33 jornadas depois, Matheus Pereira, o jovem de 22 anos emprestado pelo Sporting ao Desportivo de Chaves, é um dos jogadores que melhor forma apresenta em Portugal. Nos últimos dez jogos, apenas por duas vezes Matheus Pereira não teve um GoalPoint Rating superior a 6.0, tendo sido considerado pelo site o melhor extremo-direito do campeonato no mês de Abril, medalha que confirmou no primeiro jogo de Maio, com dois golos e uma assistência.

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Quanto a rankings estatísticos, não lhe faltam variáveis onde ficam exaltadas as suas qualidades.

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Se no um-para-um apenas dois jogadores do FC Porto lhe fazem frente, no que toca às faltas conquistadas Matheus Pereira é mesmo o homem em maior destaque, não só em Portugal, como a nível europeu.

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São quase duas faltas conquistadas em zonas perigosas a cada jogo, número do qual só Neymar e Rúben Ribeiro (sobretudo graças aos tempos do Rio Ave) se aproximam. Para se ter uma noção do que isto significa, nem somando os três titulares do Sporting que mais faltas sofrem em zonas perigosas – Gelson Martins (0,70), Bruno Fernandes (0,54) e Marcos Acuña (0,50) – atingimos a média de Matheus Pereira.

Curiosamente ou não, esta era uma qualidade que “já lá estava”, nos 500 minutos que somou de leão ao peito nas duas épocas antes de ser emprestado. Entre 15/16 e 16/17, Matheus sofria uma média de 1,98 faltas no último terço a cada 90 minutos, número muito semelhante ao que apresenta esta época. Agora que o Sporting tem tantos especialistas nos livres directos, imagine-se o jeito que podia ter dado alguém com tanta propensão para os conquistar…

Mas se estas eram qualidades que já se podiam identificar em Matheus, uma que veio de alguma forma surpreender foi a tendência e qualidade para disparar de fora da área. Com Jorge Jesus, o brasileiro arriscava apenas 0,72 vezes a cada 90 minutos, não tendo enquadrado nenhum deles, enquanto esta época, com Luís Castro, Matheus mais do que duplicou as tentativas (1,51 / 90m) e enquadra 31% das mesmas.

A diferença tem uma explicação simples. No Sporting, Matheus actuou quase sempre colado ao flanco esquerdo, enquanto esta época Luís Castro apostou nele para o flanco oposto, tirando assim muito maior proveito do seu bom pé esquerdo, nos movimentos em que corta para dentro. Obviamente Matheus cruza menos no Chaves, até pelo modelo de jogo bem distinto, mas essa nunca foi a sua maior qualidade. Com Jesus, e colado ao lado esquerdo, Matheus tentou 24 cruzamentos nos 500 minutos em que actuou, e apenas três (12,5%) foram eficazes.

Por tudo isto, quer-me parecer que Matheus Pereira está mais do que pronto para regressar a Alvalade, se é que já não estava pronto para lá ter ficado. Actuando a partir da direita e com liberdade de movimentos, tal como Gelson tem feito ultimamente, é difícil encontrar algo em que o português se superiorize a Matheus.

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O brasileiro participa em mais jogadas de finalização, tanto a rematar como a assistir, é mais forte no um-para-um, e mesmo no momento defensivo, aquela que ainda é a sua maior pecha, não tem números tão distantes assim dos de Gelson Martins. Num hipotético regresso, cabe a Jorge Jesus incutir-lhe as noções que lhe faltam para se tornar um jogador completo. E mesmo que não o consiga, por tudo o resto que pode oferecer, Matheus Pereira é um must have no próximo plantel leonino.

artigo publicado no site GoalPoint

Nota da Tasca: ao contrário do que este artigo deixa no ar, a questão não é Matheus Pereira ser ou não ser melhor do que Gelson Martins, um dos jogadores que mais tem carregado os Leões às costas. Na verdade, é um luxo o Sporting poder contar com matéria prima deste nível e com esta qualidade e ver abrir-se a perspectiva de poder criar um verdadeiro carrossel no apoio ao ponta-de-lança, com Gelson, Matheus, Podence e Bruno Fernandes. Isto, com o extra do mágico 8 poder efectivamente jogar mais recuado na maioria das partidas (basta-nos 1 médio defensivo, caraças) e termos quatro homens em ponto de rebuçado, capazes de alternar entre si e de baralhar todo e qualquer sistema defensivo. Haja vontade de trocar o espírito italiano por um fascínio húngaro ou holandês cada vez mais perdido no tempo.