Finalmente, acabou o período eleitoral. Que foi sui-generis. Começou à Sporting, com a campanha de lavagem de roupa suja e acabou numa paz zen nas filas para votar com a malta, descontraída a trocar ideias na maior cordialidade e companheirismo, coisa rara no nosso clube. A certa altura apeteceu-me esmurrar alguém, ou gritar na fila que “se era para isto mais valia ter ficado com o Godinho!” só para ver o que daí vinha e matar saudades. Quanto ao resultado, foi o esperado, tão esperado que a meio da fila ainda ponderei distribuir os meus 5 votos irmãmente pelos dois candidatos para a coisa dar luta. O outro guardava para mais tarde acompanhar com uma bucha. Parece que isso não é permitido.

Confesso que já estava preocupado com tanta vitalidade como a que demonstrámos no jogo das nossas heroínas e na semana a seguir com as eleições com mais participantes desde que me lembro. Finalmente podemos seguir caminho rumo ao descalabro que os nossos rivais, subitamente, nos voltaram a relembrar (em periodo eleitoral os rivais, sobretudo as lamparinas, preocupam-se genuinamente conosco, é enternecedor assistir a este fenómeno) caso o camarada que eles tanto adoram vencesse estas eleições, como veio a acontecer. Estes “avisos” são, para mim, como o papel higiénico. Têm sua utilidade porque a alternativa é limpar com a mão.

Ganhou quem tinha de ganhar. Por todas as razões e mais algumas: pelo que fez, pelo que lutou, pela obra que deixou e porque concorreu contra um boneco. Pessoalmente, ao contrário de PMR, não sou fã de sovas porque embora o prazer de dar uma seja, de facto, grande…sei sempre que há de chegar o dia em que vou ser eu a apanhar, até porque é do Sporting que estamos a falar. No caso do candidato derrotado foi só esperar uns dias. Habitua-te, companheiro. Quem chega aqui com humildade fode-se. E quem chega com bazófia e a prometer sonhos fode-se também. Só que mais rápido.

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Passemos então ao que nos reserva o futuro. Não faço puto ideia. Finalizado o pavilhão e reforçadas (e reorganizadas) as modalidades, urge concentrar o foco em duas questoes: ser campeão no futebol e continuar a criar condições para se continuar a pagar passivo e VMOC’S. Estas têm que ser as prioridades. Não tenho ilusões, até agora só o Boloni acertou na solução para acabar com a pouca vergonha. Sei bem que temos de ser perfeitos como fomos em 2015/16 e mesmo assim chuchar no dedo e sei bem que se a coisa tremer em algum momento, a sepultura já está cavada, esperando apenas o empurrão do boi de preto para nos tirar de tudo em Janeiro como aconteceu este ano. E por isso, estou de certa forma aliviado por perceber que os Sportinguistas ganharam uma maturidade que só anos a fio a levar pancada pode dar e cada vez mais se olha para a “big picture” em vez de ir na onda depressiva que o futebol, normalmente, nos arrasta pelas razões que sabemos.

Claro que isto tudo caminha para que a exigência do título por parte dos adeptos aumente neste mandato. Não só pela época miserável que estamos a assistir mas pelo facto dos assuntos mais urgentes para a sobrevivência do clube terem sido resolvidos. E que ninguém faça confusões, o futebol vai ser cada vez mais escrutinado e a paciência para tiros no pé vai diminuir. O resultado, neste sentido, é enganador. Bruno de Carvalho vai ter de arrepiar caminho e vai ter de tomar muitas e importantes decisões no futebol, não só na relação de forças e de poder como também no recrutamento para as equipas A e B. E vai ter de voltar a combater a bipolarização que volta a ameaçar ao virar da esquina. Flashback de 2013. Não há tempo a perder.

PS: Eu se fosse a vocês não festejava já. Ainda faltam contar os votos dos 14M de votantes que votam por correspondência através das TV’S, rádios e jornais.

* às sextas, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!