Não faço ideia do que vai acontecer nas próximas horas e dias no que toca à composição do nosso plantel. Depois das já anunciadas rescisões de Rui Patrício, Podence, Gelson, Bruno Fernandes, Bas Dost e William Carvalho os sportinguistas são agora uma espécie de fortaleza gelada, em que já não surpreende qualquer notícia, em que já estão despedidos de ídolos, referências, símbolos e todo o qualquer receio foi substituído apenas por tristeza e absoluta desilusão.

Hoje é o último dia para entregar cartas de rescisão da parte de todos os jogadores que estiveram envolvidos no ataque à Academia e para a semana teremos novo treinador. Hoje, mais do que continuarmos nesta senda de esmiuçar e discutir o quão magoados estamos em todo este processo, é dia de fazer as contas finais e perceber afinal com quem vamos até à morte.

Se é verdade que estas rescisões provam que até o maior dos “sportinguistas” é capaz de nos trazer tanto desgosto, (como o maior símbolo deste século Rui Patrício ou o menino apaixonado pelo Sporting William Carvalho) não podemos ignorar aqueles que, mesmo vendo os seus capitães e treinador abandonar o barco, desejem continuar a jogar por este clube, com tudo aquilo que isso representa nesta altura. Não podemos ignorar todos aqueles que escolham ficar ou, pelo menos, escolham sair sem causar qualquer prejuízo ao emblema que carregaram ao peito. Não podemos deixar de louvar aqueles que não confundem a instituição com a sua actual gestão, mesmo vendo colegas e amigos tomar o caminho oposto. Porque se é verdade que nem o maior defensor de BdC pode livrá-lo de culpas em toda esta confusão, também é verdade que o seu maior opositor terá de reconhecer a verdadeira pulhice de um conjunto de atletas que devem, se não tudo, uma grande parte daquilo que são ao nosso clube.

Não consigo não sentir pena, muita mesmo, por ver Rui despedir-se assim da sua segunda casa. Ou ver William, o médio que mais gostei de ver com a nossa camisola, ignorar desta forma os seus adeptos. Confesso que me vai doer imenso se Gelson e Bruno assinarem pelo rival Benfica. Mas, como em tudo na vida, dependemos de escolhas. E estes atletas fizeram as deles, sabendo que pela acção de uns quantos sportinguistas (onde incluem o Presidente do clube) estão a prejudicar para sempre a sua imagem na instituição que mais os projectou.

Seja quem for o conjunto de jogadores que fica, que decide ficar e lutar contra este pesadelo, merece da minha parte todo o apoio do mundo. E estendo este absoluto voto de confiança a quem quer que seja o treinador escolhido. Nesta altura, em que todos os que tinham mais a perder já saíram, em que nos deparamos com um clube profundamente dividido e nas bocas do mundo pelos piores motivos, escolho ficar ao lado daqueles que nunca escolheram a via mais fácil.

Vamos partir para o nosso décimo ano zero em pouco mais de dez anos. A probabilidade de sermos felizes na próxima temporada não só é remota como quase risível. Mas gostava que este dia marcasse o momento em que deixámos de lado tudo aquilo que nos torna diferentes e nos foquemos em unir-nos em torno do Sporting que resta.

bandeiras

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa