Uma das coisas que mais marcou o Sportinguismo na última década foi a mudança de estádio. Assunto tabu durante muitas direcções, começa agora a soltar-se a voz de muitos leões que olham para o “antigo” Alvalade com saudosismo genuíno. Mas porquê? O que tínhamos antes que não temos hoje?
Sempre que vejo imagens de partidas no velho Alvalade, uma das noções que saltam à vista é a dimensão da piso de jogo. Entre o tartan envolvente e a dimensão do relvado em si, há toda uma diferença difícil de contrariar com os dias de hoje. O relvado do novo Alvalade deixou de “parecer” grande…e tornou-se semelhante a muitos outros. Sinceramente os actuais 105 x 68 metros parecem-me muito inferiores ao antigo rectângulo de jogo, mas até prova em contrário, reservo para a ilusão óptica a melhor explicação. O que nunca será ilusão de óptica é o contraste entre a massa una das antigas bancadas, espalhada numa curva, essa sim belíssima, imponente e sólida que se envergonha agora em multi-sectores, camarotes e separada por dois níveis “à britânica”. Eu sei que os proveitos em área vertical foram muitos, mas como perdemos toda e qualquer vantagem na venda ao desbarato do património circundante ao estádio, fico mesmo com a certeza que foi em vão o esforço e quem me dera voltar ao magno anfiteatro clássico, um milhão de vezes mais “nosso” que esta visão “estrangeira” de futebol.
Que temos um estádio 5 estrelas FIFA, nota máxima nisto e naquilo já todos sabemos. Mas o que sempre soubemos também desde a primeira vez que vimos o exterior do estádio a descoberto foi que houve alguém que fez uma fortuna a vender azulejos. A teoria da conservação e manutenção do equipamento graças ao azulejo bate literalmente no poste a partir do momento em que todas as noções de estádio de futebol são contrariadas por uma estética de Centro Comercial. Só damos conta de estar ali um estádio porque os shoppings ainda não usam torres de suporte de cobertura. Na verdade todo o exterior é um hino a qualquer coisa, não faço ideia ao que seja, mas não é ao Sporting. Falta cheiro a história, a emoção, a sócios e a….clube. Quem se lembra do estádio anterior sabe que qualquer canto e escadaria, janela ou corrimão podia ser tudo menos bonito, decadente ou pouco funcional, mas era Sporting. Chamem-lhe nostalgia, mas mesmo que seja, quando passeio à volta do estádio hoje em dia consigo imaginar muitas formas de quem projectou ter tido em conta este sentimento. O Sr. Tomás Taveira, ou a equipa de estagiários que fizeram o copy & paste de outro projecto qualquer, falharam em toda a ordem na recriação do objecto estádio de futebol, simplesmente não pensaram nisso.
Nas bancadas, depois da pintura dos acessos e corrimões, que ajudou a disfarçar o efeito Legolândia, mantém-se o problema do aspecto visual das cadeiras. O que poderia ser tão simples como ter desenhado níveis alternados de verde e branco…foi assassinado com a ideia peregrina de “dissimular a ausência de público”. Mas desde quando um clube como o Sporting precisa de esconder fracas adesões de público? Que ganho desportivo foi esse? Se Alvalade tem pouco público eu, como Sportinguista quero ser o primeiro a verificar esse facto e não tenho alguma vergonha que outros o vejam. A mentalidade é uma coisa estranha e por aqui nos ficamos da prova de menoridade que uma “inovação” destas passa a quem acolheu um desenho de tutti-frutti preferível à recriação das nossas camisolas, leões, lema do clube ou qualquer outra solução.
Mas nem só de dificuldades estéticas vive a “nossa casa”. O relvado de Alvalade é como um carro com defeito de fabrico, podes arranjar 100 soluções para disfarçar mas nenhuma que resolva o problema. Depois de experimentados todos os truques, mezinhas, práticas inovadoras e fornecedores de relva…o relvado de Alvalade continua a ser um embaraço. A maior potência desportiva tem um dos piores relvados do país. Isto é real e sucessivas direcções chegaram sempre à mesma conclusão, só daqui a muitas décadas teremos relva saudável, quando uma de duas coisas forem realidade: a invenção de uma relva natural que resista a um holocausto ou a construção de um novo estádio. Já o “querido” fosso, desenhado para acrescentar funcionalidade em formatos de concerto, perdeu significado a partir do momento em que os Festivais de música e a Meo Arena desviaram os grandes concertos para fora dos estádios. Hoje em dia o fosso é só um buraco que circunda o relvado e não faz mais do que acrescentar distância entre o público e a equipa (quando tudo o que se deseja é o inverso).
Espero que pessoas muito mais criativas do que eu, consigam um dia reinventar a experiência do nosso estádio. Ficar-lhes-ia agradecido para a vida. O meu filho já vai a Alvalade, um dia espero levar os meus netos e a melhor coisa que posso imaginar é não ter de lhes rezar o terço dos 4 parágrafos anteriores. A Missão Pavilhão pode ter uma sucessora, mas em vez de euros os Sportinguistas contribuiriam com planos de intervenção, decoração, ambientes, paisagismo. Conheço alguns leões designers, decoradores, arquitectos e engenheiros que teriam todo o orgulho em planificar um “Novo Alvalade”, em contribuir para que no século XXI, os quase 100 anos anteriores não fiquem esquecidos. Em que os nossos netos não se perguntem porque raio o relvado é pintado com spray ou porque é que o Sporting joga na sede da Pans & Company.
*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca
8 Julho, 2015 at 15:14
Sinceramente gostaria aqui de dar a minha opinião até porque sou gestor imobiliário e tenho alguma noção sobre a realidade.
A questão exterior, um estádio de futebol deve preencher o orgulho dos seus sócios e simpatizantes, apesar dos azulejos o estádio não é um patinho feio, tem até virtudes arquitectonicas muito assinaláveis e distintas. O problema é o seu envolvimento, a área envolvente está degradada ou não tratada os caminhos circundantes não são alvo de manutenção, vide a zona das escadarias de acesso à Alvalaxia e quiosques de venda de bilhetes.
A Alvalaxia é outro problema, aquilo que no inicio do projecto de afigurava como um espaço modelo, que iria contribuir para o convívio e relação entre sócios é hoje um espaço destinado a lojas de chineses, a alguns restaurantes sem qualquer qualidade e a um amontoado de lojas vazias. Sei que o espaço já não pertence ao SPORTING mas aqui sim, seria necessário algo para trazer prestigio e qualidade à nossa casa. Não sei se através de um patrocinador que quisesse dar nova perspetiva aquela zona, ou através da retoma do mesmo e a sua transformação e prol do Clube e dos seus sócios. Eu sei custaria dinheiro, mas fica o repto, aquilo assim não contribui nada para o nosso prestigio.
No interior, a relva é um problema mas são tantos os Clubes por esse mundo fora que se debatem com problemas idênticos (REAL MADRID), há soluções, não é nada que não possa ser resolvido. As cadeiras iden, aspas o fosso… a solução da sua cobertura iria aumentar a capacidade do estádio, o estádio até hoje ainda não encheu, será que se justifica o aumento de capacidade? Para mim a melhor solução passa pela cobertura amovível com publicidade em toda a sua extensão, aliás uma solução que pode por exemplo para a manutenção mecânica da relva.
8 Julho, 2015 at 15:24
Eu percebo que seja difícil pensar em aumentar a capacidade do estádio quando este, a maior parte das vezes, se encontra meio cheio, mas como em tudo na vida, não sabemos o dia de amanhã, e aumentar em cerca de 5000 lugares a capacidade do estádio não é de todo uma loucura ou excentricidade, pode até, em último caso, ser uma precaução para o futuro que, espero eu, seja mais risonho e com cada vez maior adesão por parte da massa adepta. Maior debandada de sócios e adeptos do que houve nos últimos anos é que não será previsível.
De resto, o estádio encheu ainda esta época com o Benfica, que eu me recorde. Pode ter sido caso único na temporada, mas aconteceu.
8 Julho, 2015 at 15:26
Por acaso estava precisamente a pensar que o fosso (ou parte dele) pode, caso a dimensão dos mesmo o permita, servir para acomodar os tais ventiladores.
8 Julho, 2015 at 15:16
OFF
Não vamos ter de aturar o catio e o bebiano 😀
http://desporto.sapo.pt/futebol/primeira_liga/artigo/2015/07/08/sporting-nao-aciona-opcao-por-bruma
8 Julho, 2015 at 15:18
E o Ricky está a complicar.
8 Julho, 2015 at 15:24
Também tenho alguma saudade do velhinho estádio. Mas este já é a minha casa e não o trocava por nada. Já estou com urticária porque tomei conta de que só lá devo voltar em Setembro. No jogo de apresentação vou de férias e o primeiro jogo em casa deve ser no dia de aniversário da minha filha. Quando passo muito tempo sem ir a Alvalade começo-me a sentir mal. Para compensar, passo lá em frente com bastante frequência.
Nem a propósito, há poucos dias atrás estive a pensar na falta de alguma identidade do estádio. Lembro-me que nos primeiros anos ainda se aproveitou aquela parte exterior de acrílico do Alvaláxia para decorar com imagens do clube e dos jogadores. Até o Ed. Visconde de Alvalade tinha uma decoração alusiva às Gameboxes. Apostar mais nesses detalhes serviria para retirar a atenção das partes menos conseguidas do exterior e criar uma boa envolvência nas imediações. Mas depois lembrei-me…nenhuma dessas estruturas são do Sporting. Porque houve uns filhos de cortesãs que simplesmente hipotecaram a alma do Sporting. E o estádio é sintomático disso.
Mesmo assim, é a nossa casa e tenho muita esperança que esta época seja o palco de muita glória.
8 Julho, 2015 at 15:29
Eu caguei para os melhoramentos no estadio, no velho alvalade viam a bola de pe, agora so falta a cadeira aquecida. querem pagar lugares comprem pros camarotes. A unica coisa que mudava era haver petardos e tochas e esperar 2 horas para entrar. Vão para o caralho mais o tomas caveira.
8 Julho, 2015 at 15:38
Não costumo comentar com frequência, mas preciso dizer:
– Como já foi dito, o upgrade de conforto entre o velho Alvalade e o novo é significativo.
– Quando fiz a visita guiada pelo estádio (ao alcance de todos… quem ainda não a fez, façam-na!), só consegui sentir uma coisa: orgulho. Aí percebi verdadeiramente a qualidade do estádio, quer para a equipa quer para os adeptos.
Percebo o saudosismo, também tenho recordações do velho Alvalade, mas creio que este estádio tem apenas dois tipos de problema:
– Estéticos (cadeiras, exterior, fosso)
– Relacionados com a relva
Acho que o staff responsável não anda a dormir, por isso confio que sejam resolvidos mais tarde ou mais cedo, quer por se resolverem osconstrangimentos legais (relacionados com o projecto) ou os financeiros.
SL
8 Julho, 2015 at 16:10
Word, LdP!
8 Julho, 2015 at 16:23
Estádio mal projectado
metade do relvado tem super exposição solar, a outra metade passa o dia na penumbra….
ecrans deviam estar pendurados na cobertura…
fosso não devia existir…
cadeiras deviam ser verdes, brancas e quanto muito pretas (símbolo Sporting e Patrocinadores)…
devia ter um poste no meio do relvado e sodomizar lá, ao estilo de Vlad o empalador, todos os cabrões que fizeram com que o clube chegasse ao ponto que chegou
do estádio antigo, tudo bom
dias de tosteira ao sol,
dias de “pneumonia” com chuvas tropicais e sofrimento pelo frio,
nuvens de tochas e boiões de fumo que impediam de ver a bola durante tantos minutos,
o trepidar do estádio, quando começávamos a bater com os pés no chão na marcação de um livre perigoso ou penalti,
noites gloriosas, celtic, barcelona, real, entre tantas outras,
finais de voltas a Portugal em bicicleta com o saudoso Agostinho,
Serguey Bubka a tentar bater o recorde do mundo de salto à vara na velhinha pista Moniz,
ver Maradona, o maior de todos os tempo a aquecer e a jogar contra nós,
velhinho pavilhão onde monstros sagrados representavam o Sporting, Ramalhete, Chana, Livramento, Maia, Brenha entre tantos outros,
o velhinho campo de treinos, onde os jogadores tinham de passar pelo meio dos sócios para irem treinar, e sentiam o que de facto é, era o Sporting,
as queijadas que sabiam tão bem,
as horas “perdido” nos arredores do estádio onde era possível ver todas as modalidades do Sporting antes de ir ver o Futebol
o mítico é p’ró cú, é p’ró cú, é p’ró cú, almofadinhas para a bola
tudo isso se perdeu, grande parte do que fomos, do que somos ficou adormecido.
pode ser que seja o momento de mudança, pode ser que o meu filho, os vossos filhos, voltem a sentir a magia que eu sentia quando me aproximava do antigo Alvalade
fodax, agora fiquei com uma lagriminha no olho, saudosos tempos que iremos voltar a viver…
8 Julho, 2015 at 17:18
Algumas coisas mudaram para melhor outras não… mas existe aqui uma questão que é sem duvida fulcral e prioritária, que é a questão do relvado.
Uma equipa de futebol de ataque continuado, com circulação de bola e de jogadores de qualidade técnica apurada precisa de um tapete em condições para exponenciar o seu futebol.
Apesar de fã do futebol nunca fui grande jogador, portanto não consigo dizer se o relvado produz um impacto negativo no jogo, mas bom aspecto não tem de certeza…
8 Julho, 2015 at 18:01
Francamente acho que o nosso estádio não tem identidade. Aliás, foi assumido na altura que isso foi propositado para atrair outro público que não apenas o do Sporting às infraestruturas comerciais (Alvaláxia, Clínica CUF e Holmes Place).
Não tenho propriamente saudades doidas do outro estádio, porque este era velho, as bancadas eram muito longe do relvado e no geral já era uma estrutura completamente desactualizada. Só que o novo, apesar de muito mais confortável, não tem mística. Também porque o Sporting nunca foi ali campeão.
Do ponto de vista estético, as cadeiras são um “cancro”. Percebo que não haja dinheiro, mas não se pode desvalorizar isto. Alguém acha que a Luz teria a mesmo imponência se tivesse cadeiras às cores? É claro que não. A cobertura inclinada, apesar de útil por causa da chuva, também tira imponência ao nosso estádio. O espaço entre as cadeiras é reduzido e quem tem pernas compridas tem de estar sentado de pernas abertas. A decoração exterior é feia. Não há alusões à história do clube em torno do estádio, nem sequer aos actuais atletas.
Enfim, o estádio não tem alma, foi construído por pessoas que queriam diluir o sportinguismo da estrutura e não acentuá-lo. Na Academia foi igual. Não é por acaso que o Jesus quer mais fotos das vitórias do Sporting em Alcochete, para os jogadores verem o que foi e é o Sporting. Isto são coisas básicas, e posso dizer que as paredes de Alcochete já estiveram ainda mais despidas do que agora, e mesmo assim não chega.
Com o tempo é preciso ir corrigindo os erros do estádio, como por exemplo substituir as cadeiras e tapar o fosso. Mas confesso que se nos saísse o “euromilhões”, eu queria que o Sporting fizesse um estádio novo…
9 Julho, 2015 at 4:04
Tal como muitos de vós, também eu guardo grandes Recordações do velhinho Estádio José de Alvalade. Contudo, estava na hora de mudar e, infelizmente tivemos uma cáfila de malfeitores a aproveitar-se da pressa em ter um novo estádio e… alguns deles, sob a capa de um Sportinguismo puro, bem nos enganaram e, deu no que deu.
Sem dúvida que os benefícios neste Alvalade XXI são, de longe, superiores aos desencantos, no entanto, questões como o fosso e o relvado deixam-me possesso, já para não falar a quem entregaram o projecto do nosso novo estádio… O tal Arquitecto lãpeão…
Um dos maiores problemas é o relvado e a dificuldade do mesmo se manter ‘saudável’ por muito e bom tempo… Bastaria terem contactado com qualquer Engº Agrónomo, formado no Instituto Superior de Agronomia, para que o mesmo, ao recordar-se de cadeiras como ‘Agrometeorologia’ lhes dissesse que, se calhar toda a oreintação do projecto, em função dos pontos cardeais (norte, sul, este, oeste), teria que ser alterada… Depois de estudar a orientação dos ventos e sua predominância pode-se-ia ter, facilmente, evitado, toda esta ‘taveirada’… Infelizmente, não houve ninguém na direcção leonina de então que entendesse importante pensar sobre esta situação… E deu na tristeza de relvado que observamos…
Infelizmente, a solução não passa por rebaixar o relvado nem nada disso, só através da ‘ventilação forçada’ iremos ter condições para que a relva se desenvolva de forma sustentável, pois o arejamento é a base para que a taxa de evapotranspiração seja a ideal para o correcto desenvolvimento da relva.
Conheço o importador das melhores, maiores e mais resistentes ventoinhas que podem ajudar a resolver este problema… Se o SCP necessitar da minha ajuda, terei todo o gosto em ajudar!
Infelizmente para nós teremos sempre que ter uma despesa, seja com a instalação de um relvado novo todas as épocas, seja com medidas como a que apontei. No entanto creio que a solução da ventilação forçada ficaria substancialmente mais barata do que uma instalação nova todas as temporadas. Essa empresa que falei tem regime de aluguer, logo eu, se estivesse a trabalhar no SCP, tentaria saber em quanto ficaria o aluguer do número de máquinas necessárias para ventilar o relvado e experimentaria essa hipótese. Se corresse bem, talvez avançasse para a compra definitiva das ventoinhas…
Espero e desejo que a Direcção Leonina esteja a tratar deste assunto! Pois é essencial termos um melhor relvado!
SL