Vivemos numa era em que tudo acontece a uma velocidade estonteante. Atletas que ontem eram ídolos, hoje já cá não estão. Dirigentes que eram idolatrados, hoje já sairam do pedestal. Treinadores com currículo saíram para comprar tabaco e não voltaram enquanto novos talentos do treino começam a despontar. Miúdos crescem, graúdos retiram-se. Nada na vida, sobretudo no desporto, é estático. Então no futebol, anda tudo tão rápido que dificilmente alguém consegue acompanhar tudo.

O risco deste corropio de notícias e acontecimentos é criar uma empatia duradoura com quem nos representa. No futebol, para mim, começa a ser difícil. Quando vi um capitão que nos últimos anos é só um dos jogadores que mais acarinhámos, tanto desportiva como financeiramente, a ir-se embora de Alvalade sem sequer se despedir e depois a aziar numa flash, tudo isto para poder jogar no poderosíssimo Leicester, percebo que este já não é o desporto que amo, é um desporto que ressaco. Hoje em dia, o futebol é cada vez mais um desporto de vitórias. Se ganhas, sobes ao Olimpo. Se perdes, desces ao Inferno. Os primeiros a desvirtuar este desporto são os próprios atletas, que decidem unilateralmente, muitas vezes ainda em idades de formação, que o clube em que estão, neste caso o Sporting, não passa de um trampolim. E como já estão nesse mindset não lhes interessa minimamente criar empatia com quem lá está sempre a apoiá-los.

O nosso eterno rival “adaptou-se” bem a esta realidade. De um lado, garante junto das instâncias nacionais, as vitórias que lhe permite manter-se no Olimpo (ou ao fresco, depende da perspectiva) e de outro trata os seus atletas como autênticas mercadorias que, segundo os próprios, é exactamente aquilo que são. Cada vez é mais raro ver um jogador de futebol do Sporting a bater no peito depois de marcar um golo, fazer uma declaração de amor honesta ou chorar depois de partir do sitio onde nasceu. Aquilo que eu chamo de pequenos nadas que para nós, adeptos, é tudo. “Mas o que é que isso interessa?” perguntarão aqueles que já se adaptaram a esta realidade. Confesso que eu ainda estou a adaptar-me. E está a custar cumó caralho.

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E é neste contexto que todos nós tentamos viver o nosso Sportinguismo e passá-lo aos mais novos. Um contexto onde todos nós queremos sentir os tais pequenos nadas e apenas recebemos indiferença, muitas vezes até desprezo. O que fazer então? Eu já arranjei o meu antídoto há muito. Modalidades. Modalidades. E mais Modalidades. Onde um tipo que foi ídolo e que já ganhou tudo num Barça chega ao Sporting e diz que nunca viu nada assim. Onde vários jogadores do leste europeu, habituados a ambientes escaldantes, chegam ao Sporting e apaixonam-se de imediato (e não se coibem de demonstrar). Onde o capitão de futebol de praia mostra a toda a gente o que é ser Capitão do Sporting e, ao mesmo tempo, o melhor do Mundo. Onde as atletas do #FutFem dão mostras de um Sportinguismo tal que nem parece que andam nisto há tão pouco tempo. Onde o princípio e o fim de tudo é a Paixão pelo desporto, pelo clube que representam e pela vida que escolheram, ao invés de uns valentes milhões na conta bancária.

É por isto que o ecletismo é tão importante. Porque nós, Sportinguistas, mais do que ganhar, gostamos de sentir a paixão de quem nos representa e é aqui que ela é demonstrada sem filtros, sem merdas e sem desculpas. Os títulos são apenas a consequência natural da nossa grandeza. Mas enquanto a paixão existir, eu, como Sportinguista, também existo.

* às sextas, quando tem tempo de ir às compras, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!

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