1024 (1)Em tempo de clara alegria entre as hostes leoninas, depois de 5 vitórias consecutivas para o campeonato, duas vitórias europeias e 18 golos marcados em 5 jogos fora de portas, é tempo de nos focarmos naquele que foi um dos maiores problemas da passada temporada: a ressaca europeia.

Primeiro que tudo, e é importante ter consciência disso mesmo, o Sporting ainda não encontrou um processo defensivo verdadeiramente sólido e completamente inquebrável. Continua a clara sensação de que qualquer equipa, a qualquer momento, é capaz de nos marcar um golo e que provavelmente vai ser o golo da vida deles (não é sempre?). A nova dupla de centrais, os novos laterais e várias mexidas no meio campo defensivo ainda não permitiram a verdadeira estabilização da equipa. William e Battaglia, por exemplo, jogaram apenas duas partidas juntos.

Acuña e Gelson Martins têm sido ajudas preciosas a fechar os caminhos até à baliza de São Patrício, transformando-se em autênticos defesas na hora de recuar, mas os sinais de fadiga em ambos começam a ser evidentes. Se existe hora de dar descanso a pelo menos um dos nossos extremos titulares, este é o momento, para que não arrisquemos ficar sem algum em horas de maior aperto.

Iuri Medeiros e Bruno César dão garantias absolutas de competência, têm golo e são eficazes nas bolas paradas. Perderemos em velocidade, é certo, mas esse também será um problema facilmente resolvido depois do regresso de Daniel Podence.

Mattheus Oliveira, Gelson Dala, André Pinto, Tobias e Ristovsky ainda aguardam estreia na Liga Portuguesa e começa a ser altura de dar essa oportunidade a jogadores que temos disponíveis, sabendo todos a importância no futebol actual de ter a totalidade do plantel motivado, pronto para acção e que nos possam oferecer soluções distintas em jogos distintos.

Jorge Jesus está focado na estabilização dos processos naquele que considera o seu onze base. Mas o facto de ter um onze base tão fechado é talvez o maior problema de JJ enquanto treinador. Não é de hoje que as suas equipas viram o campeonato agarradas por arames, com muitos sinais de cansaço em praticamente todas as posições. A forma que encontrou de controlar esse problema foi o de diminuir o ritmo de jogo, sem apresentar aqueles rolos compressores de intensidade máxima até ao apito final, mas nunca encontrou forma de aderir a um sistema mais rotativo.

A ressaca europeia é um problema quase instalado no clube (nem sequer é novo com JJ) mas enquanto adeptos, satisfeitos na teoria com o plantel em mãos, precisamos de perceber se de facto as alternativas escolhidas nos podem apresentar algumas garantias.

Não pretendo, de todo, uma revolução no onze apenas porque vamos receber o Tondela. O Tondela nunca perdeu em Alvalade e tudo farão para manter esse recorde absurdo intacto. Mas defendo que é tempo de testar soluções, sabendo que poucos jogos serão melhores para o fazer do que quando recebemos uma equipa de fim de tabela.

Lesões, suspensões, castigos e azares farão parte desta longa época, é a forma como melhor nos preparamos para todas estas eventualidades que define se conseguiremos ser campeões e se seremos capazes de lutar por todas as frentes (pretensão que será unânime entre todas as hostes leoninas).

O Sporting de hoje ilusiona, faz sonhar e deixa-nos no estado de euforia que o futebol tanto adora. Mas será a consistência, o plantel e a vontade de todos que nos poderão levar à desejada glória.

É tempo de fazer diferente, tentar diferente e dar descanso a alguns que tanto têm corrido neste último mês louco. E, por favor, é tempo de ganhar ao Tondela em casa!

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa