Adeus José Peseiro. É sem grande pesar que o vejo deixar o comando técnico de uma equipa que apresentou um futebol sofrível, previsível e aborrecido ao longo dos 14 jogos que foram dados ao seu treinador. É com enorme surpresa que constato que a maioria do país do futebol não conseguiu ver aquilo que todos os sportinguistas conseguiram: o Sporting arriscava-se a entrar numa espiral negativa sem retorno neste modelo tão horrível, o Sporting sofreu frente a todos os adversários e o Sporting nunca iria disputar este título com José Peseiro como treinador.

José Peseiro não é mau homem. Parece-me alguém realmente apaixonado pela sua profissão e bem consciente da dimensão do clube que aceitou treinar. Sabia bem o que ia encontrar quando disse “sim” a este projecto anárquico e por isso merece, pelo menos, o nosso respeito. Mas a sua banalidade e falta de talento são conhecidas há mais de uma década. A falta de pulso no balneário, a falta de sensibilidade para com os egos dos jogadores, as opções técnicas incompreensíveis e o facto de nenhuma equipa sua saber defender um canto e cair sempre na armadilha do contra ataque rival são demasiado evidentes para aceitar que possa ser o treinador de um clube que quer ganhar títulos.

Por princípio, a ideia de trocar de treinador em qualquer circunstância assusta-me. Considero que é basicamente abdicar do título de campeão nacional. Nenhuma equipa consegue ser verdadeiramente consistente com um treinador que não pode preparar o seu plantel, que tem de rapidamente passar novas ideias e que enfrenta ainda as normais divisões de um balneário sempre que é despedido um treinador. Mas o Sporting já não é nem seria consistente mantendo Peseiro e arriscava-se a abdicar o seu futuro a curto prazo por ter um técnico que perante o caos ignorou a formação, que perante as dificuldades trazidas por um jogo respondeu quase sempre mal e por ser alguém com quem os adeptos simplesmente não estavam.

Por tudo isto, pedir ao homem que aí chegar o título de campeão nacional seria iludirmo-nos sem motivo. E apesar de saber que existem exceções que confirmam esta regra, a possibilidade de encontrar um génio que chegue e comece a vencer jogo atrás de jogo para cumprir os objectivos da época é tão remota que nem vale a pena perder muito tempo na mesma.

A quem vier peço talento, conhecimento e noção daquilo que o Sporting representa e continuará a representar para milhões de pessoas. Peço que tenha tempo para montar um projecto e não pressa de vencer no momento (esta metodologia pode dar-nos 3 pontos em muitos jogos mas nunca nos dará a consistência necessária). Peço que honre aquilo que o Sporting tem de melhor e aposte nos muitos jovens talentosos (não apenas formados no clube mas nos quadros do clube) que viram o seu espaço cada vez mais reduzido desde o Verão. Peço que respeite os seus jogadores e não normalize as péssimas exibições. E, no fundo, que venha para estar alguns anos, com a noção das dificuldades que vai encontrar mas sem se vitimizar. Que queira construir um Sporting melhor e não relançar a sua carreira.

Frederico Varandas tomou o passo que todos achámos necessário e que temos vindo a prever desde há umas semanas para cá. Agora tem o primeiro grande teste da sua presidência, encontrar alguém muito melhor que o homem que decidiu despedir e dar-lhe as condições para que possa triunfar.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa