Confesso-vos que o título desta crónica esteve para ser “Sempre a mesma merda”. Porque voltámos a fazer uma enorme exibição contra um chamado tubarão; porque voltámos a ser de uma cerimónia exasperante quando podemos rematar à baliza; porque os senhores do apito voltaram a dizer-nos que nesta coisa da Liga dos Campeões o campo inclina-se sempre a favor de quem tem mais milhões. Sempre a mesma merda, no fundo.
Mas preferi mudar, porque pese o amargo de boca deve ser salientado o que o Sporting Clube de Portugal fez nestas cinco jornadas de Champions. Jogando num dos grupos da morte, ganhou a quem tinha obrigação de ganhar e frente a dois dos candidatos a limpar a prova nunca foi inferior em termos de jogo jogado. Ontem voltou a acontecer, com alguns momentos de verdadeiro brilhantismo, como aquele em que o carrossel verde e branco leva a bola a Gelson, Adrien faz de conta que é dele e deixa que siga para o homem que está no início da jogada, Bruno César. O chuto do Chuta sai direitinho à baliza, mas pelo meio aparece a cabeça de Sérgio Ramos a substituir o guarda-redes e a mandar para canto.
Estávamos com pouco mais de meia hora da primeira parte e o Sporting, depois de entrar pressionante e encostar o adversário lá atrás, havia perdido o domínio do jogo. O Real ameaçava em rápidos lançamentos para Bale e para Ronaldo, Semedo e Coates (que monstruosa exibição do uruguaio, apesar de chegar atrasado no lance com Benzema) apareciam sempre no sítio certo. E Bas Dost quase chegou a tempo ao sítio certo, depois de um cruzamento rasteiro de Gelson ao segundo poste (já vos disse que este puto é enorme?).
Assim sendo, seria às três pancadas que os espanhóis chegariam à vantagem, com Ronaldo a chutar enroscado e a bola a cair nos pés de Varane. O Sporting reagiu de pronto, quase como se o golo adversário tivesse sido libertador. Veio a tal jogada cocktail à qual só faltou a decoração do copo e viria um livre que fez alguns milhares de Leões gritarem golo. Falta de Marcelo sobre Gelson que pareceu dentro da área, mas que foi fora, e Bruno César a ensaiar uma bomba que fez o universo merengue agradecer à Madre Mia que no fundo foi a Madre deles.
Ao intervalo estava tudo em aberto e cedo o Sporting mostrou que estava decidido a alterar o placard. Adrien pega na bola (que luxo que é tê-lo a ele e a William) e faz o que haveria de fazer várias vezes a preceito: lança Gelson. Marcelo borra-se todo na corrida e simula uma lesão, Gelson segue disparado e o público levanta-se. Empatar no segundo minuto da segunda parte seria fantástico, mas o jovem extremo acaba por decidir mal no último passe.
Lá vai Gelson novamente, agora lançado pelo Sir. O cruzamento que podia ter sido um remate atravessa toda a área, não há quem a meta lá dentro e já do outro lado acaba por ser Marvin a cruzar para um inofensivo cabeceamento de Bruno César.
E estávamos nós nesta sensação de que os cabrões dos espanhóis vão levar um golo não tarda nada, até porque o frenético do Campbell já estava em campo, quando se dá o momento de circo: João Pereira é expulso porque o fiscal de linha, que até o estava a agarrar, aproveita o teatro do Kavacic para dizer ao árbitro que existe agressão. E desse momento Gazprom resulta um corte no gás leonino. Schelotto entra para equilibrar a direita, Bryan vai tomar banho. Zidane mete Benzema e puxa Ronaldo para a esquerda.
O Real sai finalmente lá de trás (já passaram mais de 65 minutos) e o Sporting passa a jogar com essa subida do adversário. Rui faz uma enorme saída roubando a bola a Ronaldo, Will&Silva continuam a lançar Gelson e Campbell, agora com André como referência atacante. E nessa procura do empate, Coentrão corta a bola com a mão e Adrien converte a grande penalidade. “Nós Acreditados em Vocês”, entoa Alvalade, imaginando uma remontada épica. Cambpell quase chega lá de cabeça, os jogadores deixam corpo e alma em campo, mas acabam traídos por um golo a três minutos do final de um jogo agridoce onde, uma vez mais, não bastou ser tão grande como os maiores da Europa.
