e, na minha opinião, poderia ser uma opção extremamente válida. Até porque o plantel não são apenas 11 jogadores e as nossas opções de banco revelaram-se pouco eficazes.

Mas, mais importante que toda a questão desportiva, falamos de mais uma negociação em que o Sporting se viu no meio de favorecimentos, intervenientes pouco nítidos e interesses ocultos, algo que se tem vindo a repetir.
Tentámos contar com Kléber ou Ghilas, foi o que foi, seguiu-se Carlos Eduardo, Rafa, Derley, Sami, Bebé, Hassan, entre outros que certamente não me recordarei. O que têm em comum? Jogavam no futebol português, eram alvos do Sporting e acabaram num dos rivais.

O que ganham os clubes mais pequenos em colocar o Sporting em segundo plano? Serão os lobbies assim tão profundos que clubes com orçamentos tão baixos podem recusar uma negociação limpa de milhões?
Parece que a única forma de conseguir um jogador que actue em Portugal é ser-se mesquinho, oferecer valores absurdos e promessas irreais (o Deportivo agradece), tudo para que o rival não leve a melhor. Qual o plano desportivo ou financeiro daquele atleta? Não interessa, nunca interessou. Importante é dar mais umas migalhas, controlar aqueles clubes e impedir que um adversário se reforce. É política e futebol, e os dois juntos geralmente nunca dão bom resultado.

Existem muitos Danilos nesta vida. Na nossa equipa B encontro um Palhinha, um Wallyson e um Zezinho. Precisam de mais trabalho, é certo, mas todos assinaram pelo Sporting de olhos fechados e, provavelmente, continuariam a fazê-lo. O valor dos nossos jovens nunca esteve em causa e nunca estará.

Esta é uma questão que ultrapassa todas as questões de formação do próximo plantel e quais os jogadores a subir. Esta é uma questão que condiciona o Sporting ao operar, nos próximos anos, num mercado barato como o português, onde a qualidade existe.

Preocupa-me a forma como somos usados em praça pública (veja-se o caso Hassan) para entrar em leilões e subir a parada pelos atletas. Tudo para enfraquecer a imagem de um Sporting que cada vez mais quer ser protagonista e que já provou que está pronto a investir mais uns milhões.
O nosso futebol é tão preocupante que o Boavista tornou-se o clube mais digno a negociar.

O meu conselho para os nosso dirigentes, se é que me é permitido tal atrevimento: se um jogador é mesmo bom, estão mesmo interessados e acham que vai subir o valor da equipa, batam cláusulas. Não negociem, não façam pré-acordos nem acordos de cavalheiros. Sem negociações, sem aviso, sem conversas. Talvez aí venham os jogadores que pretendemos, talvez aí eles se conseguiam valorizar seriamente e talvez o futebol português deixe de precisar dos trocos da Santa Aliança.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa