Faço contigo uma aposta. Sim, contigo, que és do mesmo clube que eu. Uma das cinco coisas em que pensaste antes de adormecer e uma das cinco coisas em que pensaste depois de acordar foi o jogo desta noite. E como sei que acertei, a única coisa que vou cobrar-te é pedir-te que escutes esta canção.

Não sei se já reparaste, mas uma das grandes conquistas desta época ao nível do futebol, foi o facto de termos conseguido formar um grupo de trabalho com homens que entram para os jogos de cara fechada. De homens que querem ganhar e a quem essa ânsia de ganhar toda inúmeras vezes a mente e emperra outra tantas as pernas. Se quiseres colocar as coisas de outra forma, conseguimos transportar para o futebol aquilo que tem sido, sempre, a mais valia nas modalidades.

Pensa no andebol e tens um Ruesga, um Nikcevic e um Asanin, poços de concentração, de transpiração e, mais ainda, inspiração e categoria, bem secundados por um Pedro Portela. Pensas no hóquei e tens uma máquina chamada Girão, tens outra máquina chamada Pedro Gil e tens um gajo chamado João Pinto que não é à toa que é capitão. Pensas no futsal e tens um capitão sempre com cara de poucos amigos, o João Matos, tens capitães sem braçadeira como o Japa ou o Cary e tens a categoria sem sorrisos de um Cavinato (só para citar um, que aqui o rolo parecia ser atirado da bancada da Bombonera). Pensa no voleibol e tens o Miguel Maia a guiar as tropas, bem guardado por um Angel que só não baixa os calções e mostra a genitália aos adeptos quando festeja um ponto porque sabe que seria expulso. Pensas no ténis de mesa e do João Monteiro ao Aruna Akinade, não há um que sorria. Pensa no atletismo, pensa no rugby, pensa no judo, pensa no kick, pensa nas modalidades adaptadas e, voltando ao futebol, pensa nas Leoas e vê como o rosto de uma Ana Borges ou de uma Joana Marchão se fecha quando entram em campo.

A isto, a este rosto, dá-se o nome de vontade de vencer. Dá-se o nome de compromisso. Dá-se o nome de profissionalismo. E é isso que encontramos na maioria dos homens escolhidos para formarem a nossa equipa principal de futebol. Os rostos fechados do Rui Patrício, do Coates, do Matthieu, do Coentrão, do Acuña, do Bruno Fernandes, já nem vou falar do Dost antes que o gajo me bata e com esta piadinha fiz o Gelson e o William esboçarem um sorriso porque isso é coisa que lhes está no sangue, tal como o Sportinguismo e a vontade de vencer (e o Piccini, pá, que de tão concentrado que está que até parece estar comprometido).

E é nestes homens que acreditamos. São estes homens que apoiamos, nos estádios e nos pavilhões, nas pistas e onde quer que esteja uma camisola listada, de verde e branco pintada, e com o Leão Rampante cravado no peito. É só isso que nós precisamos ver para esquecer tudo o resto. E é por isso que fazemos deste clube aquilo que ele é. Oferecemos o nosso esforço, a nossa dedicação, a nossa devoção e, raisparta a sina, ainda oferecemos «este amor esta paixão» mesmo que não se atinja a glória!

Sem este amor, sem o teu amor por este ser estranho chamado Sporting pelo qual te enamoraste sem saber porquê, nada seria possível. Podes não gostar da modalidade, podes não gostar dos jogadores, podes não gostar dos treinadores, podes não gostar dos directores, podes não gostar dos presidentes, podes não gostar da cor das cadeiras, podes não gostar da cor dos calções (ah, pensavas que me esqueci), podes não gostar disto e daquilo, mas a verdade é que quando sabes que vais ver o Sporting pareces uma criança quando sabe que vai ver o Jubas! Isto é a definição de ser feito de Sporting, mais ainda, isto é a definição de um Sporting feito de ti, de mim, de nós. De nós, que escolhemos defender e apoiar um clube não querendo saber se ele ganha mais ou se ganha menos. De nós que, atravessando desertos de conquistas pegámos um amor maior pela mão e lhe mostrámos este amor verde e branco, ensinando-lhe que há valores bem mais altos do que a maior Taça que possa levantar-se. De nós que feridos, desiludidos, revoltados, engalfinhados uns nos outros pelo cansaço de caminhar sempre contra o vento quase sem pausas para sorrir, estamos sempre cá, estamos sempre lá, estamos sempre onde esse amor nos levar.

De nós, resistentes de todas as idades, optimistas, pessimistas, histéricos, encolhidos, magros, gordos, altos, baixos, mais ou menos bonitos, mais ou menos sentimentais, de todas as cores de pele e com vozes mais ou menos esganiçadas, aguentamos firmes à espera de um sorriso enquanto cantamos e mostramos ao mundo que My love, love, love, love, love, love will not let you down!