Bancadas repletas, sol a bater em queda, Alvalade a atingir o seu ponto de rebuçado em termos estéticos. Leoas, muitas, que era jogo delas, e quase 45 mil almas a deixarem claro que estão ao lado de uma equipa que não demorou a agradecer-lhes a militância: canto do lado direito, bola de pé para pé, do de João Mário para o de Schelotto, viajando para o flanco contrário onde, de rompante, Zeegelaar aparece para cruzar com conta peso e medida para a cabeça de Teo. O colombiano não se fez rogado e encostou, de cima para baixo, abrindo o marcador.

O mais complicado estava feito e Teo voltava a reclamar protagonismo depois de uma verdadeira passagem pelo deserto em termos de compromisso para com a equipa. Seis golos em cinco jogos e uma primeira parte onde praticamente todas as jogadas de ataque passaram pelos pés do número 19. Naquele seu jeito dengoso, que às vezes parece uma cumbia e chega a irritar, Teo aparecia a descair para as alas, a procurar tabelas, a assumir a bola. E foi assim que nasceu o segundo golo: o colombiano arrancou, tabelou com Slimani, voltou a receber e abriu em Schelotto; o centro deste, que seria para a entrada do argelino, foi desviado, mas aí voltou aparecer, em passada larga, Marvin Zeegelaar pronto a fazer nova assistência. O “sim” foi dito por João Mário, com um desvio em grande estilo.

Aos 20 minutos o Sporting tinha o jogo como que resolvido e jogava um futebol capaz de deixar os adeptos “loucos da cabeça” (e tantas cabeças destes adeptos devem pensar “que Leão monstruoso poderá vir a ser este, no dia em que afine o seu killer instinct). Mas é justo dizer que entre os dois golos voltou a brilhar aquele que é um dos mais ilustres representantes do Rampante. A defesa de Rui Patrício ao remate de Danilo Dias vale tanto como um golo e faz sorrir qualquer sportinguista que se preze. O sorriso aumenta quando se pensa que à frente do número 1 vai evoluindo uma dupla de centrais como há muito não se via pelas bandas de Alvalade. E se Ruben Semedo ainda divide algumas opiniões, Coates é um verdadeiro monstro que valerá cada euro dos cinco milhões que o Sporting terá que pagar para ficar com ele. O mesmo Coates que, em cima do intervalo, arancou de costa a costa, limpou todos os que lhe apareceram pela frente e, qual Karl Malone, quis entregar a encomenda na perfeição. Teo já voltava a bambolear-se para festejar o golo, mas um desvio do redes impediu Alvalade de celebrar o terceiro.

O intervalo chegava e tudo se resumia a uma certeza: o Sporting faria o que quisesse deste jogo. Aliás, sempre que quis acelerar (ok, isto não vale para Adrien que se recusou a abrandar o ritmo), a equipa verde e branca colocou a nu as insuficiências do União que, sublinhe-se, não veio a Alvalade estacionar o autocarro. E o que o Sporting quis fazer da partida durou até cerca dos 70 minutos, altura em que o tal Adrien resolveu ensaiar uma bomba colocada. Tão colocada que a explosão se deu no poste e deixou a nação de mãos na cebeça e “golo” preso na garganta. Antes, Ruiz tinha ensaiado uma bicicleta com a mudança errada e Teo desperdiçou uma ocasião soberana vendo Gudiño defender como se fosse um redes de andebol (e que jeito daria ter um Gudiño em vez de um pino sueco…).

O ritmo baixava, as substituições acumulavam-se, o sr do apito soprava de cada vez que um jogador leonino disputava a bola. Nas bancadas, ensaiavam-se cânticos já a pensar na próxima jornada, sem esquecer que muito de importante poderá acontecer até ao final desta (já vos disse que sempre fui fã do Heldon e do Postiga?).