Arrancou o campeonato sub-19, frente à Áustria, e os rapazes de Emílio Peixe estrearam-se com um empate, assegurado pelo nosso jovem Pedro Empis, que já tivemos aqui oportunidade de destacar e a quem desejamos toda a sorte neste campeonato. Mas, e antes de enchermos de elogios os nossos escalões jovens e as equipas da selecção, não podemos deixar de discutir, com alguma preplexidade, uma das convocatórias mais estranhas a que assisto.

Antes de colocar os óculos verdes, que tão bem me assentam, é com espanto, mas sem muita surpresa, que vejo que não existe um só jogador do Rio Ave (por exemplo Vitó Ferreira), equipa sensação do último campeonato sub-19, não está qualquer jogador do Belenenses, outra equipa que superou as expectativas, nem Edu Pinheiro, médio que actuou pelo Paços que entretanto o Sporting contratou, e que foi o melhor jogador da sua equipa e um dos melhores do campeonato.

Depois, é com alguma reticência que afirmo que esta deve ser uma das melhores gerações portuguesas, porque só uma das melhores poderá deixar de fora das suas opções jogadores como Bruno Paz, Pedro Ferreira e ainda, o melhor marcador da temporada passada, Ronaldo Tavares. E para que não digam que apenas vejo Sporting, até o “desertor” Moreto Cassamá é esquecido em prol de não menos que 3 médios do 6º classificado do nacional de juniores.

Já não é a primeira vez que considero estranhas algumas opções, e será raro que me vejam entrar em teorias da conspiração do mundo contra o Sporting, mas pela segunda vez este ano vejo convocatórias completamente desequilibradas e sem muito critério. Os sub-17, que entretanto se sagraram campeões da Europa, incluiam apenas 3 jogadores daquela que é, de longe e a muitas milhas, a melhor equipa portuguesa, entretanto campeã nacional.

Mas nada disto é novo. Palhinha, Podence, Geraldes e Guilherme Ramos, por exemplo, são constantemente ignorados pelos seleccionadores nacionais, apesar de serem unanimemente considerados como alguns dos maiores talentos do nosso país.

Compreendo que nem sempre o momento deve ser considerado na altura de uma convocatória. Compreendo que se aproveitem rotinas e que o grupo, ao final do dia, é o mais importante. Mas Emílio Peixe apresenta uma equipa boa, que poderia ser bastante melhor, e isso é que mais me deixa alerta.

Não, não são ciúmes, nem azia, nem vontade de ter uma escola tão fantástica como a que está no Seixal. Nem sempre quando se critica se tem clubismo exagerado ou se veste uma camisola, às vezes a crítica realça algumas das coisas que se fazem realmente mal. É surpresa por ver tanto talento em Portugal que chegará à selecção A sem passar pelos escalões jovens, mas sendo há vários anos reconhecidos pelos adeptos de futebol.

No fim disto tudo, quem safa o empate é o Pedro Empis. Se não estamos perante (mais) um casa de justiça divina…

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)