Nos últimos dias muitos têm sido os rugidos dos Leões e Leoas quanto à situação de Adrien Silva. Na caixa de comentários da “Tasca” vê-se a dor, a descrença, a angústia e mesmo o desencanto com o (ainda) capitão da equipa de futebol profissional do nosso enorme Sporting.

Antes de mais e para que não me estranhem, sou um leitor assíduo da “Tasca” há muito tempo, antes da renovação de nome e estilo, mas nunca coloquei por escrito um texto ou comentário. Gosto muito do ambiente que aqui se respira, apesar de ver muitas vezes que a paixão é demasiada e parece-me que andamos a bater em nós mesmos. Há Leões e Leoas que teimam em alinhar em faccionismos contra e a favor da Direcção. O Sporting é um só! Somos todos NÓS (e não estou a fazer uma tentativa de publicidade encapotada ao nosso patrocinador) e como me ensinou alguém, que muito respeito como Leão, “os presidentes passam mas o Sporting fica!”.

Tirando então estas considerações do caminho, dizia eu que existe muita polémica, e com alguma razão, sobre a questão do Adrien. Desde já, e para mais fácil análise, deixo aqui os factos que conheço:
– Adrien Silva tem contrato com o Sporting até 2020
– O “capitão” renovou o contrato em Fevereiro deste ano
– Essa renovação concedeu-lhe um aumento salarial, tendo envolvido um esforço financeiro do Sporting (aliás, é referido na comunicação do nosso clube “avultadas somas de dinheiro”)
– Terá sido adquirido uma percentagem do passe (30%) do jogador com igual esforço financeiro
– O jogador disse publicamente que acabaria a sua carreira no Sporting, dando a entender que não se desvincularia da ligação contratual
– O jogador, no dia seguinte, ao clássico contra o FC Porto (com vitória clara mas por apenas 2-1) dá uma entrevista (pretensamente a caminho da concentração da selecção) ao Jornal “O Jogo” na qual refere uma proposta de 25 milhões do Leicester e demonstra a sua vontade de ir para Inglaterra.
– O Sporting emite comunicado esclarecendo a sua posição e referenciando o contexto da renovação do jogador, bem como o desconhecimento de qualquer proposta ou a intenção do jogador na saída do clube
– O pai do jogador vem responder referindo que Adrien deu muito ao clube (desde os 12 anos) e que o Sporting deve respeitar a sua vontade.

Estes parecem ser os factos. E por isso, com base nos mesmos, posso tirar as seguintes conclusões e opinião: Adrien Silva renovou jurando o “amor à camisola” mas após a saída de João Mário e o assédio a Slimani terá equacionado que “é um profissional” com direito a melhorar a sua situação financeira.

O que mais me custa é que considero Adrien Silva um exemplo de “capitão” em campo – mostra raça, entrega e faz de cada disputa de bola uma “batalha” em prol da verde e branca que veste. O mesmo sucedeu com João Moutinho, também ele capitão, também ele lutador incansável em busca da bola, que raramente se lesionou e sempre se pautou pela raça e entrega.

Do baú das recordações, vem então um outro nome, esse sempre ligado ao Sporting e que se confundia com o enorme Leão Rampante – Oceano Cruz. Foi capitão em todos os sentidos, dentro e fora do campo. Nunca baixava os braços perante o resultado negativo, nunca quebrava enquanto outros, mais bem pagos, “atiravam a toalha ao chão”.

Isto tudo para chegar a este ponto. Nos tempos actuais, o conceito de “amor à camisola” não é mais o vínculo eterno ao clube. Os jogadores mais “raçudos”, com grande entrega e que lutam pela camisola que vestem mais cedo ou mais tarde cedem às tentações financeiras e aos salários brutais que se praticam nas grandes ligas. Nós, adeptos, apenas ficamos iludidos com essa entrega como se ela fosse “amor à camisola” dos tempos antigos. Com isto não quero dizer que Adrien Silva, João Mário, Nani, Cristiano Ronaldo ou outro dos nossos craques não sejam sportinguistas e leões. Apenas tomam decisões baseadas na melhor expectativa de vida pois a mesma é curta em termos profissionais.

O que já não fica bem é o Adrien, o pai do Adrien e quem falar por ele, vir solicitar respeito porque está ligado há quinze anos com este clube único no Mundo. Para mais, quando é o próprio jogador a fazer “juras de amor eterno” aquando da renovação. Fica muito mal! E para mim, fica pior quando Adrien dá uma “entrevista” a caminho da concentração da selecção, ao jornal em questão, e a dois dias do fecho do mercado! ( E coloco a questão: Será que em caso de empate ou derrota, “daria a mesma entrevista”?)
Eu, e certamente todos os outros Leões e Leoas que estão desse lado a ler, jurámos amor infinito à camisola verde e branca, e confesso que sempre que jogo à bola, lá estou eu com o leão rampante no peito (mesmo que a camisola esteja em casa para lavar) porque não há jogo em que não seja um jogador do Sporting.

Um abraço a todos e saudações altamente leoninas,

PS – Em termos de “amor à camisola” saiu um jogador que sempre o vi como Leão, dentro e fora do campo. O seu nome é André Martins. E não posso de deixar de lembrar outro, embora num campo mais pequeno: o enorme João Benedito.

ESCRITO POR Nuno Amado de Freitas
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