A história recente de contratações internas do Sporting não é propriamente um cenário agradável para reflectir. Marega, Suk e Danilo, entre outros nomes menos sonantes, escaparam por entre as pernas das nossa mesas de negociação, talvez não tanto por incapacidade de fechar negócios como tantas vezes foi narrado pelos intervenientes dos clubes vendedores e empresários, mas sim pela incapacidade de prometer mundos e fundos aos alvos do mercado. Dá muito jeito contar as histórias de forma elogiosa ao clube que nos encheu os bolsos e muito menos jeito dará assumir que se investiu 20, 30 ou 40% mais do que o rival na contratação do jogador.

Se há coisa que o Sporting deve reflectir em futuras rondas negociais, principalmente no mercado interno é o timing e o arrastamento das mesmas. Os nossos rivais só conseguem interferir nos negócios porque os parâmetros dos negócios não se estabelecem rapidamente dando tempo e margem para, sobretudo os empresários, iniciarem o leilão já sobejamente conhecido. Parece-me sensato o Sporting tentar contrariar o factor que o tem impedido de assegurar os melhores jogadores da nossa Liga…e esse é, mais do que a incapacidade de investir, o apetite voraz de outros clubes em resgatar o que nos interessa, agitando mais tarde a bandeira da competência negocial.

Existirão alguns métodos para tentar evitar os tais leilões e todos eles passam por uma preparação prévia e definida ao milímetro do que o clube pode investir no atleta, do que o clube pode dar ao emblema vendedor e o que a nossa SAD pode garantir aos empresários como recompensa. Chegar à mesa para negociar e sair dela sem o negócio concluído é uma circunstância que nos tem garantido a entrada de outros “agentes” na equação e não poucas vezes a perda da vantagem na mesma. O Sporting simplesmente não pode dar tempo e espaço aos esquemas habituais, devendo impor prazos externamente céleres e garantindo ao empresário o abandono da intenção de compra assim que espirado o timing definido.

Mais do que hostilizar os empresários e presidentes de clubes, o Sporting deve criar um estilo de negociação, um modos operandi que lhe garanta mais sucesso e que compense as incapacidade naturais de recorrer à trapaça e à carteira eternamente recheada, terrenos onde perderemos sempre por goleada com os nossos principais rivais. Vi ontem na tv, o cada vez mais “pró-Vieira” Rui Santos (já está a jogar as fichas no vermelho…que velho rato) dizer uma coisa interessante sobre tudo isto. Dizia o comentador que o Sporting não tem um elemento na sua estrutura que seja reconhecido no mercado, entre empresários e clubes, como o “homem das transferências” e entre as demais baboseiras que afirmou, esse é um argumento onde o clube pode e deve reflectir. Todos os recursos humanos se especializam dentro de quadros altamente produtivos. Essa capacidade para explorar uma capacidade até à perfeição garante taxas de sucesso mais elevadas no campo definido. O Sporting terá de definir este especialista o quanto antes e…olhando para o quadro da SAD, essa figura não consta do elenco.

Fechando a 3 época completa, parece-me que esta direcção terá de iniciar alguma reflexão interna sobre a operacionalidade da SAD em muitas questões vitais para o futebol e por mais que isso custe aos que defendem a racionalidade de verbas gastas em quadros logísticos, eu vejo com muito bons olhos a entrada de “especialistas” que venham a assegurar maior eficiência nestes jogos de muitos milhões de euros. Certamente pouparão infinitamente mais que os seus salários ao clube.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca