«O Benfica B venceu este sábado o Sporting B, por 3-1, em jogo da 33.ª jornada da Segunda Liga, em Rio Maior, onde os leões jogaram cerca de uma hora com menos dois jogadores. As expulsões de Arias, aos 33 minutos, devido a acumulação de amarelos – o segundo por protestar com o árbitro – e de Seejoo King, aos 36, por puxar Diogo Rosa quando este se encaminhava para a baliza, condicionaram a estratégia da formação leonina, que até foi a primeira a marcar, por Cristian Ponde, de livre direto, aos 17 minutos» […] Naquele que foi o seu primeiro jogo oficial como presidente, Bruno de Carvalho utilizou a expessão ”bando de pássaros” para se referir ao trio de arbitragem liderado por Luís Ferreira (Braga) e afirmou que, desta forma, o desporto nacional não avança.

Não se pense que o empate de ontem me toldou o juízo ou que o frio de hoje me empederniu o cérebro. Serve esta nota introdutória para deixar claro que o que aconteceu em Alvalade, ontem, não foi inesperado. Aliás, a continuar assim, não tardará a que o árbitro Luís Ferreira chegue a internacional. E peço-vos, encarecidamente, que não me repisem a conversa de que nos pusemos a jeito porque não entrámos no jogo a 200km/h. Estou farto dessa conversa e dessa merda de ideia de que o Sporting tem que ser uma equipa perfeita ao longo dos dez meses que dura a época futebolística.

Sim, o Sporting entrou mal no jogo e, teremos tempo para falar sobre isso num próximo post, pode questionar-se novamente a não utilização de extremos puros e agitadores quando recebemos equipas destas em Alvalade. Dessa lentidão e dessa acumulação de passes falhados se aproveitou o Tondela para, bem organizado, ir mantendo o perigo longe da sua área. Diga-se, no entanto, que muito dessa boa organização assentou em faltas consecutivas não assinaladas. Aliás, a primeira parte do jogo de ontem esteve ao nível daqueles jogos da década de 90 que valiam idas ao Brasil, ao ponto de imagine-se, ter-se voltado a ouvir a Curva Sul a entoar “invasão, invasão!”. Cereja no topo do bolo: penalti e expulsão de Rui Patrício. Neste momento chega a tornar-se ridículo discutir se foi ou não penalti, porque não foi (ainda assim, tomem lá) e já no estádio, sem repetição, se ficou com a clara ideia de que Patrício tinha chegado primeiro à bola. E quem vier defender que foi estará ao nível da foto que o CM escolheu para a capa e para o seu momento de propaganda em troca de poder transmitir aquecimentos em directo. Por baixo da cereja, as constantes apitadelas erradas, a traulitada que não valia amarelos, o enervar com  mandar reposicionar a bola e o brilhante erro técnico de impedir os jogadores do Sporting de disputarem uma bola ao solo.

E o Sporting? O Sporting acordou após a expulsão. Ruiz começou a abrir o livro e espalhou magia assim que se iniciou a segunda parte. Já com Gelson em campo, a equipa ganhou uma dimensão completamente diferente e partiu para 20 minutos de vendaval ofensivo. Quem ali chegasse naquele momento, jamais diria que estavam 10 contra 11, tal o encostar às cordas a que o Tondela foi sujeito, incapaz de segurar as investidas de João Mário, Ruiz, Gelson e Slimani, com os laterais a subirem constantemente e Adrien Silva a ser o elástico que segurava tudo isto. Veio a cambalhota no marcador e veio o raio de uma troca de chuteira que acabou por quebrar o ritmo. Pelo meio o Tondela tem uma flagrante oportunidade (Naldo nem tentou esticar a perna, com receio de mais um sopro adverso), mas o jogo entraria numa toada morna, sempre pincelada pela irreverência e velocidade de Gelson.

Poder-se-à dizer que Jesus podia ter mexido e reforçado o meio-campo para congelar o jogo, mas é sempre mais fácil falar depois dos factos consumados. É verdade que a equipa diminuiu a velocidade, mas também é verdade que o Tondela não conseguiu criar uma jogada de perigo a partir do momento em que sofreu o segundo golo. Isto até aos 85 minutos, onde um lançamento longo apanha a nossa defesa a sair e permite ao avançado isolar-se para fazer o empate (e, aqui, tenho pena que a velocidade cerebral de Jefferson não lhe tenha permitido pensar em fazer falta e arriscar uma expulsão em benefício da equipa).

Faltavam cinco minutos, depois vieram mais cinco de compensação que nem chegaram ao fim e que foram queimados de todas as formas e mais algumas. João Mário e Gelson Martins deixaram o grito de golo preso na garganta do adeptos, as mesmas gargantas que, face a um empate inesperado, terão que continuar a gritar aquilo que faz sentido: nós continuamos a acreditar em vocês!