A RTP até podia ter aproveitado o facto de estar a disponibilizar vários vídeos do seu arquivo para recordar aquilo que aconteceu a 18 de Março de 1964.

Quinze dias antes, em Manchester e com uma arbitragem caseira, o Sporting havia sofrido uma pesada derrota, 4-1, frente ao todo poderoso United de Bobby Charlton, de Denis Law e de George Best, entre outros, o que fazia com que a opinião generalizada fosse de que a segunda mão seria uma mera formalidade. Para piorar o cenário, nos dias que mediaram as duas partidas, Gentil Cardoso foi demitido depois de empatar contra o Olhanense e ficar fora da luta pelo título, chegando para o seu lugar Anselmo Fernandez.

O primeiro sinal de que algo poderia acontecer foi dado pelos adeptos. Alvalade rebentava pelas costuras, bem acima da lotação oficial e claramente acima de todas as regras de segurança. Em campo, Carvalho; Pedro Gomes, Alexandre Baptista, José Carlos e Hilário; Fernando Mendes, Geo e Osvaldo Silva; Figueiredo, Mascarenhas e João Morais eram os 11 eleitos para tentar fazer história. E fizeram.

Osvaldo Silva, logo aos três minutos, abriu o marcador e seria dele o segundo que levou o jogo para intervalo com um 2-0 que redobrava esperanças. O segundo tempo, esse, foi de verdadeiro delírio, com três golos em sete minutos e com o mundo de futebol a abrir a boca de espanto perante os rapazes de verde e branco que deixavam em campo quase 30 quilos de peso perdido em esforço, dedicação e devoção.