No passado sábado, sete de maio – dia do leão – despedimo-nos, por esta época, do José de Alvalade XXI. O dia foi um autêntico inferno de chuva. Mas nem isso demoveu os mais de 43 mil crentes do leão rampante que rumaram a Alvalade para se despedir do palco dos seus sonhos.

Esta noite tão mágica e cheia de amor verde e branco, fotocopiou em forma de golos a chuvada que se sentiu ao longo do dia. Os nossos heróis tiveram o nome de Gelson Martins – onde pela primeira vez bisou pela equipa principal no Sporting, Teo Gutiérrez – que depois de um jogo de folga de golos, voltou a encher o pé e a marcar. E finalmente aquele senhor que se personifica na palavra classe: Bryan Ruiz não marcou um, mas sim dois golos. Um de livre que trespassou a barreira, e outro que, na minha modesta opinião, foi tal e qual o seu autor: uma classe. Aquele golo que sucedeu de um livre marcado por Bruno César é assinado pelo costa-riquenho com um pontapé certeiro que beija a barra e entra (há quem diga que até parecia um golo de playstation). No total foram cinco remates que entraram pela baliza sadina adentro, e foram também cinco as vezes que as bancadas de Alvalade se levantaram para festejar efusivamente no dia que assinalava fecho de portas da nossa casa, por esta época. Este jogo, que só viria a ter uma mancha de injustiça no pano imaculado da festa verde e branca (o capitão Adrien Silva vê um amarelo discutível e fica de fora para a última jornada em Braga) foi em tudo para lá de exacerbador.

Atrevo-me a dizer que esta época o ambiente nas bancadas ainda não tinha sido tão avassalador e arrepiante como foi a do passado sábado. Alvalade foi um autêntico vulcão verde e branco em ebulição. Da sul à norte, passando pelas centrais, tudo gritou, cantou e levantou bem alto o cachecol para dizer que quer o Sporting Campeão. E que até ao cessar dos últimos 90 minutos vamos acreditar sempre, tal como a nossa crença e devoção mandam. E já que ser sportinguista é sofrer a bom sofrer, e saber fazê-lo, até ao fim, temos também, claro, de acreditar até ao último toque que a bola der nos pés dos nossos jogadores!

E ainda ressalvar, claro, a homenagem ensurdecedora e arrepiante neste dia que assinalava o dia do leão. Alvalade foi palco transformado em céu, onde “estrelas” se iluminaram para homenagear os que partiram com um leão gravado no coração. Esses leões e leoas já não estão entre nós, mas agora com certeza formarão uma enorme curva lá em cima onde torcem, como todos nós aqui em baixo, pela sagrada verde e branca. Honrámos os que partiram e agradecemos aos que cá estão e que continuam a honrar esta listada tão cheia de magia. E porque como já referi, ter sido último jogo na nossa casa, esta temporada, a despedida no sábado foi também uma ovação de pé aos protagonistas e aos momentos mais marcantes de uma temporada que honrou verdadeiramente a verde e branca que envergámos com o maior amor e orgulho. No fim-de-semana passado, os que presenciaram o espetáculo nas hostes do leão sentiram que Alvalade, o palco dos nossos sonhos, foi na emoção de um sportinguista convicto, um turbilhão de emoções numa noite de gala onde se fizeram as despedidas da melhor e mais saborosa maneira.

 

ESCRITO POR Margarida Bibe
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]