Terminado o jogo do Bessa e perante a frustração de não ter conseguido uma vitória que nos isolasse no primeiro lugar, será muito fácil apontar o dedo e afirmar que jogámos muito pouco, que este aquele e outro jogador são isto e são aquilo, que o treinador é cozido ou migado e que não temos estofo para o que desejamos. E eu consigo perceber todos estes desabafos.

Também eu queria ter visto um Sporting capaz de romper o espartilho de 11 homens plantados atrás do meio-campo e prontos a colocar em prática o anti-jogo. Também eu gostava de ter visto serem criadas várias oportunidades de golo (o tiro ao boneco do Montero, a iniciativa individual do Slim aguentando faltas consecutivas dentro da área e a falta de cabeça do João Pereira, no último remate roubado a Gelson é, efectivamente, pouco. E nem me apetece falar do displicente remate do Teo, de baliza aberta, porque levei a noite a vomitar depois de vê-lo sorrir com a merda que tinha feito, convencido que ainda ia resolver o jogo em souplesse). Também eu gostava que não tivéssemos tido mais de meia equipa em sub-rendimento. Também eu gostava que aproveitássemos os incontáveis cantos e cruzamentos para a área. Também eu gostava que tivéssemos uma capacidade superior de definir as jogadas junto à área adversária. Também eu gostava que o Jesus não tivesse tirado o Montero e que, quando pensou em lançar o William, o tivesse colocado a falso central em vez de tirar o João Mário. Também eu gostava de ter visto o pessoal das claques mostrar que o cérebro já funciona. Também eu gostava de ter assistido a uma reposta esmagadora à oportunidade de agarrarmos a liderança isolados.

artur2Não assisti a nenhum destes desejos. E de tudo o que imaginei antecipando o jogo do Bessa, só a arbitragem não me defraudou expectativas. Quando conseguimos aproveitar dois dos milhentos cruzamentos, anulam-nos um golo (por momentos, jurei ver o Manuel Mota na bancada rindo-se muito da raiva de Slimani) e não assinalam um penalti claro a nosso favor, por mão do defesa axadrezado. Quando criamos uma jogada completa com envolvimento dos laterais, assinala-se um patético fora de jogo a João Pereira quando este está na cara do guarda-redes. Quando somos abalroados durante 90 minutos e os nossos jogadores sofrem faltas duras, vemos o adversário chegar ao fim se um único cartão amarelo e a ficha de jogo apenas conter dois nomes verde e brancos admoestados (esta tem sido a estratégia em praticamente todos os jogos). Quando são feitas seis substituições que obrigam a um mínimo de três minutos de compensação, vejo o anti-jogo valer apenas mais um minuto nesse tempo extra (só o palhaço do redes esteve dois minutos no chão agarrado à barriga, fora as câimbras de quem só teve que correr em metade do campo). Tudo isto com aquele ar de autoritarismo de merda por parte de um gajo que nem tem cara para levar duas chapadas, mas que, entre ontem e hoje, deve ter levado muitas palmadinhas nas costas por mais um brilhante serviço prestado.

p.s. – no meio de tanta crítica de de tanta merda, continuamos em primeiro. Dava jeito que pelo menos nós, Sportinguistas, não nos esquecêssemos disto.