Na minha opinião, a hipotética implementação do Video-Árbitro, não vai melhorar em nada a qualidade da arbitragem em Portugal. Pelo contrário, só nos vai trazer mais frustrações.

Porquê? Primeiro, porque o problema da arbitragem em Portugal está longe de ser apenas a qualidade dos árbitros, e das suas análises durante o jogo. Segundo, porque para funcionar, teríamos que partir do pressuposto que as pessoas que gravitam à volta da arbitragem em Portugal, são pessoas honestas, que não cedem a pressões, nem são influenciáveis, e que querem arbitrar bem.

Se, as coisas seguissem o seu caminho “normal”, a pessoa do video-árbitro, seria só mais um a ganhar dinheiro, e possivelmente prendas, para fazer a análise dos lances consoante as indicações da estrutura federativa, e de quem a controla. Se o tal individuo quisesse que o penalti sobre o Jonas fosse penalti, não teria pudor nenhum em analisar o lance desta forma. Pior, este individuo, até poderia fazer com que um árbitro que tivesse tomado uma decisão correta, voltasse atrás na mesma, sob a égide que a sua análise é baseada em imagens. Quando muito, serviria para desresponsabilizar os árbitros, e deixar de atribuir-lhes as culpas, pois a decisão foi do video-árbitro, que mais facilmente iria passar no anonimato.

Por muito que queiramos ser imparciais, todos nós, inconscientemente vislumbramos um lance a favor ou contra mais de acordo com o que nos dá mais jeito. Simplemente porque existem muitos fatores subjetivos na arbitragem, que não deviam existir. A questão da avaliação de intenção, em lances de fora-de-jogo posicional, em bolas na mão, e até a intensidade do contacto, não ajudam. Lances como o do Jonas e do Maxi, existem em todos os jogos. Diria que em 80% dos penaltis marcados, é o atacante que promove o contacto e não o defesa. É simplesmente assim que funciona, o jogador procura ganhar vantagem desta forma.

É preciso ver para além dos penaltis. É preciso ir analisar os critérios de marcação de faltas, na mostragem dos cartões, na permissividade do anti-jogo. É nestes pequenos pormenores que se percebe que tipo de árbitro temos. Aos 10 minutos de jogo já se consegue perceber ao que o árbitro vem. Os árbitros que conseguem passar despercebidos sem lances polémicos, são os melhores(piores). Porque sabem não só arbitrar, mas sabem também como controlar o jogo como lhes convier.

Por último, o video-árbitro não resolve questões como o linchamento do Slimani com câmaras a persegui-lo por todo o campo, como a instauração absurda e única de um processo disciplinar ao jogador, como a demora ou a fugacidade de um castigo, como o arquivamento de queixas de lances só porque o árbitro diz que os viu, quando não foram punidos corretamente. Não resolve os processos que são instaurados, são julgados e cumpridos, e depois em ultima instância são anulados em prejuízo sempre do mesmo. Não resolve o dolo sem intenção. Não resolve as ofertas de mera cortesia. Não resolve a subserviencia de clubes em relação a outros.

 

ESCRITO POR Ruben M.
*às quartas (esta semana começa à terça porque há uma fila tão grande que parece que começaram os castings para o Master Chef), a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]