Nesta altura estarão centenas de colaboradores em Alcochete a acender uma velinha, a olhar para o céu e a pedir “por favor, deus Peyroteo, deixa-nos formar um ponta-de-lança de classe mundial”. Nós pela Tasca fazemos quase o mesmo, mas pelo caminho pedimos também um lateral esquerdo, se não for estar a exagerar nos pedidos aos muitos requisitados sportinguistas que se têm esquecido de alinhar as estrelinhas naqueles momentos que precisamos mesmo de uma.

O pedido não é novo e muitos foram os jovens que acompanhámos desde muito novos que dissemos “desta vez é que é”, para depois nos fazerem coçar a cabeça sem perceber como é que o futebol sénior lhes correu tão mal. Falo de Saleiro (engolir em seco e suspirar) mas até de Wilson, Betinho ou Zé Postiga. Eram aqueles que iam lá chegar, mas nunca foram além de uma carreira na Primeira Liga, nunca verdadeiramente goleadores ao serviço da equipa principal do Sporting.

Chegou agora Pedro Marques. Um jovem que pode ser aquilo que quiser, desde que se mantenha no caminho até aqui traçado. Muita qualidade, frieza e mobilidade, que fazem dele um dos mais promissores avançados cá do burgo. Já o era em Belém, reforça agora esses estatuto a jogar entre a equipa B e pelos juniores, na Youth League. Numa semana 3 golos e qual o melhor de todos eles.

Ronaldo Tavares é outro caso também em crescimento, e esperemos que este ano tenha a evolução táctica e técnica que lhe permita ter aspirações de chegar aos graúdos. Primeiro porque tem nome de craque (e julgo que é a melhor hipótese de vermos um Ronaldo de verde e branco) depois porque tem características que podem fazer dele um Slimani ou passar para o ecoponto Éder (um lugar sombrio e com muitos atropelos, apenas disfarçado por um golo numa final onde ninguém se quis lembrar que afinal o Santos o tinha levado).

Rafael Leão é o senhor que se segue e um jovem que já tivemos oportunidade de analisar. Há quem defenda que é melhor que Ronaldo, há quem diga que lhe falta golo, outros que lhe falta massa. Para já, nenhum destes pontos pode ser comprovado. Tem talento, isso é inegável, e aquela ratice de área aprumada com uma técnica de outro nível. Mas tem muitos muitos pontos para melhorar esta temporada ao serviço dos sub-19. O seu caminho é simples: ou é Liedson (já que o papel de Aguero está destinado a Podence) ou é um… vá…Liedson do Porto. Este é o nível de fé que tenho nele.

Mas falta ainda o mais goleador (esta temporada) e a belíssima surpresa. Rúben Teixeira (o tipo com o nome mais tuga da nossa formação) tinha todo o aspecto de gajo que acaba no Rio Ave a dar trabalho aos grandes, para depois ir ganhar uns trocados para um qualquer Estrela Vermelha desta vida. Mas como cresceu o miúdo! São “apenas” 5 golos em quatro partidas, mais umas tantas assistências. Raça, atitude, intensidade e técnica. Belos cabeceamentos, que quando não levam perigo são golo e quando não são golo são assistência, bem na desmarcação e a crescer no posicionamento. Com o seu 1,78 m é um dos mais perigosos esta temporada nas bolas paradas e um caso sério de maturação.

Agora acendam todos as velinhas. Um destes vai ter de dar. Se fossem todos eram só e apenas menos uns 30 milhões de investimento no plantel ao longo dos anos. Como quem diz, um Jimenez e um Aboubakar, vá.

Ps: Amido Balde, de regresso a Portugal, foi o melhor jogador em campo do lado maritimista na última partida. Deixou grandes indicações em Guimarães, não funcionou na Escócia, mas é sempre um jogador a acompanhar.

*às terças, a Maria Ribeiro revela os seus apontamentos sobre as novas gerações que evoluem na melhor Academia do mundo (à excepção do Dubai)