Fechou. Finalmente e amargamente. O mercado só volta a abrir em Janeiro e, até lá, quem está e quem há-de vir terá que lidar com as decisões de uma comissão de gestão que achou por bem preparar um plantel completamente à sua maneira, como se este momento de transição fosse prolongar-se até final da época.

É, desde logo, isso que não se percebe. Não sei de onde vem a decisão de ter como base da preparação da época a recuperação de todos os que haviam rescindido. Pior, não sei de onde vem a decisão de ter como base da preparação da época a recuperação de todos os que haviam rescindido e ainda ir ao Dubai ou ao raio que parta esta gente, para tentar convencer Jorge Jesus a renovar!

Creio que esse prefácio era suficiente para perceber que este novo capítulo tinha tudo para nos fazer envelhecer mais uns anos. E, pelo menos no que me toca, é isso que sinto. Um fecho de mercado irritante, enervante, capaz de espoletar em mim um sentimento de raiva. Mas, isso, é um problema apenas meu e com o qual tenho que saber lidar da minha forma. Mas há outros problemas, causados pelas Comissão e que nos obriga a ter que lidar com diversas opções e com diversas posturas com as quais não concordamos.

Olhamos para a baliza e vemos quatro guarda-redes, com uma contratação que ninguém percebeu, Renan, e com um puto cheio de talento que fica atirado para o lugar de 4ª opção e que, com jeitinho, acaba a jogar nos sub23 e a queimar a evolução do Diogo, que tão bons indicadores tem dado.

Olhamos para o lado esquerdo da defesa e temos as escolhas do treinador: Jefferson e Lumor, com Acuña e Bruno César como possíveis adaptações (sim, o Bruno César está por cá). Nos entretanto, percebemos que Fábio Coentrão estava disponível e foi descartado e posso adiantar-vos que pelo menos mais dois laterais esquerdos foram oferecidos e recusados. Ok, é uma opção do treinador.

Olhamos para o meio-campo e ainda cá estão Petrovic e Misic… olhamos para o ataque e vemos Matheus Pereira ser despachado para a Alemanha, exactamente como Francisco Geraldes foi ou como Palhinha foi atirado para Braga. Será Palhinha pior do que Petrovic? Será Geraldes pior do que Misic? Desde quando é que Matheus não tem lugar neste plantel (tal como Iuri Medeiros teria, sempre, lugar nos plantéis anteriores)?

Na frente de ataque, Mané ficou sabe-se lá como e entre jogadores que vieram e se foram embora por reviravoltas no contrato e outros que nem chegaram a vir a Lisboa, sobrou Castaignos. Mas, aí, também vos digo: antes ficar com Castaignos nos próximos três meses do que correr o risco de dar sete ou oito milhões ao Braga por metade do passe do Paulinho.

E cima da hora o Pedro Delgado ainda foi inscrito e nem para o Dubai conseguimos enviar o Bruno Paulista… Ah, e tivemos direito a mais um fantástico capítulo de gestão de balneário e de sentimento de adeptos: depois de uma época a promover o “jogador das modalidades bom vs jogador de futebol mau”, abrimos a nova a promover o “jogador da formação bom vs jogador da formação mau”. Isto a propósito da inacreditável frase de Peseiro, a justificar o empréstimo de Matheus Pereira: «Os jogadores que saíram da formação [Geraldes, Matheus e Palhinha] quiseram sair. O Miguel Luís, o Elves Baldé e o Thierry Correia quiseram ficar». Uma vergonha, uma autêntica vergonha, a mostrar bem que estamos perante pessoas sem noção do que se diz, de como se diz e para quem é muito mais fácil descartar do que ter a capacidade de apostar num jogador que também não mostrou saber lidar bem com a situação, é certo, mas que também por isso precisa de um acompanhamento sério e que se demonstre que contamos com ele!

E a propósito de não ter noção do que se diz, regressamos dez dias no tempo para recuperar as tão intemporais quanto boçais palavras de Sousa Cintra: «As omeletes não se fazem sem ovos e claro que teremos reforços. Há jogadores com quem o treinador não conta e não fazem cá falta nenhuma. Têm de ser vendidos ou emprestados. Vamos tratar desse assunto». E trataram. Destes e de outros assuntos, muitos deles que deviam ser tratados por quem está para chegar.

Agora, para os adeptos, é aguentar e cara alegre. Começando já hoje, onde há que esquecer quem gere e quem joga para apoiar o Sporting. É esse o nosso papel. Quanto a Peseiro, é fazer as omeletas com os ovos que escolheu, sabendo que não tem margem para se desculpar em relação à falta de sal ou ao exagero no mesmo.