Já estive mais longe de me afastar de todo este reboliço à volta do clube, que envolve as redes sociais. São outros tempos, mas consome um gajo. É uma inside daqui, uma opinião dali, discussões sem sentido, por aí fora. Tantas coisas que preferia não saber…

Durante tantos anos, puto… lá vinha eu da margem sul pela manhã para ver o jogo às 15 em Alvalade. Com sorte, havia jogo na nave, ou os juniores no pelado. Autocarro, barco, metro… Nem telefone, nem internet. Não ganhávamos, porque o sistema do norte prevalecia mas também porque dávamos os nossos tiros nos pés. No entanto, isso pouco importava. Acreditava sempre até não ser matematicamente possível. Inocência.

Hoje, não ganhamos porque o sistema vermelho prevalece e porque apesar de 30 anos onde pouco aprendemos, continuamos a dar tiros nos pés. E mesmo com os tropeções que teimamos em dar, há um apoio incrível à equipa, os sócios aumentam, a quantidade crianças no estádio é enorme e nunca viram o clube campeão. Há que enaltecer isto e falar menos dos outros. Falar mais, muito mais de nós.

Metido no meio do barulho, forte adepto do Fight & Resist, dou por mim num descrédito total em relação a uma modalidade que tanto adoro. Podemos fazer uma das melhores épocas de sempre, que não chega. A perfeição não existe e por mais que se trabalhe para alcançá-la, devíamos festejar mesmo cometendo erros. Menos erros que os outros.

Portugal é tramado neste aspeto. Permite que um desporto fantástico seja em primeiro lugar um negócio sujo quando devia ser paixão. A impunidade prevalece. Os meus putos que olham para o Sporting com paixão, diversão, o que importa é a bola entrar, saltar… abraçar… O cachecol vai para a escola independentemente do resultado. Mas em pouco tempo estarão a perceber como isto funciona, os interesses, a picardia, as redes sociais vão devorá-los.

Vou aproveitar enquanto posso para lhes dar um pouco do que tive: Ir à bola, pavilhão, conviver antes dos jogos… mas depois mudar a agulha para as restantes coisas da vida. Será saudável viver o Sporting 24 horas quando grande parte desse tempo não é a discutir paixão, táctica, golos…? Uma coisa sei… quarta-feira às 19:45 o sentimento será o de sempre.

 

ESCRITO POR braveheart
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected] (esta semana os petiscos começam a ser servido mais cedo, em virtude do jogo de amanhã, em Dortmund)