Terminará amanhã, dia 1 de Julho, a ligação de André Martins ao Sporting Clube de Portugal, clube que o formou e lançou para o futebol profissional, clube que serviu até ao último dia com a dignidade e classe a que nos habituou.

Chegou em 2002, com apenas 12 anos, e cedo foi identificado como uma das nossas maiores promessas para o futuro. Foi emprestado ao Real, Belenenses e Pinhalnovense até se estabelecer na equipa principal do Sporting, ao serviço de Domingos Paciência. 

Na segunda metade dessa época, foi André e mais 10. Brilhou em Bilbao e frente ao Manchester, construía o jogo do Sporting como ninguém. Abria espaços, encontrava colegas, sem medo de ter a bola no pé e sempre de cabeça levantada. Esse é o André que recordo, o 10, o construtor o jogador ofensivo. Nunca um equilibrador de espaços, um cortador de bolas que enfrenta os seus adversários corpo a corpo. E o facto de nenhum treinador em Portugal, e no Sporting em particular, ter coragem de jogar com um 10 puro prejudicou as características mais apuradas de André Martins.

Foram muitos anos de ligação a um jogador que deu o que tinha e o que pode pela nossa camisola. Que sai sem nunca chamar para si os holofotes da imprensa, sem nunca causar polémica, com um respeito e elevação que nos faz perceber que o Sporting cumpriu o seu papel. Formou o jogador e o homem, que certamente levará o seu clube no coração para onde quer que seja.

É com pena que vejo sair André Martins, um dos jogadores que melhor percebe o jogo e que mais inteligentemente o executa a sair da nossa Academia em alguns anos. E paremos de falar de alturas, músculos e caras de mau. O futebol evoluiu muito nos últimos anos para ser reduzido a homens de alta envergadura. O André não vingou no Sporting porque andou sempre fora de posição e porque o Sporting foi descobrindo mais e melhores talentos.

Gostava de ver o clube ter uma palavra para com ele e é preciso agradecer-lhe todo o esforço e dedicação durante 14 anos, que agora terminam apenas com um aperto de mão. Vai embora o jogador, mas levará com ele o sportinguista. Estou certa que ganhamos um adepto e o espaço para ver aparecer novas pérolas de Alcochete, de quem poderemos esperar apenas o mesmo carinho que André teve com a nossa casa.

 

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa