«De vez em quando, durante as viagens, o tema Ronaldo vem à baila e, se eu sentir confiança com o cliente, digo a verdade: ‘eu joguei vários anos com o Cristiano Ronaldo’. Mas vejo sempre neles aquela expressão desconfiada: ‘este taxista deve ser maluco’!»
Fábio Costa tem 32 anos, tal como Cristiano Ronaldo. O avançado chegou ao Sporting em 1997 e saiu em 2003 para o Manchester United. Fábio entrou no Sporting em 1998 e partiu igualmente em 2003 para jogar na III Divisão. O sonho do futebol profissional terminou pouco depois. Enquanto Cristiano Ronaldo vai acumulando golos, vitórias e títulos, Fábio Costa acorda todos os dias para pegar no seu táxi em Cascais e cumprir um objetivo nobre: a satisfação dos clientes. É essa a sua missão há vários anos.
O antigo lateral direito nasceu em cenário adverso, um bairro social em Alcoitão, onde viu crescer outro nome bem conhecido dos adeptos portugueses: Fábio Paim. O Sporting tirou ambos daquele ambiente mas cada um viria a escrever uma história distinta. Fábio Costa trocou o Estoril pelo Sporting em 1998, com apenas 13 anos. Cresceu na formação leonina, chegou à equipa B, à Seleção Nacional sub-19 e foi utilizado por Laszlo Boloni num encontro particular com a Académica. Parecia lançado para altos voos. Puro engano.
No verão de 2003, o ex-jogador viu-lhe ser tapado o caminho para a equipa B do Sporting, não recebeu o anunciado contrato profissional e deixou-se enganar por um empresário. Acabaria por sair para um clube da III Divisão e por lá andou até desistir do sonho do futebol. Aos 18 anos era uma boa promessa do futebol português, aos 22 sentiu-se obrigado a trabalhar porque os 400 euros que lhe pagavam no quarto escalão não chegavam para sobreviver. «Comecei por ser ajudante de distribuição de produtos alimentares, depois fui empregado de mesa (nesse altura ainda joguei no Fontaínhas, nos Distritais), jardineiro, e agora sou motorista de táxi há vários anos.»
Esta é a sua história.
Fábio Miguel Costa cresceu em Alcoitão e começou a jogar nos infantis do Estoril. Lateral direito com um potencial interessante, despertou a atenção do Sporting em 1998 e rumou a Alvalade. Cristiano Ronaldo tinha chegado da Madeira um ano antes. «Cresci numa família com muitas dificuldades, vivendo num bairro social em Alcoitão, muito problemático. Mesmo sendo uma distância mais curta que o previsto nos regulamentos, as pessoas do Sporting decidiram que era melhor eu sair dali e crescer em Alvalade. Vinha do mesmo bairro que o Fábio Paim. Aliás, ele é uns anos mais novo mas crescemos juntos, lembro-me de o ver por lá.»
A Academia de Alcochete era apenas um projeto, nessa altura. Fábio e os restantes jovens contentavam-se com a estrutura mais modesta no Estádio de Alvalade. «As instalações para a formação em Alvalade nada tinham a ver com o que surgiu depois em Alcochete. Era apenas um corredor debaixo de uma bancada, 10 quartos com 4 camas cada, um espaço comum, uma casa de banho para todos, enfim. Mas fui muito feliz ali.»
Fábio Costa vivia um sonho. Lutava por uma carreira profissional a par de nomes que viriam a deixar marca no futebol português. «Saí de casa com 13 anos mas esta sinto que essa decisão foi muito importante para o meu crescimento. O Sporting sempre nos deu um acompanhamento excelente, a todos os níveis e tive a oportunidade de partilhar esses anos com grandes nomes como Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, Hugo Viana, Miguel Garcia, etc.»
A temporada 2002/03 começou da melhor forma. Boloni utilizou o jovem num encontro de pré-época e Fábio sentia que o futuro seria risonho. «Disputei um jogo amigável pela equipa principal, com Boloni, na apresentação da Académica, em 2002. Ia começar a minha última época como júnior. Foi uma grande fase, em que joguei pela equipa B, pela principal e fui a um estágio da seleção sub-19. Eu e João Pereira, que estava no Benfica, éramos os laterais direitos.»
No final de agosto, o antigo lateral direito disputou o seu único jogo pelo Sporting B, numa receção ao Casa Pia. Entrou para o lugar de Mangualde, dois anos mais velho. Sem o saber, aqueles minutos na II Divisão B não teriam qualquer sequência. «Tudo indicava que estava lançado para uma boa carreira. Aconteceu tudo muito rápido, de seguida, e comecei a ser abordado por empresários, por pessoas com interesses, que acabaram por me aconselhar mal. Durante essa época, a última como júnior, Aurélio Pereira abordou-me para assinar contrato profissional, por duas épocas, com mais uma de opção. Ficou apalavrado mas adiaram para a assinatura para o final da temporada.»
Tudo mudou no verão de 2003. A equipa B foi reforçada por vários jovens que estavam cedidos a outros clubes. Face a esse cenário, diminuíram consideravelmente as vagas para os elementos da equipa júnior. «Quando acabou a época e estávamos encaminhados para a equipa B, alguém decidiu resgatar os jogadores que estavam cedidos a outros clubes. Ou seja, taparam o caminho para os juniores, que ficaram sem espaço. Salvo erro, subiram apenas quatro à equipa B: Edgar Marcelino, Paulo Sérgio, Valdir e Hugo Pina.»
«O Sporting não me deu o contrato profissional mas queria ver-me num clube próximo, da 2ª Divisão B ou III Divisão, para me ir acompanhando. Falaram-me do Amora, do Seixal, mas eu tinha expetativas mais alta, por tudo o que tinha acontecido, e por um empresário que me propôs ir para a Académica.» Fábio Costa acreditou. Deixou o seu futuro nas mãos de um empresário e viu o sonho esfumar-se. «Disse-me para ir de férias descansado, que tudo seria tratado. A verdade é que o tempo foi passando e o tal empresário nunca mais me ligou. Não digo o seu nome porque ele ainda se encontra no ativo e não guardo rancores, mas isso ficou-me marcado. Quando me apercebi, faltava um mês para fecharem as inscrições e eu estava num beco sem saída.»
Com apenas 18 anos, após cinco de Sporting, o lateral direito deixou Alvalade e o continente para rumar à Ilha Terceira, nos Açores. «Acabei por assinar pelo Velense, dos Açores, que estava na III Divisão. A verdade é que encontrei uma realidade muito diferente e não me adaptei da melhor forma. Passados alguns meses, ligou-me outro empresário e propôs-me ir para o União de Santiago, também da III Divisão, mas mais perto de casa.»
Velense, União Santiago, Tires, Cacém. Fábio Costa não mais saiu da III Divisão, algo que dificilmente imaginaria quando crescia a par de Cristiano Ronaldo. O futebol não lhe garantiria independência financeira. «Nessa altura começaram a faltar os ordenados, andava a ganhar à volta de 400 euros por mês e não era o suficiente para sobreviver. Fui para o Tires, sempre na III Divisão, e comecei a trabalhar. Tinha 22 anos. Até esse dia, o único trabalho que conhecia era o futebol. Ainda por cima, no Tires tive uma rotura de ligamentos no joelho e nunca mais fui o mesmo jogador. Voltei, joguei no Cacém, mas sentia que aquele sonho que tinha quando estava no Sporting já tinha acabado.»
Importa nesta altura voltar atrás. Fábio Costa cresceu no Sporting, dentro de uma estrutura profissional. Preparou-se devidamente para um futuro alternativo, longe do futebol? O motorista profissional de táxi admite que não. Confessa que os jovens são bem aconselhados nos clubes mas acreditam que estarão naquele grupo de elite que chega ao topo. «Só fiz o 9º ano, mas não foi por culpa do Sporting. Eles obrigam-te a ir à escola, mas não te controlam a cabeça. Infelizmente, por mais que nós saibamos que 95 por cento dos jovens não chegam ao topo, pensamos sempre que fazemos parte daqueles 5 por cento que conseguem. Todos os treinadores nos diziam para estudarmos, para não nos iludirmos, mas de nada valeu.»
Sem estudos e sem experiência em outras áreas, Fábio teve de aceitar o que a vida lhe deu. Com humildade e capacidade de sacrifício: ajudante de distribuição de produtos alimentares, empregado de mesa, jardineiro, motorista de táxi. «Não me esqueço de um dia em que houve um jantar do Sporting no restaurante em que eu estava a trabalhar como empregado de mesa. Eu tinha ‘desaparecido’, por assim dizer, e agora via ali o Sr. Aurélio Pereira à mesa…pensei muito mas acabei por dar a cara, fui servi-lo e ele foi um verdadeiro senhor. Se para mim podia ser uma vergonha estar ali, para ele não devia ser novidade, anda nisto há muitos anos, já deve ter sido confrontado com dezenas de casos assim.»
Fábio Costa tem atualmente 32 anos e sente-se realizado profissionalmente. Ainda assim, o futebol não está esquecido. «Desliguei-me um pouco, também porque tenho filhos pequenos, mas quero voltar um dia ao futebol. Costumo dizer que as pessoas foram para as universidades para se especializarem em certas áreas. Pois bem, eu estudei na universidade do futebol.»
Enquanto desenvolve a sua carreira como motorista de táxis, Fábio Costa guarda no livro de memórias a sua passagem pelo futebol e reserva o direito de contar a sua história durante as viagens entre Cascais e o Aeroporto de Lisboa. «É um orgulho que ninguém me tira, poder dizer que joguei com o melhor do mundo. De vez em quando, durante as viagens, o tema Ronaldo vem à baila e, se eu sentir confiança com o cliente, digo a verdade: ‘eu joguei vários anos com o Cristiano Ronaldo’. Mas vejo sempre neles aquela expressão desconfiada: ‘este taxista deve ser maluco’!»
Ronaldo chegou a Alvalade em 1997, Fábio em 1998. Saíram ambos em 2003. Um trepou até ao topo do futebol mundial, o outro teve de desistir da carreira para procurar a subsistência financeira longe do futebol. «Sou uns meses mais velho que o Ronaldo, era do ano acima, mas como ele andou sempre adiantado acabámos por jogar quatro ou cinco épocas juntos. Partilhámos os tempos em Alvalade, na Academia, na escola, e fico feliz por estar a ter o que ele merece», conta Fábio Costa, ao Maisfutebol.
O ex-jogador do Sporting garante que Cristiano Ronaldo demonstrou sempre uma grande preocupação pelo bem estar da sua família: «Com 14/15 anos, o Ronaldo já tinha contrato profissional e mandava o dinheiro para ajudar a sua família na Madeira. Sempre foi uma criança muito rebelde, como eu e o Paim, mas com ideias fixas e um grande coração. Lembro-me que ele estava sempre num grupinho que ia a um restaurante, ao pé de Alvalade, buscar a comida que sobrava dos jantares. Não eram restos, eram hambúrgueres, coisas assim, que os jovens gostam. O Ronaldo, quando chegava, fazia questão de ir a todos os quartos distribuir a comida, mesmo por aqueles que não tinham ido com ele. Isso demonstra o seu caráter», salienta.
Como explicou o motorista de táxi, nessa altura os jovens ainda não tinham a Academia de Alcochete e ficavam em instalações situadas no Estádio de Alvalade, por baixo de uma das bancadas: 10 quartos, 4 camas em cada um, dezenas de jovens com o mesmo sonho. Em campo, Cristiano Ronaldo já demonstrava caraterísticas especiais, embora não fosse o jogador em maior plano de evidência na equipa de juvenis, por exemplo. «Tenho vários jogos que fiz com ele gravados. Lembro-me sobretudo de uma fase final do campeonato de juvenis e de uma curiosidade: embora o Ronaldo tivesse imenso potencial, que todos reconheciam, quem dava mais nas vistas, nessa equipa, eram os extremos, o Paulo Sérgio e o Edgar Marcelino. O Ronaldo jogava no centro do ataque, via-se menos, mas distinguia-se pela postura, pela mentalidade», reconhece.