23 Novembro, 2016 at 12:31
Ainda sobre o jogo de ontem, gostei do que vi com 11 jogadores e gostei ainda mais com 10 (não gostei do modo como ficamos a jogar com 10…). A imagem de ver Adrien a ir buscar a bola ao fundo das redes com pressa de recomeçar o jogo (só faltou um valente e sonoro “Vamos!!!” – para as bancadas) marca para mim a memoria futura deste encontro.
SL
23 Novembro, 2016 at 12:54
Eu resumiria a coisa assim: temos uma defesa de grande nível, guarda-redes de top europeu incluído e um meio-campo de luxo (campeão europeu) que se pode bater de igual para igual com qualquer gigante europeu.
Mas temos um ataque muito abaixo do nível da restante equipa e sobretudo pouco assertivo, que está constantemente a travar a produção global da equipa. Nem é apenas uma questão de ponta de lança, mas também, porque Slimani fazia muitos golos do nada e Dost não os faz. Falta golo a esta equipa, falta gente que faça diferente do habitual ganhar a linha e centrar para a área (Campbell têm de ser titular, porque sabe finalizar na área) falta objetividade na hora de encarar a baliza.
Às vezes parece que os nossos golos são…demasiado previsíveis e elaborados. Os golos do real nasceram do nada e é assim que as vezes tem de ser.
Se não melhorarmos este aspeto, seja no mercado ou no próprio plantel, não temos hipóteses no campeonato. É o que eu acho, perdoem-me o desabafo.
23 Novembro, 2016 at 12:54
Já foi quase tudo dito sobre o jogo, foram 11 bravos leões e quando assim acontece, não há nada a apontar.
Queria só recuperar a discussão da importância do especto físico no desempenho das equipas, porque fui acusado de “conversa da treta” por vários tasqueiros, e pegar nas declarações de JJ no final do jogo quando disse: “Sabíamos que na 2ª parte o Real Madrid não ia ter andamento para nós, devido ao desgaste do seu último jogo e só conseguiram equilibrar a jogar 11 contra 10”.
Não foi só o JJ que tocou neste assunto, esta questão também foi abordada pelos jornalistas na CI e pelo próprio Zidane.
Quero ver se vão dizer agora que o campeão europeu é incompetente e isto foi tudo “conversa da treta”, ou que na 2ª parte a jogar 11 contra 11, o Real foi encostado às cordas porque os jogadores não quiseram jogar, são uma merda, ou não têm mentalidade ganhadora.
23 Novembro, 2016 at 13:03
Nunca esperei ver um jogador do real a simular uma agressão, ainda por cima estando a ganhar. Foi do mais baixo que já vi. Deviam estar mesmo nas lonas fisicamente para fazer aquilo e aí dou-te toda a razão.
Borraram-se todos quando fomos para cima deles.
23 Novembro, 2016 at 14:16
Tas a querer comparar jogar com o Atletico e depois com o SCP, a jogar com o Real e o Tondela (por ex)?
Ninguém discute o cansaço pós LC, questionamos sim o cansaço ser motivo de desculpa para nao ganhar a uma equipa muito inferior
23 Novembro, 2016 at 14:22
Nogueira…. pelos vistos o brunovl já te respondeu.
Mas ainda assim acrescento que quando vieste com a conversa do cansaço vieste dizer para irmos perguntar a “experts” da FMH e tiveste “azar”… que apareceu o Mestre Rui Jordão a explicar-te por A+B que a conversa dos picos de formas era treta 🙂
Mas pronto… pela Teoria Nogueira não ganhamos no Bessa e a desculpa vai ser o cansaço do jogo de ontem!
23 Novembro, 2016 at 16:00
O Rui Jordão nunca disse que era conversa da treta, ao contrário de ti o do brunovl. O que o Rui Jordão disse é que hoje em dia não se utiliza muito em competições de longa duração.
Posso dar vários exemplos que os picos de forma não são treta, como na natação e atletismo, por exemplo. Como se explica que os recordes europeus e mundiais são normalmente batidos nas grandes competições como JO, Mundias, Europeus. Como se explica que todos os atletas programam as suas preparações para atingir o nível mais alto nessas competições, tudo isto é factual e público.
Competições como a Ronda de elite do Futsal, onde se joga um apuramento para uma Final 4, com 3 jogos em 4 dias, não se enquadra em competições de longa duração e a preparação tem de ser feita enquanto decorre outras competições, não dá para parar o campeonato.
Para terminar, espero que o Nuno Dias tenha a equipa no pico da sua forma, porque não é em ritmo de cruzeiro (tipo jogo com os Leões ou CS São João) que vai conseguir ultrapassar equipas como o Dinamo Moscovo. Só atingirá os objectivos com todos os atletas próximo do seu máximo rendimento.
23 Novembro, 2016 at 22:34
Da colecção: “Conversas da treta”
«Estamos no melhor momento da época» – Nuno Dias
Nuno Dias, treinador do Sporting, garantiu hoje que a sua equipa chega à ronda de elite da Taça dos Campeões da UEFA «no melhor momento da época» e mostrou ambição de se apurar para a fase final.
«A equipa está a jogar bem, entrosada, a marcar muitos golos e a sofrer poucos. Estamos a atravessar o melhor momento da época. Estamos numa competição onde estão os melhores e tivemos de nos preparar bem muito bem. Estamos cientes das dificuldades e sabemos que o primeiro jogo é muito importante. Espero que o fator casa seja determinante», afirmou o técnico dos campeões nacionais.
A ronda de elite da Taça dos Campeões da UEFA, que apura os quatro finalistas presentes na final four da competição, arranca amanhã e termina no domingo, no Pavilhão Multiusos de Odivelas. O Sporting irá medir forças com o Gyor (Hungria), Targu Mures (Roménia) e FC Dínamo (Rússia).
in A Burla 20:52 – 23-11-2016
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Nuno Dias ou é um gajo muito sortudo e nasceu com o cú virado para a lua, ou então é alguém com muito conhecimento e que conseguiu preparar a equipa física/tecnica e tacticamente para apresentar um “pico de forma” num dos momentos mais importantes da época.
Por acaso, só mesmo por acaso, Nuno Dias vem confirmar o que vinha defendendo aqui.
23 Novembro, 2016 at 15:46
Em alta competição todos os detalhes contam e neste jogo, nomeadamente na 2ª parte, o Sporting tirou vantagem física pelo facto de todos os que entraram no onze tinham no mínimo mais 3 dias de descanso que os jogadores do Real.
2º exemplo (Andebol Sporting – Benfica)
Todos a gente referiu que não estivemos tão bem na 2ª parte do jogo, mas toda a gente se esqueceu de referir que os lampiões anteciparam o seu jogo da jornada anterior para ter mais 3 dias de descanso que o Sporting e poder jogar com isso para aumentarem as suas hipóteses de discutir o jogo e isso reflectiu-se na 2ªparte.
Nunca disse que as perdas de pontos nesses jogos se deveram simplesmente ao cansaço. Foi questão física/falta de entrosamento de jogadores que chegaram à 4/5 jornada com LC e jornadas duplas das selecções pelo meio.
23 Novembro, 2016 at 14:31
Nao.foi o Coates q se atrasou.
Foram sim 3 jogadores nossos que estavam a fazer uma bela linha recuada lá no caralho mais velho que permitiu, pasme-se, o Ramos subir ate onde quis e centrar como quis para o Benzinas.
Fiquei pior q urso com aquela merda.
Ah, e o JP tambem podia fazer um ato de contriçao ao jeito do Coentros e admitir que aquilo sim foi uma REAL CAGADA!!!
O meu titulo seria: “O FA(R)DO DO COSTUME”
PS: O arbitro conseguiu ser mais irritante que o Xistra (acho q isso diz tudo).
23 Novembro, 2016 at 17:50
A chamada á selecção holandesa está a fazer bem ao Marvin … Que continue a subir de rendimento e se lembre do bom final de época que fez o ano passado.
24 Novembro, 2016 at 2:47
O Fernando Mendes declara abertamente que vai torcer pelo Napoles contra o carnide.
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