A receita estava dada, faltava saber se seria possível colocá-la em prática: pegar no jogo pelos colarinhos desde o início e marcar o mais cedo possível. A resposta chegou logo aos 40 segundo, quando Ruiz arrancou um pontapé do meio da rua e deixou claro que o Sporting queria resolver a partida o mais rapidamente possível, até para minimizar o desgaste face a um próximo compromisso agendado para quarta-feira.

Também em função desse desgaste, Jorge Jesus promoveu algumas mexidas na equipa: Esgaio, Naldo, Jonathan, Aquilani e Gelson surgiram a titulares, remetendo João Pereira, Paulo Oliveira, Jefferson, William e João Mário para o banco. E o que pode dizer-se é que todos eles souberam aproveitar a oportunidade, mesmo tendo em conta o disparate de Naldo ao cometer grande penalidade, já na recta final da partida. Mas tanto Esgaio como Jonathan souberam ser laterais ofensivos e criar vários desequilíbrios, Gelson fez um jogo adulto, alternando entre o irreverente e o responsável na ocupação de espaços e compensações defensivas e Aquilani pegou na batuta e foi dono e senhor da equipa no tempo em que esteve em campo. O italiano, pautou, recuperou, lançou, definiu ritmos, enchendo as medidas a quem gosta de futebol e sendo compensado com a obtenção de um golo, o segundo, numa belíssima jogada onde Adrien fez questão de voltar a obrigar muito boa gente a engolir um sapo do tamanho de um elefante.

Para trás tinha ficado a abertura do marcador, por Gelson, num remate cruzado com conta peso e medida, finalizando um livre de laboratório que os iluminados de serviço quererão transformar “num bloqueio ilegal”, quando o que se vê é um jogador do Moreirense a tropeçar no pé do seu próprio colega. Justificações inconsistentes, para tentar minimizar uma primeira parte de sentido único, na qual o Moreirense fez um remate, por alto, e se limitou a ser engolido pela dinâmica do futebol apresentado pela turma de Alvalade. Simplicidade de processos, bola alternando entre as laterais e o meio, variações de flanco, futebol. E o 2-0, ao intervalo, premiava uma exibição consiste e merecedora de aplausos dos mais de 32 mil que enfrentaram o mau tempo e disseram presente nas bancadas.

O segundo tempo trouxe mais do mesmo. O sentido era a baliza da equipa de Moreira de Cónegos e a chegada de um penalti seria o ponto final na partida. Slimani foi derrubado e o mesmo Slimani faria o 3-0, depois de Jorge Jesus lhe ter concedido a oportunidade de marcar o castigo máximo. Teo ainda fingiu não estar a perceber e tentou ser ele a marcar, mas seria o argelino a avançar e a facturar, na recarga a um primeiro remate bem defendido. Slim festejou mordendo a língua e abriu espaço para que a última meia hora de jogo fosse um longo bocejo, com a equipa claramente a poupar-se para o que ainda aí vem. Foi, então, tempo de Rui Patrício brilhar, primeiro na defesa de uma cabeçada, depois com um momento fantástico, respondendo à bomba de Rafael Martins que poderia ter deixado em sobressalto os espírito leoninos mais adormecidos.

Por essa altura, já William, João Mário e Matheus estavam em campo (alguém percebeu porque raio saiu Aquilani quando Adrien e Ruiz têm que descansar?), mas o Leão de sotaque italiano já só queria era retemperar forças e saborear os três pontos conquistados de forma inequívoca.