Durante a conversa com o Maisfutebol, Fábio Costa mencionou outro nome conhecido dos adeptos portugueses: Fábio Paim. Os dois cresceram num bairro social em Alcoitão e cruzam-se com frequência. Enquanto Fábio Costa trabalha como motorista de táxi, Fábio Paim procura relançar (uma e outra vez) a sua carreira de jogador. Em dezembro de 2016, assinou pelo Sintra Football, da Divisão de Honra da AF Lisboa: «Moro ao lado do bairro e ainda vejo o Fábio Paim por aqui com frequência. Quando se vem de um meio como este, é difícil fugir a tentações, a influências. O Paim teve acesso prematuro a valores altos, algo que mexe com uma criança que vem do bairro. De repente aparecem-te 50 mil ‘amigos’. Não duvido que ele no Sporting foi bem aconselhado, mas depois a situação descambou», resume Fábio Costa, desejando as maiores felicidades ao seu amigo, que tem atualmente 29 anos.
3 Março, 2017 at 10:38
Uma dica pessoal… mas transmissível 🙂
A culpa em alguns casos é das expectativas que os papás põem nos pimpolhos.
Quantas vezes já me disseram em casa
“… pá o rugby não dá nada a ninguém, pá…”
“… isto aqui só dá é o futebol, mainada…”
Claro que acredita quem quer, o futebol dá, mas ainda é quase mais fácil acertar numa boa soma do loto que ter ali um futuro para o bebézito bom de bola.
É pena, esta História, devia ser contada na primeira pessoa nas Academias, um pouco por todo o país, e transversal a todos os desportos, mas com foco especial no futebol…
Perdeu-se o futebolista, salvou-se o Homem. Ainda bem.
3 Março, 2017 at 10:57
Salvo erro o Fabio Paim já foi á Academia de Alcochete a convite da direcção para lhes trasmitir a sua história de vida, os erros que cometeu, etc.
3 Março, 2017 at 10:58
Já
3 Março, 2017 at 11:01
É isso amigo “Escondidinho”…
Há pais que deveria ser proibidos de acompanhar os filhos nos treinos…
O meu neto Tomás, tem bastante jeito para o dominio da bola (redonda)…
Ele gostaria muito de ir para uma escola de futebol…
O pai foi ver uns treinos …e o que viu “da actuação e discussão” dos pais a imiscuir-se no trabalho dos filhos…
Fe-lo fazer “a escolha” …de não meter o Tomás no futebol…
Os pais deveriam estar atentos sim…mas não se meterem onde não são chamados…
Abr e SL
3 Março, 2017 at 11:43
Mesmo.
Ao lado onde jogam os nossos ases e pontas da bola oval, estão alguns dos melhores projectos de futebolistas que este país há-de ter.
Funcionam no Estádio Universitário de Lisboa, os polos de competição dos nossos “Simbas”…
E quando lá passamos há duas coisas impagáveis… uma bem triste, que é ouvir aqueles papás a mandar os outros filhos e às vezes os próprios deles para todo o lado, e às vezes com a mamã do árbitro que lá está… triste e degradante.
A outra é ver nesses papás e nos seus pimpolhos os olhos a arregalar ao verem os nossos guerreiros passar no fim de um treino, grandes, largos, enlameados mas com um sorriso enorme e rasgado, todos amigos e bem dispostos.
Impagável.
3 Março, 2017 at 11:23
Bom comentário, Escondidinho.
SL
3 Março, 2017 at 15:44
🙂
3 Março, 2017 at 13:40
Também acho que muitas vezes os pais são muito responsáveis…os pais e quem rodeia os miúdos desde cedo…
Por isso sempre disse que preferia um miúdo que tivesse ao seu lado gente com cabeça mesmo tendo menos talento que um miúdo cheio de talento mas com muita gente que o rodeia sem cabeça. ..
3 Março, 2017 at 15:46
O talento é inato…
Mas pode ser apreendido, com trabalho e ética.
Agora sem trabalho e ética, o talento (se desperdiçado, como tantas vezes acontece), é só uma dor de Alma.
3 Março, 2017 at 11:08
OBRIGATÓRIO LER – NO ARTISTA DO DIA
Era uma vez em março de 2013
Sábado, 23 de março de 2013. De manhã, bem cedo, um sócio sportinguista toma o pequeno almoço enquanto programa o que fará no fim-de-semana. Os seus pensamentos são dominados pela importância que o dia terá para o clube, apesar de, desportivamente, não haver grande coisa por que esperar. O campeonato está parado por causa das seleções. No dia anterior, a seleção nacional tinha empatado 3-3 em Israel e complica as contas do apuramento para o Mundial do Brasil.
Rui Patrício foi o único jogador do Sporting presente nos 23 convocados por Paulo Bento. Tímida representatividade de um clube que sempre se caracterizou por formar os melhores jogadores portugueses, mas perfeitamente compreensível: o plantel atual está de rastos, acumulando resultados desastrosos. Jesualdo Ferreira (que sucedeu a Vercauteren, que substituiu o provisório Oceano, que pegou na equipa após o despedimento de Sá Pinto) tenta dar a volta à situação, chamando vários miúdos da B para substituir uma série de jogadores caros e acomodados. Ilori e Bruma foram titulares na última jornada, ajudando a derrotar o V. Setúbal por 2-1. Com esta vitória, o Sporting ascendeu ao 10º lugar da classificação, estando agora a uns confortáveis 9 pontos acima da linha de água. O espectro da despromoção começa, finalmente, a desvanecer-se. Entretanto, 34 pontos à frente do Sporting, o Benfica lidera o campeonato, com o Porto a necessitar de uma escorregadela da equipa de Jorge Jesus para poder ficar dependente de si próprio – mas isso são outros campeonatos…
Voltando ao Sporting: mencionei há pouco Bruma e Ilori, dois jogadores lançados à pressa por Jesualdo no onze, mas que, felizmente, estão a dar-se bem. Não têm propriamente contratos blindados e de longa duração, mas a renovação é um assunto que pode esperar. São miúdos da casa, certamente que lhes agradará a perspetiva de continuarem a evoluir no Sporting, a assinatura no papel deverá ser uma mera formalidade. A aposta nos miúdos é fundamental, se a ideia é valorizar quem possa render, no futuro, muito dinheiro ao clube. É que a esmagadora maioria dos passes dos principais jogadores do plantel sénior já foram vendidos a terceiros: restam 50% do passe de Adrien, 30% de Carrillo, 35% de André Martins, 75% de Cédric, 25% de Rubio, 50% de Elias, 35% de Insua, 35% de Rinaudo, 25% de Rojo, 35% de Van Wolfswinkel, 65% de Rui Patrício, 46% de Arias, 37,5% de Schaars, 32% de Viola, 35% de Labyad, 50% de Miguel Lopes e… 100% de Bouhlarouz. Aliás, nem os passes dos putos da formação escaparam à necessidade de arranjar dinheiro para pagar as contas da água e da luz. Já voaram para outras paragens 52,5% de Chaby, 25% de Ponde, 25% de João Mário, 50% de Tobias Figueiredo, 5% de Betinho, 40% de Wilson Eduardo, 40% de William Carvalho e 40% de Owuso.
Isto explica parte da angústia que o sócio sportinguista sente nessa manhã de março. Há menos de um mês, foram divulgadas as contas referentes ao 1º semestre de 2012/13, com uns assustadores 22 milhões de prejuízo. Tudo indica que o ano deverá terminar com resultados tão desastrosos como os do ano passado, com perdas a rondar os 45 milhões. Ou seja, juntando esta época às duas anteriores, a SAD registará prejuízos acumulados de cerca de 135 milhões. Como é que é possível que, em apenas três anos, se tenha conseguido deixar um clube centenário à beira da insolvência?
Este sócio sportinguista, que gosta de se informar sobre o estado financeiro do clube, não vê como é que se conseguirá sair de uma situação destas. Como se poderá resolver o problema dos credores – que exigem uma revolução na governação da SAD – tendo um plantel desvalorizado e com grande parte dos direitos económicos alienados, e não se podendo contar com grande parte das receitas, que já foram antecipadas para fazer face a dívidas urgentes? Fala-se que a banca pode tomar conta da SAD, o que é um cenário que parece cada vez mais provável. Não que isso importe muito, porque daí a 3 anos vencem as VMOC’s emitidas em 2011 por Bettencourt, e aí o clube perderá inevitavelmente a maioria da SAD. Portanto, se não for de uma forma, será de outra. E isto se o clube ainda existir em 2016, porque as conversas que há sobre a preparação de um PER levam a temer o pior.
Entretanto, o sócio saiu de casa e foi comprar o jornal. A capa é, obviamente, centrada nas eleições do Sporting, marcadas para esse dia, disputadas entre Carlos Severino, Bruno de Carvalho e José Couceiro. Mas as eleições podem esperar um pouco: o sócio quer ver primeiro a agenda do fim-de-semana. Vê que o Sporting joga nessa tarde com o Rio Ave em futsal, em Odivelas. Infelizmente, não deve conseguir ir ver o jogo porque tem de levar a mais nova a uma festa de aniversário de uma colega. E, para piorar, não há transmissão televisiva. O jeito que dava que o clube tivesse uma televisão que transmitisse os jogos…
Pouco antes da hora de almoço, o sócio dá um pulo rápido a Alvalade para votar. Enquanto estaciona o carro, olha para o descampado ao lado do estádio e pergunta-se se algum dia voltará a ver jogos num pavilhão próprio. E, já agora, que sonhar não custa, ver um jogo de hóquei, uma modalidade que o clube abandonou, e que tantas alegrias lhe deu quando era criança.
Pouco depois, na fila para as urnas, ainda está a decidir em quem irá votar. Severino não conta para o totobola, se o sócio quisesse palhaços, então iria ao circo. Couceiro parece-lhe não ter um perfil minimamente apropriado para liderar o clube num momento tão crítico. Sobra Bruno de Carvalho, uma incógnita, que mais parece um miúdo a tentar intrometer-se no mundo dos adultos… mas que pelo menos parece ter fibra e ser apaixonado pelo clube. Enquanto se aproxima da mesa de voto, toma a decisão, mas sem grande convicção. Decide-se pela fibra e pela paixão… são qualidades que, se calhar, fizeram falta aos dirigentes que afundaram o clube.
Avancemos agora quatro anos, até 2017.
O sócio, que tantas dúvidas teve nas eleições de 2013, já sabe há muito em quem vai votar. Considera que assistiu, ao longo do mandato do presidente que ajudou a eleger, a um pequeno milagre. Se lhe tivessem dito que, em quatro anos, o clube passaria de um estado de pré-falência para uma organização lucrativa com excelentes perspetivas de futuro, simplesmente acharia que estavam a gozar com a sua cara.
Não acreditaria se lhe tivessem dito que iria concretizar-se uma reestruturação financeira que permitiria à SAD reembolsar os empréstimos apenas em função das receitas extraordinárias, que se conseguiria recuperar grande parte dos passes dos jogadores, e que se cortaria em definitivo com os fundos e empresários que ajudaram a sugar a riqueza do clube. Teria ficado cético se lhe dissessem que, quatro anos depois, o clube teria equipas competitivas no futebol, nos escalões de formação, nas modalidades, recuperando o hóquei em patins e o futebol feminino, ou que seria vendidos dois atletas por 70 milhões, sem pagar um cêntimo de comissões.
E muito menos imaginaria ser possível que, quatro anos mais tarde, teria um canal de televisão onde poderia assistir aos jogos das modalidades e da formação de futebol, que haveria uma explosão no número de sócios, e que estaria iminente a inauguração do pavilhão que, há tão pouco tempo, julgava impossível ser erguido.
E que se conseguiria alcançar tudo isto contra tudo e contra todos. Desde cedo , o clube e a direção foram a ser considerado um alvo a abater por praticamente todos os atores do futebol português: dirigentes dos clubes rivais e da federação, comunicação social, empresários e fundos.
Mas se pedissem hoje ao sócio para escolher o principal feito da direção que esteve à frente do clube nestes quatro anos, a resposta não seria o pavilhão, o aumento da competitividade do clube, nem sequer a reestruturação financeira. O principal feito não é palpável nem se pode avaliar em euros. Para este sócio, acima de tudo o resto, está a restauração da auto-estima sportinguista e do orgulho que os sócios e adeptos sentem no seu clube, consequências da visão que o seu presidente tem de recuperar o Grande Sporting, tal como foi idealizado pelos seus fundadores.
Ao contrário de 2013, o sócio não tem dúvidas sobre a sua escolha nas eleições de amanhã: colocará os seus votos na lista de Bruno de Carvalho.
3 Março, 2017 at 11:22
Embora tenhamos sportinguistas com memória de galinha, a sua maioria tem memória de elefante e amanhã vão dar uma resposta inequívoca e adequado ao trabalho hercúleo que esta Direcção liderada por bruno de Carvalho fez em prol do Sporting e que no seu programa eleitoral compromete-se a prosseguir.
3 Março, 2017 at 11:38
Ler a descrição do antes de BdC até dá vontade de chorar…..
3 Março, 2017 at 11:45
Pois é companheiros
depois não me venham dizer que não se medem Sportinguismos, pois quem não está agradecido ao trabalho que Bruno de Carvalho e a sua direcção tem feito não ama o Sporting como eu (ou como nós) e aí sim meço e de que maneira o Sportinguismo, pois esses canalhas não são tão Sportinguistas como eu!
3 Março, 2017 at 11:49
Ora nem mais.
Quem não consegue dar valor ao trabalho feito em 4 anos, devia ter vergonha de dizer que é Sportinguista.
3 Março, 2017 at 11:16
Nem um postezito para a Patricia?
Shame
SHAAAMEEEE!!
3 Março, 2017 at 11:17
Temos várias… qual delas? A Mamona?
3 Março, 2017 at 11:16
Acabei de receber um email com propaganda da lista do parlapatão.
AMANHÃ TODOS A VOTAR
#VotaB(em)
#PMRparlapatão
3 Março, 2017 at 11:26
Esta história é realmente de interesse público e deveria ser ouvida pela nossa criançada. Um Sr. a falar que só demonstra que formamos homens.
Acerca das eleições: Tenho 3 notas que me irritam sobre o nosso presidente:
1 – Ryan Gauld deveria estar a jogar pela equipa A. Saiu de 11 titular do Setúbal a jogar muito, para não jogar. E do que vi, tem mais do que talento para ser aposta (ou temos novo B silva a ser desperdiçado).
2 – Comunicação deve passar a ser mais dirigida! ao invés de andar sempre no FB.
3 – Cadeiras de Alvalade já deveriam estar a verde e branco (ou preto faz imenso tempo).
No demais, acredito nesta direção e no que impôs em alvalade, quanto menos gostam de nós, mais eu gosto do que estamos a fazer.
Os meus 2 votos serão entregues pela manhã e em família.
SL
3 Março, 2017 at 11:32
“quanto menos gostam de nós, mais eu gosto do que estamos a fazer.” 🙂
Futebolisticamente falando já somos 2 a pensar assim 🙂
3 Março, 2017 at 11:44
Podemos aferir o sucesso do nosso trabalho pela quantidade de inimigos que vamos fazendo.
quem não tem inimigos alguma coisa mal estará a fazer
3 Março, 2017 at 11:31
Além da história, mais uma, que deverá estar sempre presente na cabeça de quem aspira a ser profissional, fica a ideia do respeito que existe pelo SCP e Aurélio Pereira. Para além disso, mais uma demonstração do carácter do Cristiano. Ainda assim, há quem diga cobras e lagartos acerca dele. Tristes vidas.
3 Março, 2017 at 11:33
Recebi um email da lista A…
E dela apenas retive esta frase, para “convencer” os sócios…:
“para que as modalidades voltem a encher a família Sportinguista de orgulho… ”
Então mas este madeira tem andado por onde…??
Não tem reparado na vitalidade das Modalidades ( que Bruno de Carvalho “fez ressuscitar”…)
Para “que precisamos”…de um vendedor de “banha da cobra”…?
Vota B
O voto “que se vê”
SL
3 Março, 2017 at 11:41
Recebi… li… vi modalidades… e apaguei…
A lata do homem…
É uma madeira “oca” realmente.
3 Março, 2017 at 11:43
Reparei exactamente na mesma frase!
Aquela “besta” não sabe que:
Futsal
—> Melhor equipa da História do Sporting
—> Taça da Liga e Taça de Honra no Museu
—> Lider isolado na fase regular
—> na final4 da UEFA Futsal Cup
Andebol
—> 2º lugar no Campeonato, sendo que se ganharmos os nossos jogos somos Campeões
—> ainda na Taça de Portugal
—> ainda na Taça Challenge
Hóquei em Patins
—> em processo de crescimento..
Por isso aquela besta do pmr deve pensar que os Sportinguistas andam a dormir! Mas amanhã ele vai ver a SOVA que vai levar nas urnas
3 Março, 2017 at 12:18
Ainda nas modalidades de pavilhão…
Tenis de Mesa
-> Supertaça no Museu
-> Líderes invictos da fase regular do campeonato.
3 Março, 2017 at 11:39
Nunca mais é sábado para votar no Presidente Carvalho.
3 Março, 2017 at 11:41
Mamona fecha com 14.03
6º lugar (repescável)
Em espera do final do concurso
3 Março, 2017 at 11:49
Final assegurada com 7ª melhor marca
3 Março, 2017 at 11:48
http://www.cortinaverde.pt/2017/03/adepto-do-sporting-conquista-encontro.html?spref=fb
Adepto do Sporting ‘conquista’ encontro com Rita Fontemanha
3 Março, 2017 at 11:49
Invisuais no Mercardo, em modo perdido por cem, perdido por mil. Que risada!
DUPLA RICCIARDI-BRUNO DE CARVALHO FRENTE À INCÓGNITA PEDRO MADEIRA RODRIGUES
Pela maneira como BdC tem manipulado o Mundo Sporting, ao controlar os grupos, sites, blogs e fóruns de apoio ao clube, perseguindo quem tem uma opinião contrária, tudo o que não seja uma vitória na casa dos 90-95% será uma surpresa.
Está a chegar ao fim um período eleitoral que não ajudou a melhorar o Sporting. Foram semanas de muitos ataques e bate-bocas, que apesar de permitirem perceber que independentemente de quem for o vencedor, o clube não estará mais forte, só serviu para denegrir ainda mais a imagem da Instituição. Bruno de Carvalho, apoiado pela elite que afundou o clube, como Ricciardi, entre outros, elementos que há 4 anos eram vistos como ‘diabos’ e agora são espécie de ‘salvadores’, anda há duas semanas no Facebook a chamar todos os nomes possíveis ao outro candidato, de maneira a evitar falar do seu projecto que como o próprio disse no debate vai continuar a ser o “EU” mando no futebol, “EU” decido tudo, “EU” é que sei, e se os títulos continuarem a fugir depois digo que não tinha prometido nada, e que o importante é dizer, algo que até insultuoso, que em 4 anos consegui uma Taça o que é melhor que a média dos últimos 50 anos. Do outro lado está uma grande incógnita. Pedro Madeira Rodrigues, quando parecia impossível alguém entrar numa luta com uma espécie de ‘querido líder’ teve a coragem de dar a cara e surpreendeu os mais cépticos ao apresentar uma estrutura para o futebol e com nomes familiares ao mundo leonino. Mas nunca conseguiu passar a mensagem sobre as suas ideias (?) e como é que as ia concretizar, e não contava que hoje o Sporting vive ao ritmo das redes sociais, onde os seguidistas difamam qualquer tipo de oposição de maneira gratuita e nem sequer dão espaço a que haja uma alternativa que permita ao clube acabar com o jejum de títulos.
Tudo somado dá algumas certezas, uma que salta à vista é a falta de verticalidade das pessoas que estão neste mundo, não se poupando a denegrir a imagem da Instituição; outra é que os leões precisavam de uma alternativa mais forte, já que até os maiores seguidistas já perceberam que o clube com Bruno de Carvalho tem pouco futuro e que vão ser mais 4 anos do mesmo; e por fim que a data das eleições também não ajuda a apresentar projectos, principalmente aos opositores, pois é complicado convencer treinadores, jogadores e até dirigentes com contrato a juntarem-se a uma candidatura ainda com muita época para jogar. Veremos se no dia 1 de Maio de 2018 (que devia ser sempre o dia das eleições) caso o clube volte a ficar afastado de tudo em Janeiro haverá coragem de antecipar as eleições.
Mas tem a palavra os sócios do Sporting.
Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Abílio Ramos
3 Março, 2017 at 12:05
Esse heterónimo de um qualquer inimigo do Sporting Clube de Portugal, ou eventualmente um apoiante do parlapatão, deveria ter também fornecido o seu número de sócio da agremiação lá para os lados de Carnide ou da freguesia das Antas. Digo eu..