Bas Dost deu uma entrevista ao jornal Dagblad van het Noorden, da Holanda, em que falou praticamente de tudo. Até… da proposta do futebol chinês.

«Quando o meu empresário me disse que existia interesse de um clube chinês e que eles tinham apresentado uma proposta concreta de 40 milhões de euros, eu ri-me às gargalhadas», referiu Bas Dost, sobre o interesse do Tianjin Quanjian.

«Depois fiquei lisonjeado, uma proposta de 40 milhões de euros não é normal. O Sporting tinha-me comprado meio ano antes por um quarto desse valor. Mas o clube recusou. O presidente disse a um jornal que não iam aceitar a proposta. Isso foi especial, para mim. Mostra o apreço que têm por mim ao recusar 40 milhões de euros. Não me importei, porque não estava à espera de ir para a China. Ia ganhar muito dinheiro, claro, mas eu tenho um bom contrato aqui no Sporting.»

Antes disso, Bas Dost já tinha falado da luta pelo título de melhor marcador europeu: Bas Dost, recorde-se, está em segundo lugar na corrida à Bota de Ouro, com apenas menos um golo do que Lionel Messi.

«Não estava de facto à espera disto, mas é um prazer estar nesta lista. Só o Messi está acima de mim», sorriu.

«O meu trabalho é marcar golos. Até podia jogar bem futebol, mas num avançado o que conta são os golos. Mesmo que tenha trabalhado muito e que não tenha tido bolas, num jogo, vão exigir-te sempre golos. No final do ano, o que toda a gente vai ver é quantos golos um avançado marcou. É tão simples como isto. Antes de chegar ao Sporting também queria fazer golos, claro, mas tinha menos perceção do quanto importante é marcar.»

Pelo caminho, Bas Dost diz que às vezes se torna injusto até para os companheiros.

«Há uma grande pressão sobre o ponta de lança. Se não fizer golos, tenho um problema. Mas se você fizer, então é um luxo. Ser ponta de lança torna-se a melhor posição do mundo. Recebo todos os elogios, o que é injusto até, porque são os meus companheiros que me colocam na posição em que posso marcar. É importante ter essa noção. Desde que me mantenha consciente que não sou um Deus, acho que não há problema.»

Bas Dost confessa que ainda está a habituar-se à cultura portuguesa: que é completamente diferente do que conhecia na Holanda e na Alemanha. O avançado diz que é feliz em Lisboa, que gosta muito de viver perto do rio Tejo, na zona do Parque das Nações, embora só saia para conhecer a cidade quando recebe a visita de algum familiar.

Mas acordar e ver o sol a nascer em cima do Tejo não lhe diminuiu a sensação de choque que é a cultura portuguesa.

Por exemplo, Bruno de Carvalho.

«O presidente senta-se no banco todos os jogos. Eu nunca via o presidente do Wolfsburgo. Ou antes, via uma vez por ano: na festa de natal. Aqui o presidente está quase sempre no treino. Só falta ele dar o treino, porque de resto está quase sempre lá. Tivemos uma eleição presidencial há pouco tempo e foi um circo», sorri.

«O nosso presidente foi reeleito com um número recorde de votos. Mas o outro homem que também concorreu, por exemplo, queria mudar tudo. Ele falava todos os dias à imprensa, dizia que ia despedir o nosso treinador imediatamente quando fosse eleito e que ia contratar o Juande Ramos. Enfim, é o tipo de situações que na Holanda não acontece. De todo.»

Por outro lado, para Jorge Jesus é só elogios.

«Nunca tive um treinador que soubesse tão bem o que eu posso e o que eu não posso fazer. E ele sabe muito bem como convencer todos os outros jogadores a jogar de forma a eu poder tirar o melhor rendimento de mim. Recebo exatamente as bolas que eu gostava de receber», refere.

«Ele entende tudo sobre mim. Conhece-me por dentro e por fora. Se ele não fosse uma pessoa tão importante neste clube, a minha transferência não teria acontecido, porque o Wolfsburgo já tinha recusado duas propostas por mim. Então o presidente do Wolfsburgo disse-me que tinha recebido outra proposta, de um clube que tinha um treinador que era um Deus. Então corri um risco, mas a verdade é que agora estou a fazer golos e o responsável por fazer isso possível é o treinador.»