E a meio da tempestade, chegou a bonança. Goleada, nota artística, total comprometimento de tudo e todos em prol de um objectivo, no ponto final numa semana de constantes ataques onde, recorde-se, pelo meio ainda ficou uma boa exibição e um empate, na Turquia, capaz de manter vivas as aspirações na Liga Europa. Mas se, como já se afirmou por mais do que uma vez, o grande objectivo passa pela conquista do campeonato, era ontem que tinha que ser dada a resposta cabal. E foi.

Com Carrillo definitivamente afastado do grupo e enviado, em uníssono, para o local onde manterá a forma física, Jesus surpreendeu ao entregar a João Mário e a Bryan Ruiz as despesas nas alas. Gelson e Mané no banco, Matheus na bancada, Teo a formar novamente dupla com Slimani. Não só resultou como encantou. Ruiz foi o primeiro a ameaçar, com grande trabalho individual que terminou num remate torto, mas seria João Mário a cruzar a regra e esquadro para a cabeça de Slimani. O argelino não se fez rogado e foi lá acima para um golaço de cabeça. Aos 12 minutos o Sporting conseguia desbloquear a estratégia adversária e tinha via aberta para aquela que terá sido a mais consistente exibição da época até ao momento (até pela capacidade de aproveitar as situações de golo).

Slimani volta a ameaçar, de cabeça, depois é Teo, também de cabeça e aproveitando o primeiro de vários bons centros de Jefferson, a atirar à barra. Adrien tenta a sua sorte, mas a bola sai por cima. João Mário volta a arrancar pela direita, Teo simula e deixa para a entrada de Ruiz, com o remate a ser bloqueado num último momento. A pressão era enorme e os vimaranenses cederiam: erro defensivo bem aproveitado por Teo. 2-0 e jogo metido no bolso. Patrício faz a primeira defesa aos 30 minutos e Ruiz ensaia um brilharete pela esquerda que culminaria com uma lesão (que seja grande o suficiente para não ir à selecção e pequena o suficiente para estar apto para o dérbi). Entra Gelson que não perde tempo em ir à ala contrária combinar com o incontornável João Mário (enorme jogo) e cruzar com açúcar para Teo ficar a centímetros do terceiro.

No recomeço, o Guimarães tenta chegar-se à frente, com Tozé a obrigar Rui Patrício a ir ao relvado. Quem também foi ao relvado e não voltou a erguer-se foi o árbitro Rui Costa, substituído pelo quarto árbitro, Hélder Malheiro que,  pouco depois, mostraria o vermelho a Saré por entrada violentíssima sobre Gelson Martins. Jefferson cruza para Slimani, 3-0. Adrien faria  o quarto e, no espaço de cinco minutos, o Vitória de Guimarães ficava a pedir aos deuses do futebol que o jogo terminasse o mais depressa possível (mas faltava meia hora). Aquilani e Montero teriam oportunidade de junta-se à festa que, pese várias ameaças, só voltaria a resultar em golo a cerca de dez minutos do final: novo cruzamento de Jefferson, novo golo de Slimani, agora com o pé. Reduziria o Guimarães, da forma que já antes havia ameaçado – através de um canto e de cabeça – colocando ponto final num resultado que Jorge Jesus considerou ser escasso, mas que ofereceu aos 31 mil adeptos presentes em Alvalade (e aos restantes milhões espalhados pelo mundo), uma mão cheia de futebol, verdadeira lambada de luva verde e branca em todos aqueles apostados em contrariar o ressurgimento do Leão!