Depois de mais uma temporada desoladora no que ao campeonato diz respeito (a segunda consecutiva aos comandos de Jorge Jesus) os sportinguistas preparam-se para duas finais de enorme importância para o futuro imediato e para o projecto desportivo apresentado pelo clube. E, como todos os anos acontece, adeptos começam a jogar o seu FM pessoal listando os jogadores que pouco importam, referindo aqueles que nos fazem mais falta e olhando para os jovens emprestados como opções para a próxima temporada. Até aqui, tudo mais que legítimo e um jogo que também a mim me dá algum prazer jogar.

E pelo segundo ano consecutivo, sempre que o nível de exigência sobre as opções tomadas começam a subir e o tom entre hostes leoninas também, começa o disparo de notícias nas principais publicações sobre os jovens da formação que serão aposta na época seguinte. Apenas hoje, Francisco Geraldes e Matheus estão de volta, Leão será fortíssima aposta e Domingos Duarte terá a sua oportunidade juntamente com Carlos Mané.

Todos nós já vimos este filme. E todos nós vimos até jogadores regressarem à casa mãe muito mais para acalmar aos ânimos do que propriamente por serem vistos como imprescindíveis aos olhos de JJ. Chico Geraldes será o exemplo maior disso mesmo.

Quando Jesus assinou pelo Sporting disse temer a lampionização do nosso clube no que à formação diz respeito. E isto não é mais do que a aparente ilusão de que a aposta se mantém, o chorrilho de elogios e notícias sobre os nossos jovens nas capas de jornal e o pouco efeito prático em campo, protegido pela clubite cega e pela comunicação social. Hoje, sabemos que Jorge Jesus apostou efectivamente em alguns jovens promissores, que não só nos renderam dinheiro como retorno desportivo, que não tem qualquer preconceito contra jovens portugueses (como tanto parecia no Benfica) e que é só e apenas uma das pessoas mais teimosas que alguma vez existiu.

Mas, pelo caminho muitos leões aqui criados foram caindo, foram ficando para trás, foram desaparecendo dos nossos quadros, muitos deles com condições de lutar por um lugar no plantel, muitos deles capazes de oferecer tanta qualidade como alguns que chegaram.

Aceitar que com JJ nunca teremos tantos jovens promissores como com outro treinador é meio caminho andando para não ser apanhado na cólera infinita que surge sempre que alguém é dispensado. Um exercício saudável para continuarmos a acreditar no Sporting ideal, fiel ao seu verdadeiro ADN. Mas talvez seria perfeito que alguém informasse a Direção do Sporting desta mesma estratégia.

Os sportinguistas não são tontos e manterão sempre o seu espírito crítico bem presente (demasiado presente por vezes). Em vez de notícias de supostas apostas, preferem apostas concretas. Em vez que elogios a Chico Geraldes e Domingos, gostariam mesmo era de os ver brilhar em Alvalade. Em vez que capas, gostam de golos.

Por isto, deixei de acreditar muito nestas ideias de pré-temporada, principalmente quando surgem em todos os jornais no mesmo dia, numa clara estratégia desenhada pelo próprio clube para alegrar momentaneamente os seus adeptos. Pedimos apenas que honrem os pergaminhos desta instituição, que tenham noção do nosso ADN formador e que exijam a este treinador que o faça também.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa