O passado sábado poderia ter sido um Dia de Sporting brilhante, mas o que aconteceu nos jogos de hóquei em patins e de andebol deixaram qualquer Leão com um amargo de boca que nem as quatro batatas ao Boavista conseguiram fazer esquecer. Parece-me, no entanto, que as situações divergem e que os próprios jogos redundaram em decepção por factores diferentes.

No hóquei, a declarações do técnico Paulo Freitas sintetizaram tudo: «O que aconteceu foi mau demais. Não gostei de muitas coisas. Houve falta de atitude de alguns jogadores e vamos ter de resolver isso internamente. O que costumo dizer é que o contágio tem de se dar pela positiva, nunca pela negativa. E houve jogadores que talvez tenham contagiado os colegas pela negativa. Isso não pode acontecer. Nós somos o Sporting CP e temos de ter uma postura completamente diferente. Parabéns à equipa adversária, que tem qualidade e carácter

A verdade é que ganhar por 6-2 a 3 minutos do final, é impensável o Sporting deixar fugir a vitória, muito menos perante uma equipa relativamente à qual, durante toda a partida, mostrou ser infinitamente superior. Diga-se, aliás, que o Sporting vinha fazendo uma óptima partida até esse momento e que acabou traído por um desleixo inadmissível a quem veste a verde e branca.

Depois de um investimento considerável, a verdade é que esta época é um falhanço ao nível desta modalidade. Aliás, eu olho para o hóquei e vejo algumas semelhanças com o que se passa com a nossa principal equipa de futebol, com a diferença de que o futebol fez uma limpeza de balneário e o hóquei despachou um dirigente e o treinador. O resultado é uma espécie de pré-época antecipada que terá que ser gerida com mestria por Paulo Freitas, como que começando a preparar um 17-18 onde a exigência passará por conseguir alguma conquista de relevo.

Quanto ao andebol, a primeira parte no dragão caixa foi fantástica. E, não, não foi o fcPorto que estava a jogar mal, era o Sporting que estava a jogar andebol de elevado nível. Ao intervalo, uma vantagem de seis golos deixava tudo bem encaminhado para uma vitória que nos colocaria na liderança do campeonato, mas… aconteceu aquilo que, invariavelmente, acontece quando jogamos com o fcPorto.

O FC Porto foi superior, conseguiu galvanizar-se no seu recinto. Foram marcando e defendendo bem e ganharam uma confiança que não conseguimos contrariar. Sabíamos que iriam ser agressivos e procurar melhorar de uma parte para a outra, mas não deixo de elogiar a postura e atitude dos meus jogadores. Estivemos muito bem no primeiro parcial e penso que, na globalidade do jogo, merecíamos mais. Mesmo com alguns problemas físicos, os jogadores deram tudo e esforçaram-se“, diria, no final, o técnico Hugo Canela, um tanto ou quanto atrapalhado para conseguir justificar tão gritante desnível da primeira para a segunda parte (dos 13-19 ao intervalo, passámos para os 30-28 finais, o que significa que no segundo tempo só conseguimos marcar 9 golos).

É verdade que o cabrão do Quintana voltou a engatar, mas, porra, este ano não nos podemos queixar de ter falta de guarda-redes e a equipa mostrou ter qualidade e confiança suficientes para dobrar aquele que tem sido o clube dominante no panorama do andebol nacional. Não podemos é continuar a desperdiçar vantagens em segundas partes e pontas finais miseráveis, algo que tínhamos conseguido inverter nos últimos tempos.

Ainda assim, ao contrário do hóquei, o andebol tem possibilidade de terminar a época com várias conquistas e não falta material humano para consegui-lo. Como disse Hugo Canela na antevisão do jogo desta noite, frente ao Madeira SAD (pav Casal Vistoso), “Neste momento, como tínhamos noção de que o jogo de sábado era muito importante, notamos que os atletas estão ainda numa fase de luto. Mas eles são experientes e profissionais e sabem que vão ter de se erguer. Ainda não se perdeu nada, falta muita coisa, e tudo pode acontecer, mas para isso acontecer é preciso muito trabalho. É isso que eles têm na cabeça“.

Esperemos que sim, que tenham. Isso e a noção de que, face a investimentos cada vez maiores e com o João Rocha cada vez mais pronto, há cada vez menos margem para utilizar um estafado «”raisparta” a sina!».