José Peseiro olha para o jogo de apresentação do Sporting, frente ao Marselha, como uma oportunidade para os adeptos leoninos mostrarem a sua união, depois dos momentos conturbados dos últimos meses. Quanto ao jogo em si, o técnico espera uma resposta positiva da equipa, mas pede tempo, colocando o foco no arranque oficial.

«Queremos mostrar coisas boas, sabendo que aquilo com que contamos neste momento não é aquilo que vamos fazer no arranque da Liga, face ao caminho que perseguimos. Algumas coisas não aconteceram com a celeridade ideal, mas entendemos isso», começou por dizer.

«Queremos vencer, jogar bem, que as pessoas tenham essa vontade de nos ver. E depois de tudo o que se passou, ver o estádio com gente unida, junta, aglutinada, com o único objetivo de defender o Sporting. O Sporting é grandiosíssimo perante algumas brigas ou menos acertos…é o momento de mostrar que estamos juntos, a apoiar a equipa, com a tolerância necessária a uma equipa que não está completa, com atrasos que vocês sabem que se verificaram», acrescentou.

Peseiro reconheceu que «é sempre bom vencer» e que quer «uma exibição boa, dentro das limitações», mas fez questão de «deixar um alerta». «O mais importante é no dia 12, com o Moreirense. O nosso foco é esse. Se os outros já estão a fazer avaliações mais globais, mais objetivas, nós não iremos fazer. Apesar de querermos fazer as coisas bem», realçou.

Além de um defeso que tem sido algo atribulado, José Peseiro não sabe ainda se continua no clube, uma vez que há eleições marcadas para o dia 8 de setembro, e há candidatos que já anunciaram que têm treinadores para o seu projeto. Mas nem isso preocupa o técnico.

«Sou treinador de todos os sportinguistas. Aquilo em que estou focado é em construir boa equipa, treiná-la bem e vence o primeiro jogo, depois o segundo… Entendo a intenção de quem quer ser presidente e continuo, mesmo para aqueles que entenderam não dar o meu nome para treinador, a dar a mesma resposta», refere, ganrantindo que não se sente condicionado pelas escolhas de cada candidato.

«Vejo-os todos da mesma forma, não tenho preferência, nem tenho de ter. Eles sabem todos que a resposta que vamos dar não está dependente de eu estar condicionado ou não. Sou treinador do Sporting por um ano mais um de opção e estamos no caminho, sem ligar nada a isso», concluiu.

Nesse sentido, e numa altura em que a preocupação já deveria ser outra que não a composição do plantel, Peseiro assume que não é só atrás dos candidatos ao título que a sua equipa parte, porém, acredita que a equipa vai estar no seu melhor no arranque da temporada.

«Dado este processo, sabemos que não estamos no mesmo ponto em que estão os outros – não só os candidatos, mas todas as outras equipas – mas isso não nos intimida porque temos mais 16 dias para estar no nosso melhor, no dia 12. Sem desesperar, sem andarmos com uma postura miserabilista de nos queixarmos sistematicamente. É a nossa realidade e aceitamo-la como tal. Avisámos toda a gente e a nossa massa associativa e vamos caminhar com a ajuda deles», avisa.

E para se perceber a ideia e reforçar que os adversários também não estão livres de enfrentar imprevistos, Peseiro recorreu… à Fórmula 1. «O Sporting parte em desvantagem, mas vejam o Hamilton. Partiu em 14.º [no último Grande Prémio de Fórmula 1] e ganhou. Aconteceram várias coisas aos candidatos, mas isso é normal em qualquer corrida», reforçou.

O médio crota Badelj foi hipótese para reforçar o Sporting, assumiu, nesta sexta-feira, José Peseiro, em conferência de imprensa.

O jogador que esteve com a sua seleção no Mundial estava em final de contrato com a Fiorentina e chegou a ser ponderado para reforçar os leões, algo que está agora mais distante, com vários clubes da Série A interessados no seu concurso.

«Queremos jogadores que suprimam qualidade dos que saíram. O Badelj é um desses jogadores, com grande nível, vice-campeão do mundo e fazia parte desses vários jogadores que temos referenciados que podia estar no Sporting, mas não assinou, não está cá e não vale a pena falar mais sobre ele», desvaloriza o técnico.

Peseiro garante, porém, que não são muitos os jogadores que faltam para o plantel estar fechado e que o clube só vai contratar se isso significar uma inquestionável melhoria de qualidade.

«Não nos faltam muitos jogadores, faltam-nos jogadores que nos tragam mais qualidade. Os jogadores que temos têm qualidade, caso contrário não estavam no Sporting, por isso queremos que aqueles que vierem, tragam mais qualidade. Para o bem do Sporting e também para o bem dos jogadores que já estão cá», garante.

José Peseiro quis «acabar com especulações» sobre Geraldes e garantiu que a saída do médio, que rumou por empréstimo ao Eintracht Frankfurt se deveu à insitência do próprio, que a reforçou «várias vezes».

«O Francisco é um miúdo de quem gosto e com que falámos várias vezes da importância de ficar no Sporting, mas ele procurou-nos e explicou-nos várias vezes que gostaria de sair. Explicámos de forma clara que iria jogar, mas ele várias vezes solicitou para ir para um clube onde pudesse jogar mais. Se calhar ele sentiu que não seria primeira opção, porque também não lhe prometi isso, mas entendia que ele tinha condições para estar neste plantel. Mas ele tanto insistiu, que nós acedemos, tendo em conta o projeto pessoal que ele tem», revelou.

José Peseiro confidenciou até a última conversa que teve com o jogador que na época passada esteve emprestado ao Rio Ave.

«Lembro-me da última conversa que tive com o Francisco, ontem [quinta-feira] em que lhe perguntei: será que lá vais ser titular indiscutível? Porque gosto dele e sei que tem qualidade para se impor no Sporting. Também entendo a vontade que ele tem de jogar mais vezes. Era bom que ele jogasse sistematicamente, como aconteceu com outros jogadores – como o Adrien ou o [Carlos] Mané – que fora do Sporting conseguiram construir potencial para jogar de forma assídua no Sporting.»

Por isso, o técnico acredita que nem ele nem o clube poderiam fazer mais para segurar o jogador. «Tudo fizemos para ele estar aqui. Também poderá haver aqui questões financeiras que também possam influenciar, essa não é a minha área, mas acho que o Sporting chegou a fazer uma proposta de aumento de salário, não sei se a ideal ou suficientemente forte para convencer o Francisco. Ele percebeu a minha vontade e eu a dele. Gostaria muito de contar com ele, mas razão para ele não estar aqui tem a ver com ele», assegurou.

José Peseiro admite que o impasse sobre os possíveis regressos dos jogadores que rescindiram com o Sporting condicionou o ataque ao mercado. E até admite que já se perderam algumas opções e que continua a contar com o regresso de dois dos jogadores: Rafael Leão e Bataglia.

Contudo, Peseiro garante que não vai esperar indefinidamente e deixa o aviso: ou as decisões são tomadas até ao próximo domingo, ou o clube não vai perder mais tempo.

«Não podemos demorar mais tempo. Até ao próximo domingo temos de resolver. Agora, quer o Rafael Leão, quer o Bataglia têm de respeitar e perceber que o clube está a fazer um esforço para eles regressarem. E não diria que estamos a hipotecar, mas a perder algum tempo, esperando que as coisas se resolvam. Por isso, do lado de lá têm de reconhecer o que tem sido a perseverança e paciência de quem está a comandar o clube», avisa.

Isso deixa claro que o treinador ainda acredita que pode contar com ambos os jogadores, uma vez que considera que são atletas de qualidade. «Já regressaram dois jogadores. Se o Rafael Leão e o Bataglia regressarem, são jogadores com qualidade e capacidade, bons no balneário, por isso, se vierem, são bem-vindos». continua.

«Perdemos algum tempo porque queremos acertar, e para isso é preciso calma, sabendo que à medida que o tempo corre, também vamos perder algumas opções. É um risco que assumimos», finalizou o treinador.